(Publicada no Jornal de Notícias em 18 de Junho de 2006, p. 52)
Em conversa entre amigos foi abordada a forma hostil como populares de Barcelos apuparam e viraram as costas a um governante que se deslocou de Lisboa para ir ver as chamas que há dois dias queimavam a floresta e ameaçavam bem preciosos de muita gente. Alguns do grupo verberavam a população ingrata e desrespeitosa face à boa vontade do governante que se dera ao sacrifício de ali se deslocar. Tais faltas de respeito, noutros tempos eram inadmissíveis, mesmo que as pessoas estivessem desgostosas por não terem aparecido a tempo os indispensáveis meios aéreos. Outros do grupo diziam que hoje a população se sente com liberdade de manifestar a sua opinião e que esta é elaborada com base em raciocínios que ela sabe desenvolver. Ora, se o ministro afirmou recentemente em Bragança e em Portalegre que passou a haver condições para o ataque aos fogos ser iniciado 15 minutos após ao alerta, aqueles populares sentiam-se enganados por ainda não terem aparecido aviões e a sua atitude foi realista, com uma lógica linear. Hoje a população não acredita e até se sente ofendida com a publicidade enganosa e com promessas vazias de conteúdo ou de mera propaganda, principalmente quando sentem na pele a ausência dos resultados prometidos.
É motivo para dizer que, embora a propaganda pareça conquistar simpatias momentâneas, os políticos deviam ter mais cuidado em analisar profundamente as situações e ponderarem muito bem as suas palavras dirigidas aos cidadãos. Os tais 15 minutos decorreram com demasiada lentidão, deixando o fogo queimar as florestas de Barcelos durante dias. E essa nódoa negra nas promessas do Governo, quanto a fogos florestais irá repetir-se diariamente em vários pontos do País até ao último fogo da presente época estival. E a população reage a falsas promessas que já ouve há vários anos.
O regresso de Seguro
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