(Publicada no «Diário de Notícias», 31 de Agosto de 2002)
Um amigo disse-me ter lido num jornal que alguém, em tom crítico, dizia que o código das estradas não é considerado, pela maioria dos portugueses, como uma lei, mas apenas como um conjunto de sugestões; só os papalvos o aceitam com força de lei.
É uma forma, infelizmente realista, de traduzir aquilo que se passa nas nossas estradas e ruas, de que resultam inúmeros acidentes com uma quantidade dramática de mortos e estropiados.
Todos, em geral, temos culpa nessa lassidão de comportamentos, mas a maior parte cai sobre as autoridades. Senão vejamos: quando passou a ser obrigatória a afixação no pára-brisas dos comprovativos do seguro, do imposto de circulação e da inspecção, era suposto que isso se destinava a uma fiscalização policial mais prática, fácil, e eficaz e que ninguém fugiria impunemente à penalização de infracção.
Essa boa intenção do legislador tem sido anulada pela lassidão de costumes. Basta, ao percorrer as ruas da cidade, olhar para os pára-brisas dos carros estacionados para verificar a enorme quantidade de carros sem um ou mais desses comprovativos. Os jornais, ocasionalmente referem-se à quantidade de carros que circulam sem seguro.
Se nós, simples mortais, notamos essas infracções, perguntamos porque é que os agentes da autoridade não as vêm e não as sancionam, devidamente. E também não se compreende igual tolerância para matrículas ilegíveis e para faróis partidos. A deficiência da matrícula dificulta a detecção dos infractoras pelos meios que usam a imagem, mas a falta de faróis é mais grave, devido a um carro sem um farol ser confundido com uma mota e poder provocar uma colisão frontal, de noite em estradas sem iluminação. Pessoalmente já passei uma tangente a um carro com o farol esquerdo apagado e que eu pensara ser uma mota.
Há que fazer tudo o que for possível para reduzir a sinistralidade rodoviária, e o principal papel cabe às forças de fiscalização e de repressão. Se não passarem a ser mais eficazes, a situação não melhorará tão depressa como é desejável. A situação é tão grave que não se compadece com ingénuos cartazes que as pessoas nem sequer procuram interpretar e adaptar a si próprios.
O regresso de Seguro
Há 1 hora
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