sexta-feira, 25 de março de 2022

A REALIDADE ACIMA DAS FANTASIAS

 

(Public em DIABO nº 2360 de 25-03-2022, pág 16, por António João Soares)

Os temas de conversa em que pessoas pouco dotadas, mas vaidosas e amigas de dar nas vistas perdem muito tempo a discutir futebol, ou o Covid-19 ou, agora, a invasão e a destruição de um pequeno país mas com valor, mas as pessoas mais evoluídas e patriotas preferem outros assuntos e outras ocupações de tempo.

Para tema deste meu texto aproveito uma notícia muito interessante e que evidencia que na nossa vida campesina, há pessoas com capacidade e preparação para se dedicarem à realização de projectos com intenção de fazer face às alterações climáticas, lutando pela defesa e recuperação da nossa floresta com sistemas eficazes que garantam o desenvolvimento da economia e da beleza do território.

Sendo Viseu uma das manchas florestais mais importantes do país, os cidadãos de mente desenvolvida e apoiados por saber de tecnologias bem estruturadas e atentos às realidades relacionadas com as alterações climáticas, tendo ficado muito desgostosos pelos incêndios florestais ocorridos em outubro de 2017 que provocaram grandes perdas, deram voltas ao cérebro e chegaram ao ponto de encontrar solução para evitar a repetição de tal desgraça, principalmente em época de alterações climáticas facilitadoras de incêndios.

Em Carregal do Sal e em Vouzela, pessoas interessadas na preservação da floresta, perante esta seca actual, criaram um sistema de captação de água da atmosfera com instalação de «colectores de humidade de nevoeiro» que absorvem água da atmosfera e a armazenam em depósitos de forma a poder ser utilizada para regar as árvores entretanto plantadas. Em Carregal do Sal já plantaram 2.200 carvalhos alvarinho e carvalhos negral e já existem três colectores de nevoeiro e um depósito e a plantação já é regada pela água produzida por este sistema.

Em Vouzela ainda não foi iniciada a plantação, mas já foi feita a instalação de três colectores da humidade e o depósito a eles associado.  Quanto à plantação, estão a iniciar a limpeza do terreno abrangido pela área do projecto onde preparam a plantação de 1.800 sobreiros e duas espécies de carvalhos como as já plantadas em Carregal do Sal.

Haverá um sector em que estão previstos reservatórios individuais, um em cada árvore, de material biodegradável que enquanto duram permitem uma rega constante da árvore a que são aplicados. Vão instalar 250 destes dispositivos, um em cada uma das árvores desta área.

Haverá um segundo sector que vai ser servido directamente, pela água que está a ser recolhida pelo colector de neblina instalado com o respectivo depósito. E haverá um terceiro sector com plantas tradicionais recebendo a rega que a chuva lhes permita.

Trata-se de uma experiência destinada a comparar a eficácia das três novas soluções, com vista a preparar um melhor futuro para a floresta nacional, sobrevivendo às alterações climáticas, já em curso.

Sendo Viseu uma região altamente vocacionada para a vida vegetal, com elementos da população permanentemente atentos às realidades da floresta e não perdendo tempo com ninharias secundárias e que idealizam projectos como este que potenciam um desenvolvimento muito positivo da economia regional deve merecer o apreço de todo o país.

Merecem aplauso o chefe de equipa da Unidade do Ambiente e de Protecção Civil Intermunicipal, André Mota, e o presidente da Comunidade Intermunicipal Viseu Dão Lafões, Fernando Ruas, bem como os engenheiros agrónomos, os presidentes dos municípios e outros técnicos colaboradores no projecto que acabará por ter efeito em todo o país.

Portugal é de todos nós, e cada um dos portugueses deve fazer tudo o que puder para melhorar o futuro do país.



sábado, 12 de março de 2022

A PRIMAVERA APROXIMA-SE

 Embora sujeita a condições climátias e atmosféricas, a Natureza mantém as suas regras e nesta época a Primavera anuncia a sua chegada, com as diversas imagens de beleza que devemos apreciar, das simples às mais complexas e quem tem reduzidas oportunidades de apreciar as grandes belezas deve aproveitar da melhor forma as mais singelas. Desejo que todos se interessem pela simplicidade ou complexidade da Natureza em que vivem. E saibam resistir aos crrimes que alguns loucos praticam sem o mínimo respeito por nada e por ninguém.















sexta-feira, 11 de março de 2022

A HUMANIDADE ALTERA-SE COM O TEMPO

 (Public em DIABO nº 2358 de 11-03-2022, pág 16, por António João Soares)

A Juventude actual tem comportamento incomparável ao do tempo dos pais e avós. Tudo evoluiu para maior facilidade, mas nem tudo se tornou mais racional nem com resultados de melhor comportamento com mais ética e mais civismo. Isso nota-se nos vários aspectos que, mesmo os menos idosos podem comparar a diferença nas poucas décadas de intervalo. E vai além dos comportamentos de indivíduos sem fama nem cultura.

Por vezes ficamos chocados com atitudes de gente importante na política internacional, como agora se estão a estranhar as decisões do líder da Federação Russa. Estamos ouvindo pensadores que dizem que a humanidade seria mais feliz se fossem procuradas soluções harmoniosas com base em negociações para busca das melhores formas de resolver os problemas que surgem entre os interesses de cada país de maneira a evitar violência e guerras que são causadoras de danos para as partes, quer em patrimónios quer em perda de vidas. Uma conversação franca e leal pode conduzir a soluções boas para as partes levando-as a desenvolver vidas harmoniosas e evolutivas com resultados compensadores. Mesmo uma guerra pode ser ganha por decisões ponderadas de sangue frio, sem violências mas com serenidade, sem necessidade de violências. Um bom acordo é o mais desejável para ambas as partes.

É estranho que o líder russo tenha atacado fortemente a Ucrânia, alegando que é necessário levá-la à desmilitarização. Realmente, segundo o que deixei dito no parágrafo anterior, o mundo seria mais agradável se não houvesse tanto esforço de militarização em estados de boas condições económicas, mas o que parece anedótico é tal justificação sair da cabeça de alguém que está a fazer um uso exagerado de poder militar e que vive obcecado com o perigo de haver reacção de potência com capacidade nuclear e deu ordem para serem activados os próprios meios para tal hipótese. Estes acontecimentos podem dar origem sequências de actos de volência que contribuem para destruir a vida no planeta mas, anedoticamente, o líder russo afirma que o seu objectivo de atacar a Ucrânia foi para a obrigar a proceder à desmilitarização!

Seria altamente elogioso o apoio da desmilitarização, mas devia começar-se por ter um comportamento pacífico. Na realidade tal posição é irracional por ele confessar estar em pecado pelo seu elevado grau de militarização e, em vez de mostrar arrependimento, está a colocar em evidência essa falta, de forma ilegal e altamente condenável. Tal situação vem evidenciar a verdade das palavras com que iniciei este texto. Um jovem moderno e sem ideias claras nem comportamento racional e coerente.

Os estados que, em maioria condenam a Rússia e pretendem ajudar a Ucrânia não se têm mostrado dispostos a enviar tropas para empolar a violência já exagerada. Realmente, a solução precisa de ser obtida pacificamente, dando liberdade à Ucrânia para desempenhar um papel de ponte diplomática entre a NATO e a Rússia, facilitando a convivência dialogante e pacífica na sua zona, sem subserviência incondicional a qualquer destas partes. Seria um óptimo exemplo a toda a humanidade, para a Harmonia e a paz internacional, sem ambições de Poder e sem rivalidades nem agressividades.

Cesse tudo quanto a ambição e o desejo de ostentação de riqueza vale e pondere-se a vantagem de reforçar a troca amigável de colaboração na procura de solução para uma vida mais feliz da população, a viver harmoniosamente em paz e progresso. O bem pode beneficiar uns e outros, mas a inveja e o egoísmo acaba por não beneficiar ninguém de forma continuada. 

sexta-feira, 4 de março de 2022

ESTRATÉGIA DO MEDO OU DA AMEAÇA

(Public em DIABO nº 2357 de 04-03-2022, pág 16, por António João Soares)

Quando surgiu esta pandemia, uma médica, em artigo de opinião num jornal, resumiu a situação de estratégia do medo e realmente não tardaram as restrições à liberdade ou o confinamento que tolheram a vida social e a actividade económica. Mais tarde, com a esperança de que a crise fosse passar, tais cortes às liberdades das pessoas foram reduzidos, mas muitas pessoas sentiram-se menos ameaçadas pelo perigo do covid e exageraram a liberdade sem cuidar das medidas preventivas indispensáveis e daí resultou o agravamento da saúde e o número de infectados subiu e apareceram várias variantes da moléstia que nos fazia sofrer. Mais agravamentos mais doentes e isto repetiu-se.

Se as restrições reduziram as baixas, também ocasionaram prejuízos na economia, mas depois de as aliviar havia que consciencializar as pessoas dos cuidados preventivos a ter, como o uso da máscara, a higiene das mãos e evitar as aproximações com outras pessoas.

Mas a realidade vai além desta situação. O medo e as ameaças reinaram e vão continuar a persistir na política internacional, como tem sido muito notado no caso da Ucrânia. A ostentação de forças e as afirmações de ambas as partes são intenções de levar a parte adversa a hesitar na violência, mas ambas aumentam a imagem de força por forma a travarem a vontade do adversário para agir, com receio de reacções fortes da outra parte. E o perigo de um rasgo de ousadia é cada vez maior. Mas a história mostra que um conflito, por vezes, surge por uma distracção, um descuido na interpretação do outro e, depois de desencadeado, mesmo que seja encontrado acordo para terminar, não deixa de provocar grandes despesas em material bélico e muitas perdas de vidas e muitos feridos. A estratégia do medo e da ameaça não é isenta de grandes inconvenientes.

O comportamento desejável, embora difícil de obter, seria o do diálogo franco e fraternal e o respeito pelos interesses legítimos de cada um por forma a suportarem pequenos inconvenientes que seriam incomparáveis com os grandes prejuízos de conflito de grande dimensão e gravidade, como foram as duas Grandes Guerras do século passado.

Mas a estratégia do medo também é usada a nível nacional. Com a restrição de informação conseguida pelos cidadãos, estes são circunscritos pela influência de promessas ilusórias e na impossibilidade de conhecer as realidades que lhes tolhem os interesses legítimos de conhecimento dos condicionamentos que lhes confinam as possibilidades de felicidade. O povo adormecido raramente se atreve a agir com força na procura de um futuro melhor e vai-se acomodando nos limites do medo, «sem tugir nem mugir». Mas quando consegue um pouco de consciência e um rasgo de atrevimento, surge uma crise nacional que pode atingir graves consequências, porque até muitos que vegetavam na sombra do poderoso, procuram aproveitar a oportunidade para o afectar e colher com isso benefícios pessoais e sentem atracção pela ambição de riqueza e poder.

A estratégia da ameaça está latente em cada gesto de um líder poderoso. Muitas vezes manifesta-se por promessas não cumpridas e por ostentação de poderes que, se forem exercidos, causam sérios perigos nas pessoas alvejadas, que ficam cheias de medo a pensar na vingança. São curiosos os factores causais e os consequentes da colocação de forças militares para «proteger» pessoas que são dadas como vítimas de actos de violência de concidadãos apoiados por agentes externos.

Que bom seria se todos se respeitassem e se amassem como irmãos! Se houvesse da parte de todos os intervenientes uma eficaz contenção! A vida seria um paraíso!