quinta-feira, 29 de setembro de 2016

COMO VENCER A MARÉ

O meu Amigo Villas-B sugeria num e-mail que é preciso saber remar contra a maré. Respondi-lhe que acho preferível aproveitar momentos mais calmos da maré para a contrariar e até, usando um rumo oblíquo, aproveitar parte do impulso dela.

Hoje quem vence é quem sabe ser manhoso e se coloca ao serviço de «políticos» e outros detentores dos vários aspectos do PODER. Reparemos actualmente na corrida ao cargo de Secretário-Geral da ONU e nas manobras ocultas que apoiam a nova candidata que quer ganhar a maratona correndo apenas os últimos poucos metros contra candidatos considerados de grande valor que vêm desde o início sempre a ser avaliados pelo seu mérito.

O nosso António Guterres que tem sido o predilecto de todo o Mundo, vencendo sucessivas votações de avaliação, pode ser ultrapassado por uma candidata que entra na corrida já perto da meta, mas com o apoio bem negociado de ALTOS PODERES, totalmente opostos à DEMOCRACIA, à transparência, à ética, etc, etc.

Que mundo é este? Para que precipício nos estão a empurrar? Afinal, qual é a importância da ONU? O que se espera dela?

PREPARAR A DECISÃO

Preparar a decisão

Na semana passada procurei dar umas dicas aos políticos da oposição. Desta vez as dicas são destinadas a quem tem responsabilidade de tomar importantes decisões que influenciam a vida dos cidadãos.

A evolução, a actualização, a MUDANÇA É UMA CONSTANTE na matemática da vida, da Natureza. A notícia sobre o interesse das estruturas sindicais da Função Pública na melhoria das condições dos seus associados agradou-me, mas deixou-me a dúvida sobre a forma como as suas intenções serão concretizadas quer na condução da preparação do resultado final quer no aspecto de (se este for concretizado) vir a ser o mais adequado ao real interesse nacional.

Como os detentores do Poder, sendo pessoas, estão sujeitos a erros, e não são omniscientes, os assuntos objecto de decisões mais determinantes, devem ser analisados com a ajuda de pensadores independentes e sem interesse pessoal nem corporativo nas medidas a adoptar.

Com perfeito conhecimento da finalidade da decisão, tendo em vista o interesse geral, nacional, e todos os factores que o influenciam, há que listar todas as soluções possíveis, para depois escolher a que apresentar mais vantagens e menos inconvenientes. Aplica-se aqui o texto que publiquei há quase oito anos «Pensar antes de decidir». em que expunha a seguinte metodologia:

«Em termos resumidos, as normas de preparação da decisão e de planeamento devem passar por:

1) Definir, com clareza e de forma que ninguém tenha dúvidas, o objectivo ou resultado pretendido.

2) Em seguida, descrever com rigor o ponto de partida, isto é, a situação vigente, com análise de todos os factores que possam influenciar o problema que se pretende resolver.

3) Depois, esboçar todas as possíveis formas ou soluções de resolver o problema para atingir o resultado, a finalidade, o objectivo ou alvo; nestas modalidades não deve se preterida nenhuma, por menos adequada que pareça.

4) A seguir, pega-se nas modalidades, uma por uma, e fazem-se reagir com os factores referidos em 2) para analisar as respectivas vantagens e inconvenientes; é um trabalho de previsão de como as coisas iriam passar-se se essa fosse a modalidade escolhida.

5) Depois desta análise das modalidades, uma por uma, faz-se a comparação entre elas, das suas vantagens e inconvenientes, com vista a tornar possível a escolha.

6)O responsável pela equipa, o chefe do serviço, da instituição, o ministro, o primeiro-ministro, conforme o nível em que tudo isto se passa, toma a sua decisão, isto é, escolhe a modalidade a pôr em execução, tendo em conta aquilo que ficou exposto na alínea anterior.

7) Depois de tomada a decisão, há que organizar os recursos necessários à acção, elaborar o planeamento e programar as tarefas.

8) Após iniciada a acção é indispensável o controlo eficaz do qual pode resultar a necessidade de ajustamentos, para cuja decisão deve ser utilizada a metodologia aqui definida, por forma a não se perder a directriz que conduz à finalidade inicialmente pretendida.

A João Soares
19-09-2016
Este texto foi publicado no jornal «O Diabo» em 27-09-2016

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

COMO APROVEITAR A PASSAGEM PELA OPOSIÇÃO


Quando um partido que passou uma ou mais vezes pelas funções do poder executivo e se vê na oposição, deve, como em tudo na vida, encarar o facto da maneira mais positiva e tirar dele os melhores benefícios, para o País e para o futuro do partido.

A situação de não ser responsável por tomar decisões que imponham deveres e sacrifícios aos cidadãos permite liberdade de análise, com capacidade de isenção, dos problemas fundamentais do País, e esboçar estratégias mais adequadas à melhoria da qualidade de vida das populações e ao enriquecimento da economia nacional, em benefício de todos. Enfim, esse período de «repouso» deve ser aproveitado como um estágio de preparação para o desejado próximo período de governação. Para que este se concretize, convém ir dando aos eleitores a noção de que existe uma estratégia bem estudada, bem organizada e programada que contribuirá para uma vida melhor nos dias que virão, em benefício de todos os cidadãos.

Infelizmente, as coisas nem sempre são assim compreendidas e, em vez de em cada momento se pensar em engrandecer o país e criticar o Governo de forma positiva e construtiva, numa competição de competência, para atingir as melhores metas, cai-se na crítica destrutiva, negativa, em que sobressai a intenção da «luta pelo poder» de forma abjecta, à espera de que tudo seja demolido para reiniciar do nada a construção de algo que não se sabe bem o que será.

De olhos focados num futuro melhor, desejado por todos e serenamente preparado, todo e cada cidadão, só ou inserido em organizações idóneas, deve dar o melhor de si, dos seus conhecimentos, das suas capacidades, para que dos mais altos cargos saiam medidas bem estruturadas e adequadas aos principais objectivos nacionais. Nisso, os partidos têm especial responsabilidade e devem aproveitar a oportunidade para contribuir para que o novo orçamento seja preparado da forma mais auspiciosa para a grande maioria dos portugueses, os que foram mais sacrificados pela crise que ainda não se desvaneceu.

Como diz Anthony Giddens no seu livro «Runaway World» em 1999, «agora que as velhas formas de geopolítica se estão a tornar obsoletas, as nações vêem-se obrigadas a repensar as próprias identidades». E isso não pode ser tarefa a realizar por capricho ou inspiração de momento mas fruto de profunda meditação, com a colaboração de largo espectro dos cidadãos.

AJS
Em 14-09-12016
NOTA: Este texto foi publicado no jornal «O diabo», em 20-09-2016