quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

MUDANÇA DO INFARMED PARA O PORTO É ÚTIL PARA OS PORTUGUESES ?

O Infarmed no Porto trará vantagens para os portugueses?
(Publicado no semanário O DIABO em 26 de Dezembro de 2017)

Perante as considerações apresentadas nos artigos sobre a preparação de decisões publicados no DIABO em 27Set2016 e em 12Dez2017, surgem algumas dúvidas sobre se a decisão transferir a sede do Infarmed para o Porto, foi suportada por estudo apropriado, atendendo aos interesses nacionais encarados por diferentes ópticas.

Os interesses nacionais (dos cidadãos) beneficiam da mudança do Infarmed de Lisboa para o Porto? De que forma? O Infarmed desempenhará no Porto as suas tarefas funcionais melhor do que se continuasse em Lisboa? O conceito de desconcentração dos serviços públicos assenta simplesmente em mudar os locais de trabalho da capital para outro ponto do território nacional? Que novas atribuições são dadas ao Infarmed, estando no Porto em vez de continuar em Lisboa? Quais os custos que derivam de a sede do Infarmed ficar no Porto enquanto alguns dos seus departamentos permanecerem em Lisboa? Como contabilizar os sacrifícios que os funcionários do Infarmed vão ter de suportar com a mudança? De que forma a mudança «vai contribuir para um desenvolvimento harmonioso do país»? Quais os factores tomados em conta quando se fala de tal desenvolvimento? Como se explica que será mesmo uma decisão "técnica e estrategicamente muito inteligente»? Como está a ser encarada a reprovação dos trabalhadores relativa a uma eventual transferência e como se faz face ao “risco da continuidade da missão do Infarmed”? Se o Infarmed for dividido com direcção no Porto e os serviços em Lisboa, como pode continuar a cumprir a missão se costuma haver reuniões diárias com muitos dos dirigentes, pois as propostas para decisão da tutela significam milhões de despesa do serviço nacional de saúde»? Como substituir os funcionários que foram demitidos por não quererem ir para o Porto? Serão convidados para os substituir elementos amigalhaços, ex-jotinhas, sem experiência nem grau académico? E como corresponder à colaboração bilateral com instituições afins estrangeiras e que segundo consta são fonte importante de financiamento em troca de serviços altamente qualificados prestados pelo Infarmed? Enfim as dúvidas são infindáveis e, por isso, exigem boa análise, estudo e avaliação antes de ser tomada decisão ponderada e realmente inteligente.

Como o PR disse, a desconcentração ou descentralização dos serviços deve concretizar-se com vista a beneficiar os cidadãos em geral e não para suportar caprichos de políticos. Um tipo de descentralização desejável seria a de conceder às autarquias ou serviços regionais competência e responsabilidade por forma a que algumas decisões de interesse local fossem tomadas com menos demoras, não precisando de esperar muito tempo pelo desenrolar de burocracias demasiado pesadas e, por vezes, sem visão perfeita das circunstâncias locais ou regionais.

Já, em tempos, houve um governo que fez a brincadeira de transferir uma secretaria de Estado para Portalegre, chamando a isso descentralização. O resultado foi nocivo por apenas trazer demoras e incómodos, de que é exemplo a maçada e a despesa de o Secretário de Estado ter de, frequentemente, se deslocar a Lisboa a despacho e reuniões com o ministro. E quantos assuntos terão sido retardados para evitar um deslocamento por tão pouca coisa. Entretanto, houve um acto de lucidez e compreenderam que descentralizar um serviço não se resume a mudar a sua sede. Deve ser a reestruturação das suas atribuições de forma a apoiar melhor as pessoas que beneficiam do funcionamento do serviço.

António João Soares
19 de dezembro de 2017

quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

FALTA ÁGUA E O MAR TÃO PERTO

Falta de água e o mar tão perto!
(Publicado no semanário O DIABO em 19 de Dezembro de 2017)

Um país com extensa costa marítima não tem motivo para se queixar de falta água. Pode faltar outra coisa, nos titulares da autoridade. Como podem os governantes aceitar tal carência de água como irremediável? Por exemplo, Viseu está a viver com água transportada por autotanques a partir de origens distantes. Várias localidades do País enfrentam problema semelhante, com custos elevados.

Mas, no entanto, temos uma extensa área marítima que, não só, é inesgotável, como até ameaça elevar o nível e alagar várias áreas costeiras.

Perante tanta inacção das autoridades, como poderão viver os portugueses, nos próximos anos se o clima nos obrigar a suportar uma seca continuada como a que temos vindo a enfrentar há vários meses seguidos?

Porque teimam em ignorar a existência, em vário locais do planeta, de instalações de dessalinização da água do mar, tornando-a potável, após um tratamento de género do efectuado nos depósitos das redes de água dispersos pelo País. A partir de tais instalações, basta utilizar condutas e centrais de bombagem que a levem a casa dos consumidores. Nada disso é miragem. A distância do mar ao interior não constitui obstáculo difícil pois a grande Lisboa consome água vinda da barragem de Castelo de Bode, a uma distância superior à maior distância entre o mar e a fronteira com Espanha.

Mas o sistema não aparece do pé para a mão, quando algum «inteligente do poder» o julgar necessário. Desde que surge o pensamento e é tomada a decisão até à sua utilização, passando pelo planeamento e pela construção da instalação e da rede de condutas, vai um período de tempo não desprezível. Por isso, dadas muitas previsões de que iremos ter secas continuadas, a implantação do sistema deve ser iniciada desde já, ou já devia estar em obras. Se esperarmos por um momento de crise irrecuperável só nos safamos se pedirmos e merecermos o milagre da água. Não podemos ignorar que as obras a realizar os equipamentos a instalar não se tornam utilizáveis com a velocidade imaginada pelo optimista utópico António Costa ou outro governante.

Já deviam estar em construção algumas dessas instalações de dessalinização e a adequação da rede de distribuição pelo interior. De que estão à espera. Para bem dos portugueses, da próxima década, desejo que esta sugestão seja levada a sério.

Mas podem surgir soluções satisfatórias e menos dispendiosas. É uma questão de conhecer a probabilidade de a necessidade vir a concretizar-se num futuro, mais ou menos distante, e a hipótese de os caudais dos rios se normalizarem.

Nessa alternativa, o primeiro-ministro admitiu, a prazo, a possibilidade de interligação entre bacias hidrográficas, como em tempos esteve pensada entre o Douro e o Tejo e que foi impossibilitada pela decisão imprevista da não construção da barragem de Foz Coa. Esta, com outras ao longo do percurso do mesmo rio, permitiria bombear a água excedente de uma barragem para a mais a montante, sucessivamente, e, ao chegar à área da nascente, seria encaminhada para o rio que parte da mesma zona para o Tejo, permitindo fazer face à falta de água do Alentejo. A barragem do Alqueva veio em parte compensar o fracasso de tal projecto.

Na mesma data, o PM sugeriu o estudo da possibilidade de ser generalizada a interligação das grandes barragens e albufeiras de maior capacidade para a regularização, bem como o aumento da capacidade de armazenamento da maior parte das barragens, e a possibilidade de construção de novas barragens.

Esta alternativa será prioritária, apenas, se o clima não sofrer alterações extremas que aumente a necessidade da dessalinização. Mas, vale mais prevenir porque pode não haver possibilidade a de remediar, com oportunidade.

António João Soares
12 de Dezembro de 2017

sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

SABER DECIDIR É INDISPENSÁVEL

Saber decidir é indispensável
(Publicado no semanário O DIABO em 12 de Dezembro de 2017)

Nas semanas mais recentes a comunicação social, usou persistentemente criticas a decisões que foram classificadas com adjectivos pouco agradáveis. Os termos menos duros foram de decisões que não foram «maduramente ponderadas e devidamente preparadas», que foram «tomadas sem debate ou sequer conhecimento prévio» e «condenadas à risota geral», de as posições terem sido tomadas em corrida sem preparação e um pouco em cima da hora», alguém afirmou que não consegue «identificar nenhuma razão válida que justifique» aquilo que define como o que «parece uma decisão irreflectida e mesmo irresponsável», juntou-se o alegre destrambelhamento a sublime incompetência», ignora-se «o que deve ser coesão nacional e o interesse estratégico para o país», «esquecendo o superior interesse de Portugal», «perante as eleições autárquicas, acharam necessário criar ilusões junto de um eleitorado igualmente tacanho e provinciano», esquecem que «os funcionários não são escravos do governo, «iludem as grandes questões nacionais, evitando o seu debate sério e consequente, adiando as decisões com sério prejuízos para o interesse nacional», «a ausência do debate estratégico interno obriga a andar a reboque dos acontecimentos», etc.

Isto magoa-me porque pretendo cumprir o dever de cidadão e dar a colaboração que me é possível para Bem de Portugal. É certo que ninguém é obrigado a ler os meus alertas e ainda menos em a aplicá-los, na vida corrente.

Mas recordo que no artigo publicado no Semanário O DIABO de 27 de Setembro de 2016, com o título «Preparar a decisão», apresentava uma metodologia que, como outras semelhantes, permite preparar decisões oportunas e eficientes para resolver qualquer problema do mais simples ao mais complexo. Usando o sistema indicado tem-se em vista a obtenção do resultado final e que se for concretizado será o mais adequado ao real interesse nacional. A preparação do futuro não pode deixar de ser uma preocupação persistente, permanente.

Basicamente, qualquer pessoa antes de agir deve colocar-se as interrogações O quê? Como? e para quê? Isto é, deve definir, com clareza e de forma que ninguém tenha dúvidas, o objectivo ou resultado pretendido. Deve descrever com rigor o ponto de partida, isto é, a situação vigente, com análise de todos os factores que devam ser considerados com influência na modalidade a seguir. Depois devem listar-se as diversas formas de solução possível a fim de, após judiciosa análise, ser escolhida a mais favorável.

Após ser tomada a decisão pela entidade responsável, há que organizar os recursos necessários à acção, elaborar o planeamento e programar as tarefas, com o máximo pormenor possível a fim de contribuir para a obtenção do sucesso.

Depois de iniciada a acção é indispensável uma supervisão, um controlo rigoroso e eficaz do qual pode resultar a necessidade de ajustamentos, para cuja decisão deve ser utilizada a metodologia atrás referida, por forma a não se perder a directriz que conduz à finalidade inicialmente pretendida e a ser obtido o resultado desejado.

A propósito de boas decisões, recordo as que foram tomadas por Jawaharial Nehru com apoio do pandita Mahatma Gandhi, após a independência da Índia, que eram decisões estratégicas, com olhos no futuro, com bom senso e grande inteligência que visavam objectivos que foram alcançados ao longo de boas práticas coerentes e persistentes, durante anos

Para obter mais pormenores sobre a metodologia referida deve ser lido o artigo publicado em O DIABO e, se não for fácil encontrar o jornal, poderá ser visto no blog onde foi postado após a publicação PREPARAR A DECISÃO http://domirante.blogspot.pt/2016/09/preparar-decisao.html

António João Soares
5 de Dezembro de 2017

terça-feira, 5 de dezembro de 2017

A QUEDA DO IMPÉRIO E OS «REFUGIADOS»


Situação no Ocidente e a lição da queda do Império Romano
(Publicado no semanário O DIABO em 5 de Dezembro de 2017)

A vida da humanidade tem recebido muitas melhorias devidas aos avanços contínuos das tecnologias. Mas as mentes dos políticos responsáveis pelos governos continuam aperradas aos vícios e incapacidades que existiam séculos antes de Cristo. Não conseguem analisar e tirar conclusões úteis dos desastres ocorridos devido a ingenuidade ou estupidez de alguns detentores de cargos públicos, ao longo da história.

A queda do Império Romano chocou o mundo na época, mas o que geralmente não é conhecido, hoje em dia, é que o exército gótico que realizou a atrocidade entrou no Império, trinta anos antes, como refugiado. Depois de terem sido atacados pelos Hunos vindos da Ásia Central, os Godos fugiram para Ocidente e cerca de 100 mil foram ajudados a atravessar o Danúbio em barcaças por Valens, imperador do império Romano Oriental sedeado em Antióquia, travessia que demorou várias semanas em operação muito onerosa. Valens, ingenuamente, pretendia aproveitar esses jovens militares como um valioso conjunto de recrutas novos e baratos para suprir a baixíssima taxa de natalidade de Roma.

Mas, não surpreendentemente, dentro de algumas semanas após a sua entrada no Império, os primeiros confrontos com as autoridades romanas ocorreram e, no final do verão, os godos estavam em guerra com Roma. Após vários desastres militares, o imperador Valens fez um retorno precipitado a Constantinopla para assumir pessoalmente o comando da campanha defensiva e foi morto em batalha em Adrianópolis, em 378 - apenas dois anos depois de ter sancionado a imigração em massa.

Em 410 A.C, os muros de Roma foram violados e a cidade saqueada por um exército bárbaro sob a liderança de Alaric o Godo. A queda de Roma chocou o mundo na época, mas hoje esquecemos que o exército gótico que derrotou o Império, tinha nele entrado pacificamente trinta anos antes.

E hoje? Que esperamos dos refugiados? São muito poucos os políticos actuais que dão ouvidos ao que dizem pessoas previdentes como foi um filósofo político grego Synesius que publicou um tratado amplamente discutido sobre a emergência da época e as medidas que precisavam ser tomadas. Ele exortou o imperador romano a estimular a coragem de seus súbditos pelo exemplo da virtude masculina, a banir o luxo do tribunal e do povo, para evitar os mercenários bárbaros, criando um exército de homens para defesa das suas leis e da sua propriedade e para despertar o cidadão indolente de seu sonho de prazeres.

Pelo contrário, em Portugal até está prevista a construção de uma segunda mesquita no centro de Lisboa, a dois passos da Igreja de Nossa Senhora da Saúde, ficando esta ameaçada de ser destruída a curto prazo por atentado jihadista. E formando um gueto em plena baixa lisboeta.

Porém, há países onde os conselhos do grego Synesius foram analisados e aproveitados, como o Japão que «não tem problemas com o Islão», a Rússia com «a resposta de Putin ao rei saudita que pediu para construir uma mesquita na Rússia», a Austrália, a Noruega e a Holanda.

O Japão encara o assunto frontalmente, mais do que a Rússia, e tem 19 «mandamentos» para repelir a lei sharia porque a lei constitucional é única e igual para todos os residentes. Será benéfico para a humanidade de cada país ter um comportamento preventivo para não cair na cilada em que caiu Roma e e grande parte do Ocidente actual, com guetos que desprezam a lei e os costumes nacionais. Quem se desloca para outro país deve gostar ou, pelo menos, cumprir os seus costumes e a sua lei. «Na terra para onde fores faz como vires fazer se não queres aborrecer» diz um ditado antigo.

António João Soares
28 de Novembro de 2017

quarta-feira, 29 de novembro de 2017

É O QUE ELES QUEREM!

É o que eles querem
(Publicado no semanário O DIABO em 28 de Novembro de 2017)

Nem tudo, na realidade, corresponde às esperanças que possam ser geradas pelo persistente optimismo do Governo. Os factos, muitas vezes, pelo contrário, mostram incapacidade para modernizar, organizar, controlar, remodelar os serviços de apoio aos cidadãos. E aquilo que não é alterado entra em estagnação, desactualiza-se, torna-se obsoleto e acaba por resultar em dificuldades acrescidas para as pessoas.

Há dias, um amigo referiu o caso de uma senhora com cerca de 60 anos, ainda a trabalhar, beneficiária da ADSE, para onde desconta desde há 32 anos, muito doente, que precisava de fazer uma cintigrafia, telefonou, há poucos dias, para um moderno Hospital de Lisboa em que costuma ser atendida, a fim de marcar esse exame. O funcionário que a atendeu, fez-lhe todas as perguntas para preencher a ficha e ela foi-lhe respondendo com todo o rigor. Depois de dispor de todos os dados que desejava, o funcionário disse-lhe que o exame seria no dia 3 de Março de 2018 às 10h00.

A senhora ficou chocada, tem que ser tratada, porque corre o risco de ficar tolhida numa cama, sem capacidade financeira para ter alguém que a assista. perguntou se havia possibilidade de conseguir uma data mais próxima porque a falta de tal exame, provavelmente, já não iria precisar dele por falecer antes. O funcionário disse que não era possível ser antes porque o Estado deve muito dinheiro ao Hospital e este, para ir amortizando a dívida, terá de adiar uns meses, esperando que ele possa ir pagando. Ela respondeu que, dessa forma, as pessoas com necessidade de cuidados de saúde, como era o seu caso, acabam por morrer por os não receberem. Por esse andar, morremos todos mais cedo. Ele respondeu: é o que eles querem.

A senhora, então, pergu ntou, como seria se ela pagasse o exame a pronto e a resposta foi imediata: se a senhora pude e desejar pagar a pronto o exame pode ser feito já amanhã às 10H00.

E, assim, o Hospital efectuou no dia seguinte a cintigrafia de que a senhora necessitava o que permitiu ao seu médico prescrever o tratamento adequado para a sua doença e ela ver a saúde melhorar.

Bem prega Frei Tomás, ouçam o que ele diz mas não olhem para o que faz. E assim vai este País, sem respeito pela defesa dos direitos das pessoas que não tenham meios para fazer face às suas necessidades básicas e tenham de esperar pelo apoio do Estado para o qual todos temos que pagar aquilo que nos queiram sacar sob os mais diversos títulos (impostos, taxas, etc).

E para estas dificuldades das pessoas e adiamentos de exames não parece ter solução com greves de enfermeiros e/ou de médicos. Isto precisa de uma profunda reforma da máquina do Estado no que toca a nomeação de pessoas competentes, com sentido de responsabilidade e com sensibilidade para melhor fazer face aos problemas das pessoas.

O meu amigo, pessoa bem informada, acrescentou que, quem está sindicalizado num sindicato ligado à Intersindical não tem problemas. Este governo, que passa os dias a publicitar as suas virtudes, não deixa de satisfazer as "justíssimas" revindicações dos trabalhadores ligados ao menor partido da Geringonça. Os outros, trabalhadores e reformados que não estejam sob protecção da Inter, podem morrer à vontade, até dando jeito às finanças (ao Centeno), aliviando os cofres de despesas obrigatórias. Nesta linha de raciocínio, o ideal era que os reformados desaparecessem, deixando de haver gastos com a "PESTE GRISALHA", como foi dito certa vez.

António João Soares
21 de Novembro de 2017

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

MUITO ATENTO E SEM PRESSA

Devagar e muito atento
(Publicado no semanário O DIABO em 21 de Novembro de 2017)

Dizem os entendidos que o «fast-food» não é recomendável para a saúde, sendo preferível alimentação confeccionada com calma e mastigada vagarosamente para ser saboreada com prazer e exigir menos esforço ao estômago. Também, na circulação rodoviária, não devem ser ultrapassados os limites de velocidade estabelecidos, para evitar acidentes e ter possibilidade de reacção oportuna a circunstâncias imprevistas. Diziam os antigos que «devagar se vai ao longe».

Chegou-me há dias a apologia da lentidão que permita fazer o trabalho com perfeição, sem atrapalhação, sem erros de pormenor que originem perda de tempo em repetição ou reparação. A pressa é inimiga da perfeição. Com pressa, não teríamos as belas peças de arte de escultura, pintura, ourivesaria e outras que enchem os museus, não teríamos a beleza do mosteiro dos Jerónimos, da Batalha, de Alcobaça e tantos outros famosos monumentos nacionais.

Embora a tecnologia moderna facilite os trabalhos, devemos conjugar a ajuda por ela fornecida com a perfeição da qualidade de vida, com a excelência do trabalho concluído. Para obter os melhores resultados, em qualquer trabalho, industrial, cultural ou outro é indispensável ter a sensatez e a preocupação de fazer bem e sem pressa. Depressa e bem não faz ninguém. A ânsia do futuro impede agir com perfeição no presente, impede ser feliz hoje.

Isto aplica-se a qualquer aspecto da vida. Há pouco tempo, falava-se em leis publicadas há alguns anos para reduzir a possibilidade dos incêndios florestais, mas que não obtiveram os resultados desejados, por terem sido elaboradas à pressa p,or pessoas que não analisaram bem os factores que estavam presentes no assunto e pecaram por imperfeições diversas, entre as quais, a falta de guardas florestais, guarda-rios e cantoneiros, bem preparados e de um sistema de fiscalização adequado que garantisse o seu cumprimento, bem como a conveniência de adaptações que as tornassem totalmente eficazes.

Quantas decisões são tomadas sem a conveniente sensatez e preocupação de obter perfeição? Ainda há poucos dias, acerca de um jantar realizado no Panteão Nacional, se levantou a questão de o local não dever ter sido profanado por tal actividade, e a existência de lei que não foi cumprida por decisão da entidade que decidiu dar autorização, ou por falta de clareza da lei existente que pode ter deixado dúvidas a essa entidade. Pelos vistos, na elaboração da lei, houve pressa em na preparação da decisão sem preocupação de obter perfeição, o que se aplica a vários aspectos da ocorrência até às palavras do Primeiro Ministro que, depois de cerca de dois anos de cargo, permitiu que o assunto não tivesse sido bem definido e, agora, criticou o sucedido atribuindo culpas ao governo anterior.

É lamentável que os governos tenham criado a tradição de legislar sob pressão, sem o cuidado de aplicar o máximo de sensatez, boa reflexão e cuidado nos pormenores, porque a ânsia do futuro impede que se viva o presente e que, neste se faça trabalho perfeito para atingir em plenitude o resultado desejado e sem risco de vir a ser rejeitado no futuro que se esperava. E a actividade dos governos deve servir de exemplo aos cidadãos que dela tirarão os ensinamentos necessários para terem uma qualidade de vida o mais positiva possível. Depressa e bem não faz ninguém e, num momento, vive-se uma vida. Lento mas persistente ganha a corrida.

António João Soares
14 de Novembro de 2017

terça-feira, 14 de novembro de 2017

O GOVERNO DO FUTURO

O Governo do futuro
(Publicado no semanário O DIABO em 14 de Novembro de 2017)

Em época evolutiva, inovadora, ao pensarmos em reformas estruturais, não devemos ficar por pequenos retoques mas, sim, visar medidas com profundidade que lhes permita uma continuidade com foco em objectivos de longo prazo. Por isso, mais do que pensar no futuro do Governo, é mais adequado reflectir no Governo do futuro.

O Governo deve ser constituído com a finalidade de dar a Portugal um futuro melhor para uma mais conveniente qualidade de vida dos cidadãos, através da sua defesa e segurança, garantindo a redução de riscos variados, desenvolvendo a economia, melhorando a qualidade da saúde, do ensino, da Justiça, e de outros sectores essenciais, com continuidade que permita um conhecimento consolidado da vertente social da Nação, sem necessidade de alterações frequentes ao sabor de caprichos, imprevisíveis e de consequências pouco edificantes. Esse objectivo definido para um prazo distante deve ter por base um sólido conhecimento das características do País, quer geográficas, quer sociais quer económicas.

Deve ser evitada, a cada momento, a queda na tentação de tender para a inacção, com submissão cega a rotinas anteriores com validade já ultrapassada pelas circunstâncias recentes devidas a novas tecnologias e outros factores originados pela evolução da humanidade.

Para fazer face às características reais, são necessários governantes de boa formação, não apenas técnica, mas também humanística, com facilidade de contacto directo com os cidadãos, com respeito pelos pontos de vista destes, os quais, muitas vezes, podem conter opiniões e sugestões muito válidas como pontos de partida para reflexões com utilidade na definição e concretização de estratégias úteis para criar um futuro mais favorável às finalidades do Estado.

A escolha de governantes deve ultrapassar o vício das preferências familiares e de amizade e assentar na análise das qualidades da preparação técnica e da experiência curricular que garanta um desempenho correcto e positivo e na posse de uma consolidada imagem pública que inspire confiança e respeito nos cidadãos. O artigo de Pedro Soares Martinez no DIABO de 31 de Outubro contém aspectos de muito interesse a ter em consideração na análise deste assunto.

Por exemplo o problema tão badalado dos incêndios florestais, não deve ficar por medidas de curto alcance, mas ir a uma profunda investigação para identificar os interessados na destruição do interior do País e na sua desertificação e de detectar quais os objectivos que, com isso, pretendem atingir. E combater a estrutura oculta que fomenta os fogos e o plano terrorista em que se integra. Simultaneamente, desenvolver o interior com uma agricultura moderna e indústrias a ela ligadas, do que resultaria o repovoamento do interior, com a atracção de pessoas, e terminar a tendência já demasiado acentuada de a economia nacional estar concentrada na estreita faixa litoral. E, com isso, justificava-se o dinheiro anteriormente gasto na construção da boa linha de rodovias que percorrem o interior de Norte a Sul.

A audição da voz da população deve constituir uma preocupação permanente e, através da comunicação social, vê-se que vários pensadores alertam para que a classe política não tem evidenciado competência para pôr dentro de limites razoáveis os impostos cobrados sob variadíssimos pretextos e que se destinam a pagar despesas do Estado, sempre crescentes, com vários exageros, entre os quais a contratação de pessoas sem experiência que enchem os gabinetes, sem contribuírem para a melhor governação e com o inconveniente de aumentarem a burocracia que entrava a economia nacional, desde pequenas a grandes realizações da vida dos cidadãos. A população sente na carne esses abusos que resultam, em grande parte do amiguismo partidário e só servem para dar tacho a boys sem capacidade para viver de um trabalho e produtivo.

António João Soares
7 de Novembro de 2017

terça-feira, 7 de novembro de 2017

PARA GOVERNAR O PAÍS REAL

Para governar o País real
(Publicado no semanário O DIABO em 7 de Novembro de 2017)

Governo é o supremo executante ou responsável pela execução de todas as medidas que contribuam para melhorar as condições de vida e de segurança da população e para desenvolver o País em todos os diversos sectores. Para isso não pode deixar de difundir pelas pessoas a informação, o saber, mais conveniente. E terá que dar o melhor exemplo nas áreas em que a máquina do Estado reserva para si a responsabilidade directa. Muitas sugestões e alertas têm vindo a público da parte de cidadãos amigos do País que gostam de o dar passos mais convenientes para evitar situações catastróficas como foram os incêndios deste verão.

Mas os altos responsáveis não podem querer tomar medidas acertadas se desconhecerem as realidades das diversas regiões, dos diferentes locais, se se mantiverem sentados às suas secretárias e partirem de ideias teóricas gerais e de palpites, por melhor intencionados que possam ser. E a realidade demonstra que o Governo, nesse aspecto, não merece confiança, não dá bons exemplos, como se evidenciou com a destruição pelo fogo do Pinhal do Rei, em Leiria que, como mata pública, devia ser objecto de cuidados exemplares. Se não cuida eficientemente daquilo que está directamente sob a sua responsabilidade, não pode nem sabe exigir que os privados cuidem bem dos seus haveres.

Para que servem as inúmeras viaturas, pagas com o dinheiro dos contribuintes, que estão ao serviço de entidades públicas? Será apenas para lever as suas famílias irem às compras e ao esteticista? Melhor seria que fossem utilizadas para visitar os diferentes locais do interior do País e, aí, ouvir os residentes acerca das condições reais, em que vivem, conhecer as suas dificuldades e as suas ideias acerca da forma de melhorar a participação no engrandecimento o País. Com base em dados assim obtidos e na leitura de sugestões que têm surgido na Comunicação Social, menos comprometida na propaganda partidária, e conversas serenas e livres com técnicos mais experientes e conhecedores dos assuntos locais, da vida e actividade rural, com pormenor sobre a vegetação, a agricultura, a água e o seu armazenamento para fazer face a períodos de seca, etc. etc.

Experimentem conhecer o território nacional, um pilar fundamental do Estado, experimentem nomear colaboradores, oriundos do interior do País e que ali tenham visto de perto os factores de desenvolvimento e os aspectos positivos e negativos da situação rural, quer agrícola quer florestal. Devem falar com o povo, sem soberba nem arrogância, mas sim, com a humidade de quem tem vontade de ouvir para aprender, para compreender as realidades nacionais e de, assim, obter bases para tomar decisões correctas e orientadas para o longo prazo.

Mais do que discutir as dificuldades não solucionadas pelo governo, por incapacidade ou coragem de enfrentar pressões diversas desde os partidos, às eleições, passando pelas sondagens de popularidade, pelos interesses privados sempre na penumbra, há que preparar e efectuar reformas estruturais que permitam aos governos do futuro agir de forma organizada e coerente em defesa dos interesses nacionais e na melhoria da economia e da qualidade de vida da população. A utilização das tecnologias modernas permite reduzir efectivos de gabinetes, hoje esmagadas por favores a familiares, amigos e «boys» do que resultará redução da burocracia, em benefício dos cidadãos e da redução de impostos e da dívida pública.

Seria bom que governantes e líderes de partidos lessem atentamente o livro «Governar Melhor», de Fernando Teigão dos Santos, especialista em planeamento, prospectiva e desenvolvimento sustentável. A reflexão sobre os temas ali abordados poderá trazer grandes benefícios para Portugal e os portugueses e para o desempenho de políticos que pretendam mostrar-se realizadores inovadores e modernizadores.

31 de Outubro de 2017
António João Soares

terça-feira, 31 de outubro de 2017

PARA AS NAUS A HAVER

«Para as naus a haver»
(Publicado no semanário O DIABO em 24 de Outubro de 2017)

É sobejamente sabido que a continuidade de um comportamento rotineiro sem lhe inserir alterações, actualizações ou adequações à evolução ambiental, provoca uma degradação persistente que conduz à anulação da intenção inicial. «Parar é morrer». No entanto, isto tem sido ignorado pelos governos e instituições públicas que justificam o acerto das suas atitudes por estarem inseridas naquilo que vinha do anterior. Isso foi notório no SIRESP e na ANPC.

Mas isto não significa que deva ser passada uma esponja que apague toda a experiência do passado, porque dele podemos, e devemos saber, tirar lições muito importantes, que nos ensinam a construir um futuro mais benéfico para o país. Agora foi recordado, com a notícia da destruição, pelo fogo, do célebre pinhal de Leiria que este foi plantado no reinado de D. Dinis para ter madeira «para as naus a haver» as quais permitiriam tirar proveito da nossa óptima localização geográfica com grande importância marítima. Representou olhos postos no longo prazo, indicação de inteligência e amor ao País, pensando nas gerações futuras. E a essa decisão com olhos postos no futuro proporcionou à equipa dirigida pelo Infante D. Henrique tomar decisões também focadas no longo prazo que conduziram aos descobrimentos que deram «novos mundos ao Mundo» e que foram a semente da globalização que veio a ser concretizada em anos recentes.

Seria bom que os actuais responsáveis pelo País imitassem estes pontos altos da história e se preocupassem mais com o futuro do que com os pequenos acontecimentos surgidas pela falta de prevenção, isto é, pela sua incompetência e inacção que os tem mantido a chafurdar no pântano da continuidade rotineira e demolidora, com a miopia que os não deixa olhar para o futuro com estruturas actualizadas e preventivas que evitem a repetição de erros demasiado velhos e repetidos, como os incêndios, que não foram evitados por medidas de protecção civil e de reforma da defesa das florestas, nem devidamente combatidos por falta de boa preparação dos agentes e por desajustada qualidade da comunicação.

O exposto no primeiro parágrafo foi confirmado pala atitude do PM que disse, há poucos dias, que seria «criancice» mudar de MAI. Mas o PR, com base no relatório da comissão de independentes sobre o ocorrido em Pedrógão Grande, incitou-o a fazer mudanças positivas para evitar desaires semelhantes e, então, o PM deixou de considerar «criancice» aquela e outras mudanças.

Nisto, como em muitos outros temas, as Forças Armadas dão exemplos a seguir, em que os factores da autoridade e da hierarquia não são os mais significativos. Qualquer decisão, táctica ou estratégica, é precedida por «estudo da situação» em que a missão é analisada, bem como as possibilidades do inimigo, as condições meteorológicas, o terreno, os meios e a sua utilização, e a comparação das possíveis modalidades de acção, para escolha da melhor. De decisão assim preparada, sai uma ordem de operações, e a posterior observação da «conduta da operação» a fim de, se necessário, serem introduzidas alterações adequadas a fazer face a aspectos novos dos factores da decisão, principalmente do inimigo. Nada é rígido e definitivo porque, se o fosse, aconteceria o que se referiu no primeiro parágrafo, como derrotas sucessivas até à definitiva. Não é «criancice» fazer retoques num plano inicial a fim de com ele se procurar atingir o objectivo final desejado.

O novo Secretário de Estado da Proteção Civil, engenheiro José Artur Neves, prefere a prevenção ao combate dos incêndios. e salienta que o investimento em meios de combate poderia "alimentar a ideia de que há aqui uma indústria de combate aos incêndios, que é perniciosa para todo este processo". Esperamos e desejamos que não se fique por estas palavras e as concretize, para os bons resultados «a haver».

António João Soares
24 de Outubro de 2017

terça-feira, 24 de outubro de 2017

COMPETÊNCIA E IDONEIDADE SÃO INDISPENSÀVEIS

Competência e idoneidade são indispensáveis
(Publicado no semanário O DIABO em 24 de Outubro de 2017)

Há funções que, pela sua importância social, devem ser desempenadas por pessoas com personalidade, formação e vocação para a perfeição e que, a cada momento, evidenciem competência e seriedade, actuando de forma exemplar para prestigiarem a sua instituição aos olhos dos cidadãos que dela dependam por diversas formas ou com ela contactem. Para se conseguir tal finalidade, os candidatos ao seu desempenho devem ser devidamente avaliados quanto a habilitações, a saúde física e mental, actividades anteriores, etc.

Se tal cuidado tivesse sido instituído e utilizado com regularidade, talvez não tivessem sido empossados indivíduos como o presidente americano que decidiu a invasão do Iraque em 20 de março de 2003, a qual gerou uma guerra assente em pressupostos falsos e que, ainda em curso, tem causado a destruição de muitos monumentos pré-históricos, muitas perdas de vidas e muitos danos pessoais e em haveres nacionais e dos sobreviventes.

Também o actual Presidente dos EUA não estaria a perturbar a paz e a sensação de insegurança mundial, com as suas preocupações de vaidade e fanfarronice, convencido de ser dono do Planeta e que se entretém a jogar ténis atirando ameaçadoras palavras de provocação a líderes de países desde a Coreia do Norte ao México, passando pelo Irão e a Venezuela.

Também um nosso recente Primeiro Ministro hoje, por vezes, referido como psicopata e já classificado réu de 31 crimes (3 de corrupção passiva, 16 de branqueamento de capital, 9 de falsificação de documentos e 3 de fraude fiscal qualificada e, no seu processo estão incluídos 28 arguidos (9 pessoas colectivas e 9 pessoas singulares)), se tivesse passado pelo crivo de avaliação pessoal, não teria agora dado tanto trabalho à Justiça, nem causado a crise nacional, que quase levou o país à de falência.

A desmedida vaidade e ambição pessoal de enriquecimento próprio com benefício pessoal e desprezo dos seus clientes e dependentes leva ao esquecimento da grei que é a primeira a ser sacrificada e a última a receber quaisquer regalias ou compensações daquilo que lhe é sacado ou do muito que lhe é prometido em campanhas eleitorais, quando lhe querem o voto.

Nas instituições públicas, a começar pelo Governo, precisa-se de pessoas com dignidade, ética, sensibilidade social, competência técnica para a função, pondo de parte critérios de amizade e de trocas de favores. O relatório sobre os fogos de Pedrógão Grande refere que «um alerta precoce poderia ter evitado a maioria das 64 mortes registadas, que não foram mobilizados totalmente os meios disponíveis no combate inicial e houve falhas no comando dos bombeiros». «O documento aponta, ainda, falta de conhecimento técnico no sistema de defesa florestal e falta de preparação dos atuais sistemas de combate às chamas para as alterações climáticas, confirmando, por outro lado, as falhas de comunicação do Sistema Integrado das Redes de Emergência e Segurança de Portugal (SIRESP)». Isto levou o PR a fazer a seguinte afirmação “Portugal aguarda, com legítima expectativa, as consequências que o governo irá retirar de uma tragédia sem precedentes na nossa história democrática”.

Em conclusão, nos critérios de nomeações para cargos de responsabilidade, não pode ser negligenciada a atenção a dar à competência e à idoneidade dos visados, e deve ser evitada submissão a pressões e caprichos pessoais em apoio de amigos, familiares, cúmplices ou coniventes.

António João Soares
17 de Outubro de 2017

terça-feira, 17 de outubro de 2017

A OPOSIÇÃO DEVE PREOCUPAR-SE COM O FUTURO DO PAÍS

A oposição deve preocupar-se com o futuro do país
(Publicado no semanário O DIABO em 17 de Outubro de 2017)

Desde alguns anos atrás, a oposição começou com uma estratégia nociva aos interesses nacionais, por ser demasiado destrutiva e ter feito desperdiçar, no Parlamento, muito tempo com futilidades, relegando para última prioridade a solução de muitos problemas que preocupavam as pessoas mais isentas e interessadas no bem de Portugal, bem como a necessidade de profundas reformas estruturais, mais necessárias em certos sectores. Já no artigo publicado em O DIABO em 20 de Setembro de 2016, perante atitudes pouco benéficas ao país e à própria oposição, aconselhava esta a aproveitar esse período de «repouso» como um estágio de preparação para vencer as eleições seguintes isto é, procurar dar aos eleitores a noção de que existe uma estratégia bem estudada, bem organizada e programada, com o objectivo de poder dar um futuro melhor, uma melhor qualidade de vida a todos os cidadãos. Isso, além de acabar por dar votos, contribuiria para medidas mais eficazes por parte do Governo, sem deixar de dar brilho à oposição.

Se cada cidadão tem o dever de dar ao governo a melhor colaboração, criticando de forma construtiva, apresentando propostas e sugestões, por forma chamar a atenção para problemas locais e regionais que tenham passado despercebidos ao Poder, maior é o dever da oposição, com a vantagem de as suas propostas ficarem registadas, documentadas, podendo numa campanha eleitoral, ser ostentadas como comprovativo da sua competência e dedicação aos problemas nacionais e à procura de melhor qualidade de vida para os cidadãos e para a boa imagem do País.

Mas, pelo contrário, nos tempos mais recentes, caiu-se na crítica destrutiva, negativa, em que foi dada prioridade à intenção da «luta pelo poder» de forma abjecta e pouco digna, desejando a demolição do governo sem apresentar alternativas mais propícias a objectivos mais elevados para os interesses colectivos da nação. Mas nada foi concretizado nesse sentido, e daí resultou que as pessoas não viram razões para uma escolha eleitoral que lhes trouxesses vantagens convidativas. E o resultado foi o afundamento do maior partido da oposição e do seu líder, ficando agora a incógnita de quem fará a reconstrução e daquilo que trará de novo e aliciante.

Também o artigo «amar Portugal sem submissão a partido», publicado em 4 de Outubro do mesmo ano, contém sugestões positivas para preparar um futuro melhor. Já ouvi opiniões de que isso são utopias e é chover no molhado, mas o certo é que grandes evoluções têm surgido de utopias de sonhadores, lunáticos, como Júlio Verne e outros que não chegaram a ver a concretização dos seus sonhos. E, na sociedade, as melhores mudanças são conseguidas por evolução e não por revolução, porque «a paz é o bem maior», como tenho referido insistentemente no semanário O DIABO, em defesa do bom entendimento, do diálogo, da negociação para resolver os diferendos grandes ou pequenos. Este princípio também foi esquecido pela oposição nas suas guerrinhas dentro do Parlamento, em vez de ocupar o tempo, de forma mais construtiva, em troca de opiniões positivas na procura de melhores soluções para o Portugal de amanhã. Será desejável que a nova liderança do partido, nunca perca de vista o objectivo da realização dos melhores projectos e planos para garantir um futuro melhor a Portugal e aos portugueses, em todos os sectores da vida nacional. Portugal será grande se os portugueses quisermos, mas quem deve concretizar os desejos da população são os partidos em quem os eleitores votam escolhendo-os como seus mandatários. Nisso a oposição tem uma missão importante, não apenas por desejar vir a ser governo, mas porque tem um papel importante no Parlamento, nas análises que ali são apresentadas e discutidas.

António João Soares
10 de Outubro de 2017

terça-feira, 10 de outubro de 2017

O DINHEIRO COMO PRODUTO TÓXICO


O dinheiro como produto tóxico
(Publicado no semanário O DIABO em 10 de Outubro de 2017)

A notícia «Rússia destrói hoje últimas reservas de armas químicas», faz pensar na conveniência para a harmonia mundial, da eliminação de armas químicas, biológicas, nucleares, de hidrogénio e outras de grande poder destruidor.

Mas é imperioso que o Conselho de Segurança da ONU encare com seriedade o problema, a fim de adoptar uma solução democraticamente correcta. Essa solução terá que encarar a situação dos cinco «donos» do Conselho de Segurança da ONU que, em vez de se limitarem a impor a proibição de fabrico de armas nucleares e outras de grande poder letal e de destruição aos países mais pequenos, devem defender a igualdade de direitos de todos os parceiros da ONU e darem o exemplo, destruindo todas as armas com tal poder de destruição que possuem.

E para haver a certeza de que não haverá aldrabice, devem criar uma comissão a organizar por pequenos Estados, com liberdade de se deslocar a qualquer local, para verificar a ausência de qualquer arma do género. Dessa forma, haverá autoridade para, depois, condenar severamente um Estado que montar uma arma de elevados efeitos letais, como, por exemplo, a Coreia Do Norte e o Irão ou outros. E tal medida prestigia a ONU e torna-a merecedora de respeito a nível mundial.

E também no Conselho de Segurança não deve haver estados com assento permanente e com poder de veto, porque isso não se enquadra nas características democráticas de que todos parecem querer mostrar-se paladinos. Seria um grande passo para a harmonia internacional e para o prestígio da ONU.

Numa conversa sobre este tema, foi dito que a Rússia destrói as armas químicas não a pensar na humanidade, mas apenas na segurança da sua população devido ao risco de problemas com essas armas sujeitas a acidentes com explosões acidentais ou com fugas de produtos tóxicos.

Mas a proibição de armazenamento e de utilização de armas, muito ou pouco potentes é solução que desagrada aos fabricantes – o complexo industrial militar - os quais são impulsionadores, para não dizer decisores, de novas guerras, guerrilhas ou acções terroristas, por isso lhes dar lucros substanciais.

Já Eisenhower alertava para o facto de o «complexo industrial militar, ávido de dinheiro, estar interessado em não parar as suas fábricas e, por isso lhes facilitar pressionar governos, etc, para guerras frequentes, senão permanentes. Recordemos que a invasão do Iraque, iniciada em 20 de Março de 2003, foi «justificada» com o pretexto de ir desactivar armas nucleares na posse de Saddam Hussein. Após a invasão, instigada pelos fabricantes de armamento, nada foi encontrado daquilo que tinha sido alegado e anunciado. Mas o Iraque, passados mais de 14 anos, ainda não passou a viver em paz, com as populações a sofrer duros incómodos daí resultantes.

Esse apego da grande indústria ao dinheiro condiciona as políticas e a vida das pessoas criando mais pobres e explorados. Por exemplo, quanto à indústria farmacêutica, o Prémio Nobel da Medicina Richard J. Roberts denuncia que ela, obedece ao sistema capitalista, preterindo os benefícios económicos à Saúde, tendo travado o progresso científico para a cura de doenças, porque esta não é tão rentável quanto a cronicidade. Em vez de um medicamento que cura em poucos dias, dão preferência aos que não curam totalmente, apenas fazem sentir melhoras que desaparecem quando se deixa de tomar a medicação, o que permite sacar dinheiro às pessoas, em continuidade até ao fim da vida.

O dinheiro é realmente um produto tóxico, grande inimigo da democracia e da justiça social.

António João Soares
3 de Outubro de 2017

sexta-feira, 6 de outubro de 2017

ATAQUES À FACADA

Ataques à facada Nos tempos mais recentes, o terrorismo internacional, tem sido praticado, em vários casos, com arma branca, esfaqueamento. Em Portugal já tem havido alguns casos desse tipo. Haverá ligação com o terrorismo internacional? Convém averiguar e, em caso de dúvida, iniciar medidas preventivas, e ter o cuidado de  evitar demasiada publicidade para não se fazer propaganda ao terrorismo internacional e não ampliar os efeitos psicológicos e sociais que ele pretende:

Notícia de 8 de Novembro de 2015 diz que Um homem com 50 anos foi esfaqueado esta madrugada, numa residência na Rua António Lino, na freguesia de Creixomil.

Notícia de 17 de Fevereiro de 2017 diz que Homem de 26 anos esfaqueado em Sesimbra ficou em estado grave

Notícia de 28 de Fevereiro diz que um homem de 26 anos sofreu ferimentos graves depois de ter sido esfaqueado no abdómen, em Sesimbra, no distrito de Setúbal, estando identificados quatro suspeitos da agressão.

Notícia de 16 de Maio diz que homem esfaqueado em Santa Maria da Feira está estável no hospital.

Notícia de 13 de Setembro diz que um homem de 44 anos morreu e outro, de 38, ficou ferido na sequência de um crime que ocorreu na madrugada desta quarta-feira, em Lisboa. Os indivíduos, ao que o DN apurou junto da Polícia Judiciária, são naturais do Nepal. Os dois homens esfaqueados são irmãos.

Notícia de 5 de Outubro diz que um jovem de 18 anos, estudante universitário, foi esfaqueado na madrugada desta quinta-feira perto da Faculdade de Economia do Porto.


terça-feira, 3 de outubro de 2017

MORTES NAS ESTRADAS

Mortes nas estradas
(Publicado no semanário O DIABO em 3 de Outubro de 2017)

Felicito o professor Isaías Afonso por, no DIABO de 19 de Setembro, ter dedicado metade do seu Interessante artigo à persistente «Guerra» nas nossas estradas que está sendo mais mortífera do que foi a guerra em África que durou 13 anos. Mas uma explicação a esta crise continuada foi agora dada pelo facto de a desejada reactivação Protecção Civil ter servido para a encher de boys ao serviço dos seus interesses pessoais e do partido mas sem a mínima preparação nem vocação para o desempenho de funções de organização e condução das actividades de protecção civil, tanto no campo da prevenção como da solução de crises em curso. Não foram para lá para benefício da Instituição nem para a segurança dos portugueses, foram para um tacho em que iam receber gorda remuneração.

Quanto ao morticínio das estradas não é apenas a actuação dos condutores que necessita de atenção. É a própria condição das estradas que tem sido muito degradada nos anos recentes. Entre 1945 e 1952 percorri diariamente, a pé, nos dois sentidos, excepto em tempo de férias, os 6 Km entre a minha aldeia e a cidade onde se situava o Liceu. Era um Km de estrada municipal em macadame e 5 Km em estrada nacional de alcatrão. Nunca fui vítima de acidente nem sofri qualquer susto. É certo que nesse tempo o trânsito era menos intenso, mas havia espaço para os peões circularem em segurança, ao lado da estrada sem necessidade de pisar o alcatrão. Para fora deste, havia uma faixa empedrada com perto de meio metro de largura e do lado de fora um espaço em terra e a valeta, tudo bem cuidado por cantoneiros cuidadosos.

Há poucos anos, numa das visitas que fiz à família, tive a curiosidade de relembrar essas minhas viagens diárias e fiz o mesmo percurso a pé. Fui sempre com o coração nas mãos. O alcatrão foi estendido até ao mato que cresce espontaneamente logo a seguir, sem o mínimo cuidado, por não haver cantoneiros. Fui sempre pelo lado esquerdo, para poder ver os carros e desviar-me para o mato, à sua passagem. Não podia ir sempre fora do alcatrão por não ser fácil o corta-mato, mas durante a maior extensão tive que adoptar mesmo essa solução, para mais garantia de evitar ser esmagado. Consegui coragem para chegar ao fim e regressar em autocarro. Mas jurei não repetir tal tarefa épica. E compreendi que, hoje, ninguém tente viajar de igual forma.

Hoje é mesmo muito perigoso atravessar a estrada nacional que passa pelo meio de uma povoação e mesmo a deslocação à casa do vizinho do lado, exige cuidados especiais, embora já haja um risco branco que deixa uma estreita faixa, ele está tão desgastado que mostra bem que os carros não o respeitam. O alcatrão começa colado à parede das propriedades de um e do outro lado da estrada, sem nada a servir de passeio aos peões.

Esta degradação das estradas, parece sinal de que nos respectivos serviços estão muitos boys sem o mínimo sentido de responsabilidade e, como o tacho é bem remunerado, deslocam-se em automóvel próprio ou do serviço e não fazem a mínima ideia de criar condições para os peões que, por não terem carro, têm de se deslocar a pé. Nem os governantes que passam o tempo em Lisboa, nem os autarcas que queimam o tempo nas sedes da autarquia, conhecem as particularidades do terreno nem da vida das pessoas mais simples de Portugal. E, assim as estradas, os rios e as florestas estão sujeitas a condicionamentos que por vezes se tornam dramáticos. Quando passarão a ser escolhidas pessoas capazes para os diversos serviços da administração pública?

António João Soares
26 de Setembro de 2017

terça-feira, 26 de setembro de 2017

ABUSOS DO «POLITICAMENTE CORRECTO»

Abuso do «politicamente correcto»
(Publicado no semanário O DIABO em 26 de Setembro de 2017)

Um chefe, no desempenho das suas funções, deve ter, permanentemente, a preocupação de pensar e agir conforme a sua missão, a finalidade das suas atribuições e o seu merecimento da confiança e dedicação das pessoas que com ele colaboram no êxito da sua actividade. O tratamento do pessoal deve levá-lo a seguir o caminho mais adequado por forma a constituir, com eficiência e interesse, uma ferramenta essencial no sucesso a obter. Isto aplica-se, com maior ou menor rigor, em todas as empresas e instituições, desde as mais simples e rudimentares até ao governo de uma Nação.

Nesta época em que se aproximam eleições, vemos que, a coberto do mítico «politicamente correcto», as pessoas, cidadãos eleitores, estão a ser consideradas como coisas, ou ovelhas de um rebanho que são iludidas de maneira a seguirem um caminho que não lhes é explicado com verdade, realismo e lógica, e acabarem por ser vítimas de propaganda de vendedor de banha de cobra.

Não foi por acaso a coincidência de vários escritos vindos a público no semanário O DIABO de 12 do corrente terem abordado este tema segundo diversos ângulos de visão. São curiosos títulos como «as pessoas estão fartas de políticos», «Governo trabalha para os votos e não para reformar o País», «CNE puxa as orelhas a Medina», «onde estão os donativos de Pedrógão?», «um Exército em colapso-um País em colapso», etc. De todos eles se extraem conclusões que justificam o título dado a este texto. O mesmo se passa com a notícia «já há 405 queixas por causa das autárquicas. Só numa semana entraram mais 58». Até quando continuará este estado de coisas, à margem dos cidadãos e à custa do dinheiro que lhes é retirado por mil e uma maneiras (impostos, taxas e taxinhas).

Glosando um dito antigo, nem há moralidade e muitos não comem. E faltam qualidades de chefia a muitos ocupantes de cadeiras do Poder. Eles não conhecem nem se interessam em conhecer as condições daqueles que dependem das suas decisões. Não lhes conhecem as necessidades, nem os gostos, nem os seus interesses legítimos e tomam decisões que nunca teriam vida se os assuntos fossem submetidos a referendo popular, como parece dever ser norma de regime democrático. É certo que muitas das normas decididas não necessitariam de referendo se houvesse da parte do alto responsável um bom conhecimento das realidades e dos condicionamentos da vida daqueles que são por elas afectados.

Os factos reais que proporcionam as referências encontradas nos textos citados e em muitos outros que têm aparecido na comunicação social, devem merecer toda a atenção dos governantes por forma a estes prepararem reformas que conduzam à melhoria da vida real. Os assuntos devem ser analisados, estudados meticulosamente, com procura de soluções possíveis das quais se escolhe a melhor e, depois, decidir reformas e reorganizações que conduzam a melhorias da economia e da vida nacional (dos cidadãos). Estas melhorias não surgem com palavras fantasiosas de promessas inconsistentes e sem serem apoiadas por verdadeira vontade de realização.

E, quanto a promessas, não há qualquer interesse em divulgar, antecipadamente, ideias ainda em esboço como o caso da mudança do aeroporto de Lisboa para a Ota, ou a criação de um caminho de ferro moderno entre Lisboa e Elvas. Gastou-se em estudos e em hipotéticos contractos, criando esperanças que não tiveram seguimento, até porque os «estudos» feitos não eram estudos propriamente ditos mas, apenas, textos ilusórios feitos por amadores ou ilusionistas ao serviço de caprichos de governantes.

António João Soares
19 de Setembro de 2017

VISITA DE VERDADEIRO AMIGO

Embora não seja do meu feitio, modesto e humilde, expor-me nos palcos da vaidade, tenho de reconhecer a atitude deste meu Amigo, de espécie muito rara actualmente, e que constitui um exemplo, um modelo, que materializa os meus ideais de civismo, ética, respeito e amizade. Dos muitos que, há muito mais tempo, me declaram amizade, poucos se deram ao «sacrifício» de virem animar-me no isolamento anímico em que me encontro. Ver em
http://jose-pires-um-ser-livre.blogspot.pt/2017/09/coronel-antonio-joao-soares.html

Caro Zé, é natural que haja quem diga mal de mim. Jesus pregava os ideiais que defendo e, por isso, não agradou a todos. O facto de ter aceite o convite, há pouco mais de um ano, para escrever em = DIABO não significa os títulos de maldizentes a chamar-me fascista ou nazista.Mantenho me fiel aos valores que defendi no inícío da minha actividae na Internet como se pode ver na definição que fiz de mim ao abrir o primeiro blog e que se pode ver na sua primeira página. Ao iniciar a colaboração em O DIABO, que me serve de ocupação do espírito e me estimula o cérebro a continuar avtivo, publiquei a minha maneira de estar na vida em relação à política:

http://domirante.blogspot.pt/2016/10/amar-portugal-sem-submissao-partido.html

http://domirante.blogspot.pt/2016/10/democracia-ou-ditadura.html

http://domirante.blogspot.pt/2016/09/como-aproveitar-passagem-pela-oposicao.html

http://domirante.blogspot.pt/2016/10/e-necessaria-lideranca-e-coragem-para.html

http://domirante.blogspot.pt/2016/11/a-paz-e-o-bem-maior.html

http://domirante.blogspot.pt/2016/11/refugiados-solidariedade-e-respeito.html

E algumas dezenas mais em defesa da ética, da solidariedade, da paz, da sensiblidade para os problemas que afectam as pessoas e para a construção de um futuro melhor.

terça-feira, 19 de setembro de 2017

AS «MOSCAS» E O MAL SOCIAL

As «moscas» e o mal social
(Publicado no semanário O DIABO em 19 de Setembro de 2017)

Dos seis que estavam à mesa, o P. sentiu-se incomodado com uma mosca e virou-se para mim a sugerir que escrevesse sobre as moscas. Não dei resposta, mas continuei atento às queixas que passaram para a degradação do civismo e da ética de que a sociedade está a padecer. O A. Saiu-se com mais uma citação bíblica dizendo que a isso não podemos dar remédio, porque o mal é obra do diabo. E disse também que Portugal é um país geométrico, com território de forma rectangular, com problemas bicudos analisados em mesa redonda por bestas quadradas. E certamente não atribui ao diabo esta faceta.

Parece que a humanidade, isto é, cada um, deve deixar de culpar o diabo e fazer tudo o que puder para recuperar os valores que estão a ficar debilitados. Sendo elemento da humanidade, uma pessoa não tem o direito de ficar sentada à espera que os outros lhe tragam de presente a solução de um problema que também é dela. A solução não é ser indiferente e atribuir culpas ao diabo. E, quanto às «moscas», elas são estimuladas a procurar alimento e procuram-no onde ele possa existir. Na sociedade há acomodação, apatia, preguiça, para afastar aquilo que as «moscas» procuram e, assim, permite que a degradação social progrida para o abismo, não pela força do diabo mas por desinteresse da humanidade. Esta vive acomodada e submete-se docilmente à propaganda da mentira, das promessas falaciosas que nada de bom lhe trarão, mas as «moscas», atraídas por tal ambiente fecal, continuam a manobrar uma estratégia que dificulta a procura da verdade e a busca de informação correcta sobre a realidade.

Felizmente, nem toda a gente é ingénua, ignorante e apática e, por exemplo, estas manobras estão bem explicadas por Henrique Neto no artigo à procura da verdade» em O DIABO e também por António Barreto que as refere no artigo «segredo de injustiça», no Diário de Notícias.

Mas há soluções para quase tudo o que depende da acção do homem. Este, como partícula estruturante da humanidade, é autor das degradações de que esta sofre e que poderão ser ultrapassadas se os comportamentos individuais passarem a ser mais correctos, racionais e sensatos. Quando tanto se fala das virtudes da democracia, e se atribui tal responsabilidade aos seres humanos, há que exigir um esforço para que todos tenham acesso à boa informação, por forma a procurarem a verdade e não se deixarem levar pelo conto do vigário ou de vendedores de banha de cobra mas, prelo contrário dêm a sua colaboração e participação para o bem comum.

Ninguém tem o direito de ficar sentado à espera que outros lhe tragam o resultado da recuperação de valores que andam esquecidos. Cada um deve agir no melhor sentido, criticando a apresentando sugestões ou fazendo perguntas sobre aquilo que não compreende bem. Felizmente, há pensadores e técnicos a cooperarem para uma civilização mais eficaz com soluções para problemas preocupantes. É, por exemplo, o caso de António Carvalho que publicou no Diário de Notícias o artigo "Devia ser criado um corpo nacional de agentes florestais", para evitar os fogos florestais e combater com eficácia os que eventualmente surgirem. Precisamos de muitos cidadãos assim a contribuir para ser encontrada a melhor estratégia para o desejado progresso. Onde todos ajudam, as coisas apresentam-se mais fáceis.

António João Soares
12 de Setembro de 2017

terça-feira, 12 de setembro de 2017

FOGOS. COMO FAZER A LIMPEZA DA FLORESTA?

Fogos. Como fazer a limpeza da floresta!
(Publicado no semanário O DIABO em 12 de Setembro de 2017)

Acerca dos incêndios florestais que estão a destruir a área do pinhal que existe desde Abrantes a Chaves, aparecem muitos teóricos a falar daquilo que parece desconhecerem. É indispensável procurar compreender a razão de, nos anos 40 do século passado, as matas só muito raramente sofrerem fogos enquanto, hoje, estes não pararem de destruir o interior do país desde o início ao fim da época estival. E são sempre fogos de grande extensão difíceis de dominar.

A meio do século passado, como pude observar continuamente durante anos, as matas estavam sempre limpas e sem possibilidade de alimentar fogos extensos. Trabalhadores que passavam lá o dia cozinhavam lá os almoços sem necessidade de cuidados preventivos especiais, enquanto continuavam a trabalhar, porque não havia material combustível. Porquê? Esse é que é o problema. É indispensável conhecer a situação de então, para se poder compreender o que levou ao que se passa hoje e procurar uma solução eficaz para a realidade actual. Algo mudou muito na vida rural.

Nessa época, a agricultura não usava máquinas e gastava poucos adubos, porque havia uma utilização sustentada de juntas de bois e as terras eram fertilizadas por estrume, à base de produtos das matas preparados nas camas do gado muito diverso, ou por apodrecimento em medas regadas pela chuva, pelo orvalho e por água. Para isso era aproveitada toda a caruma e o mato que era «roçado» regularmente na época em que a mão de obra era menos necessária para tratar de sementeiras, regas e colheitas. Nada disso era feito para «limpar a mata», mas sim por ser necessário para o processo agrícola. A rama dos pinheiros raramente secava, porque eles eram aparados para ser obtida lenha para o forno e a cozinha e para obter estacas para apoio de videiras, feijoeiros, tomateiros, ervilheiras e plantas de pequeno porte. À semelhança de os bois serem substituídos por tractores, do estrume ter sido substituído por adubo também estas estacas para plantas foram substituídas por arame.

Para agravamento advindo do problema da evolução do processo agrícola em que a mata deixou de ter a utilidade quase permanente que a mantinha limpa, o interior desertificou-se por as pessoas terem procurado melhor compensação pelo seu trabalho, quer na faixa litoral quer no estrangeiro, no comércio e na indústria. Muitas terras boas de cultivo foram deixadas ao abandono, e cobriram-se de silvas e outras ervas daninhas também alimentadoras de incêndio.

A solução preventiva de obrigar os proprietários de minifúndios ou microfúndios a limparem as suas propriedades é demasiado violenta e ilusória, porque a propriedade não lhes dá qualquer benefício, que compense tais custos. E muitos dos donos de minúsculas parcelas no meio da serra, nem sabem onde elas estão e, quando sabem, não lhes conhecem os limites. Terá que ser criado um sistema funcional para a prevenção dos fogos que poderá passar por uma reforma profunda de restruturação da propriedade rural. Deixar de haver minipropriedades e os grandes proprietários que daí resultarem, privados ou municipais, serem obrigados a adoptarem medidas rigorosas, para reduzir o perigo de incêndio. As fábricas de transformação de vegetais em biomassa ou pasta para papel ou cartão, poderão ter uma missão a cumprir e arcar com todo ou parte dos custos da matéria prima.

E as medidas rigorosas de prevenção têm que ser minuciosamente controladas por agentes de vigilância florestal, ou no estilo da extinta Garda Florestal ou por um novo sector da GNR devidamente preparado para tal missão.

António João Soares
5 de Setembro de 2017

quarta-feira, 6 de setembro de 2017

MEIAS VERDADES E MENTIRAS OCULTAM A REALIDADE

Meias verdades e mentiras ocultam a realidade
(Publicado no semanário O JORNAL em 5 de Setembro de 2017)

Uma civilização evoluída considera o culto da verdade como uma preocupação prioritária e dá muito valor à sua procura sempre que existe confusão. No entanto, deparamos com a maior preocupação tida na política e na informação, no sentido de desenvolver pequena propaganda da verdade relativa, da verdade possível e inócua, da mentira e do desprezo da verdade transparente e louvável. Para isso, complicam acontecimentos simples de forma a dificultarem o acesso à informação clara e leal, fazendo-a esquecer por distracção com coisas insignificantes.

Procuram desencorajar a procura da verdade e desorientar com novas notícias, falsas ou mais ou menos verdadeiras, criando uma ilusão da realidade, desvalorizando a verdade. Dessa forma, como se tem visto em campanhas eleitorais, e fora delas, são feitas promessas e afirmadas garantias para obter boa cotação em sondagens e mais votos nas urnas, mas que raramente serão realidade. E os actos errados ou duvidosos passam despercebidos aos cidadãos menos esclarecidos que, muitas vezes aceitam e aplaudem discursos falaciosos que nada os beneficiam, antes servem de engodo para desprezarem coisas graves e produzir a mudança da atenção destas coisas para banalidades ou ilusões não realistas.

Isso tem especial acuidade no sistema eleitoral com campanhas distantes da procura de soluções pragmáticas para os diversos problemas preocupantes, em diversos sectores nacionais, que são desprezados pelas propagandas, atractivas e irreais ou distantes da realidade, que convencem os eleitores a aceitar votar em listas de nomes que não conhecem e que nelas constam por serem amigos, cúmplices ou coniventes do chefe do partido. Ao eleitor não é dado o direito de, democraticamente, escolher os indivíduos mais competentes e honestos da sua área de residência.

No caso da tragédia de Pedrógão Grande, esteve bem visível a propaganda para encobrir os diversos falhanços, diluir as responsabilidades, acusar os serviços, denunciar a oposição. Esta, por seu lado, vitupera e acusa, faz demagogia e aproveita-se. Em tal actividade, falam dos mortos e esquecem os vivos que necessitam de apoio para refazer as vidas, e da criação de medidas preventivas eficazes para evitar a repetição de acidentes e de crises. E, com um incompreensível «segredo de justiça», de origem estranha ao Poder Judicial, pretendeu-se proibir qualquer tentativa de procurar a verdade ou de emitir opinião interrogativa sobre o caso de Pedrógão.

Quanto a medidas contra os incêndios, há quem aponte soluções para o ordenamento florestal, para a organização, equipamento e preparação dos bombeiros, para as medidas activas fora da estação dos fogos, para as penas a aplicar pela Justiça aos incendiários, para as nomeações de técnicos competentes para as chefias dos serviços ligados à prevenção e ao combate que devem deixar de ser feitas por amizade e compadrio de ex-jotas e para a utilização de um sistema de comunicações eficaz em vez de um arremedo em mão de gente amiga, de competência duvidosa.

Para a prevenção ser eficaz, deve ser ultrapassada a negligência por parte de vários governos, suprindo a falta da Guarda Florestal, desactivada em 1977, dos guarda-rios e dos cantoneiros, por exemplo, criando um «corpo nacional de agentes florestais» que fariam uma observação constante do cumprimento da legislação, esclarecendo as populações, aconselhando a colaborar na estratégia preventiva em vigor e comunicando à GNR casos de renitente infracção à lei.

António João Soares
29 de Agosto de 2017

terça-feira, 29 de agosto de 2017

NINGUÉM ESCREVE AO CAPITÂO

Ninguém escreve ao capitão
(Publicado no semanário O JORNAL em 29 de Agosto de 2017)

Em geral, quando as pessoas pretendem que lhes façam um favor, mesmo simplesmente na forma de opinião ou de conselho, não deixam de contactar quem os pode ajudar. Mas poucos se decidem a oferecer uma palavra de afecto, de carinho, de esperança e de incentivo para que esse alguém suporte com melhor ânimo as dificuldades da idade.

A frase do título é o resquício da memória de um livro brasileiro, já de há muitos anos, que deixou a ideia de que as pessoas menos gratas e solidárias se encarregam de «passar à reforma» aqueles que deixam de lhes ser úteis. O tema também foi desenvolvido pelo escritor Virgílio Ferreira em «Manhã Submersa» quando o personagem principal, estando num lar de idosos, se lamentava de a filha não o visitar. Num lar com cerca de 100 idosos, apenas menos de uma dezena recebem visitas semanais de familiares e/ou amigos.

Não gosto de referir casos concretos, mas eles ajudam a compreender o que se passa na sociedade, por estimularem a reflexão e a curiosidade sobre o que se passa à volta. Continuo a receber, e-mails mas a quase totalidade é constituída por reenvios (FM) de remetentes que se prestam a servir de carteiros, arremessando para as caixas de entrada dos «amigos» das suas listas de endereços tudo aquilo que recebem. Estou convencido de que muitos reencaminham coisas que não viram nem leram. É impossível que um remetente de álbuns de imagens de várias partes do planeta arranje tempo para ver todas as imagens que reencaminha. Essas imagens pouco interessam a um idoso sem condições de viajar pelo mundo e que está mais interessado em analisar os comportamentos sociais da humanidade e as atitudes de governantes que agem em função de pressões de grandes empresários que actuam por interesse próprio, sem escrúpulos nem respeito pelos outros que serão atingidos pelos efeitos de jogos financeiros.

Há um outro, já na terceira idade, que envia quantidade de vídeos pornográficos que apenas podiam fazer sofrer um idoso qua já passou a fase de sentir tais prazeres e teria o desgosto de nunca ter tido oportunidade para tanta luxúria.

Mas nem tudo é mau. Há quem comungue as intenções de procurar melhorar a humanidade, pela recuperação de valores éticos e cívicos, enviando mensagens muito estimulantes. Uma amiga de Minas Gerais, bisavó, constitui um modelo de solidariedade e de amor ao próximo, com mensagens maravilhosas. Outra, do Cacém, envia mensagens a perguntar pelo estado de saúde do destinatário e a informar da evolução da sua, por vezes com pormenores da fraca qualidade do apoio que recebe que confirmam a ideia com que se fica através de notícias frequentes. Casos como este prestam-se a sermos úteis com conselhos e sugestões que alimentem a esperança e a aceitação serena do inevitável. É positivo podermos colaborar na esperança e na eliminação do stress.

A felicidade das pessoas depende mais do bom relacionamento e das amizades do que do saldo da conta bancária ou do património material e será bom que as pessoas se sintam compreendidas e apoiadas. Um verdadeiro amigo é como o sol: mesmo que as nuvens não permitam vê-lo, sabemos que ele está lá.

Qualquer idoso tem muita necessidade de afecto, coisa que hoje não é muito fácil obter em qualquer situação real. A humanidade precisa de recuperar valores cívicos para que as pessoas sintam amizade e felicidade, em vez de desprezo. Uma pessoa precisa de sentir que tem utilidade para si e para os outros, para evitar a tentação da autodestruição psíquica ou mesmo física.

António João Soares
22 de Agosto de 2017

terça-feira, 22 de agosto de 2017

O TERRITÓRIO EXIGE MAIS ATENÇÃO

O território exige mais atenção
(Publicado no semanário O DIABO em 170822)

Os fogos florestais têm sido uma tragédia sem fim à vista. Também a seca e as temperaturas mais altas estão a criar sérias dificuldades na agricultura. São visíveis as alterações climáticas devidas a fenómenos naturais incontroláveis pelo homem, como a inclinação do eixo da Terra que, no caso português, está a fazer sentir o avanço do deserto do Sarah.

Muitos lamentos têm sido ouvidos por pessoas que conhecem bem o interior do país. Algo tem sido dito por técnicos conhecedores das causas dos fogos florestais. Mas isso não resolve o problema porque os cidadãos que foram escolhidos para gerir os interesses dos portugueses, não mostram interesse em conhecer e compreender a essência dos assuntos e, quando legislam, não cuidam de transmitir às autarquias e aos habitantes algo que eles possam compreender e concretizar para bem da Nação.

A floresta tem que ser preparada para resistir aos fogos que a ameaçam todos os anos. Tem sido dito que isso acarreta despesas volumosas, mas é preciso pensar na dimensão das despesas causadas pelos fogos diariamente nesta época estival e decidir se será mais racional gastar na organização da floresta ou deixar que ela seja destruída causando prejuízos mais volumosos. Mas isso não pode ser decidido por palpite, mas sim, baseado em cuidadoso estudo feito por gente conhecedora, planeado, organizado e praticado de forma bem controlada e ajustada às realidades e às suas variações imprevistas.

Já várias pessoas dedicadas aos aspectos nacionais lamentam o desaparecimento de guardas florestais, de guarda-rios e de cantoneiros, que podiam fazer o papel de vigilantes e alertar sobre qualquer desvio pernicioso daquilo que deveria ser feito e ajudar as pessoas a evitar erros.

E, quanto à agricultura, faz pena ver muitos terrenos que outrora davam produção para sustentar os aldeões que dela viviam e mandar educar os filhos e, agora, onde se produzia milho e outros produtos, crescem silvas e vegetação espontânea que no verão serve de pasto às chamas. Não será aconselhável regressar aos métodos de trabalho do passado, mas devem ser difundidas novas metodologias para obter produtos que sejam úteis ao consumo nacional e à exportação. Recordo que, em tempos idos, o eng Sousa Veloso dava na TV uma lição semanal sobre diversos aspectos da agricultura real de forma acessível aos menos letrados.

Esse era um bom serviço prestado pelas televisões ao país. Agora, em vez disso, elas passam o tempo e repetir frases e imagens sobre crimes ocorridos ontem, pormenores de bombeiros frente às chamas, futebol, coscuvilhices e notícias nem sempre comprovadas de campanhas demolidoras contra aquilo que no momento é seu alvo ou dos seus mandantes. Seria mais útil e benéfico aos portugueses se elas transmitissem ideias complementares de formação profissional em coisas que interessam à maioria dos telespectadores.

Certamente, se hoje houvesse um seguidor de Júlio Isidro a ensinar bricolage, haveria menos adolescentes desviados do bom caminho. E se houvesse outro Megre, haveria menos acidentes nas estradas, por haver mais cuidados com a própria segurança e a dos outros utentes.

Para concluir, o território do interior precisa de mais atenção e que os «boys» o conheçam melhor e se sintam sensibilizados para aumentarem o seu saber sobre assuntos reais e para pensar e trabalhar um pouco na elaboração de medidas práticas e eficientes para criar mais segurança e maior rendibilidade do património de que dispomos.

quarta-feira, 16 de agosto de 2017

A PAZ É UM BEM APRECIÁVEL

A Paz é um bem apreciável
(Publicado no semanário O DIABO em 170815)

A busca da paz, harmonia, bom entendimento, deve constituir um objectivo permanente de todas as pessoas, desde as mais simples até às responsáveis pelos estados. Podem chamar-me utópico ou lunático, por assim pensar, mas já aparecem pessoas com grande responsabilidade a manifestar ideais semelhantes. Oxalá o seu número se multiplique, para bem de todos nós e da vida no planeta.

Por isso, sinto-me feliz com algumas notícias que recebo. A mais recente foi a de representantes das duas principais facções da Líbia, com mediação da França, estarem dispostos a passar a ter convivência, harmonia, que crie condições de unidade, segurança e desenvolvimento, num país que já teve grande importância no Norte de África. «Comprometeram-se a um cessar-fogo e a abster-se de fazer qualquer uso da força armada para outro propósito que não estritamente o da luta antiterrorismo». Não será fácil aplicar o acordo num país fracturado, mas já deram um grande passo ao «concordarem realizar eleições “o mais cedo possível” e obedecer a uma trégua entre as suas forças no terreno».

Também a Colômbia passou a não viver amedrontada por ataques de elementos das FARC que passaram a ter uma participação normal na vida do país, depois de entregarem as armas. Recorda-se que, em fins de 2015, elas propuseram ao governo e ao país entrar de imediato, sem condições que apenas levantam desconfiança, numa trégua bilateral prévia, como passo gradual ao cessar-fogo bilateral e definitivo que já estavam visando” e que veio a concretizar-se com êxito.

Em Espanha, a ETA dispôs-se a terminar a sua oposição violenta e a participar no engrandecimento do país.

A China, estado pacífico e tolerante, aconselhou os países do Médio Oriente a conviver como amigos, em paz e com repúdio de guerra. E, quanto ao seu vizinho norte-coreano têm aconselhado a cumprir as condições colocadas pela ONU e a respeitar os outros povos. Porém alerta para que são os Estados Unidos e a Coreia do Norte que têm a "principal responsabilidade" pela escalada de tensões e por negociar a paz na Península Coreana. São estados que têm condições que dispensam o recurso a mediadores, mas que, incompreensivelmente, mostram atitudes de fanfarronice com ameaças crescentes que podem levar a ponto de não retorno.

Estes são alguns exemplos daqueles que entendem que é preferível resolver os atritos pacificamente, por diálogo, do que enveredar pela escalada da violência. Mas é desejável que se ergam mais vozes e se tomem atitudes na defesa dos elevados ideais da convivência pacífica entre os povos, para que se generalize o recurso a conversações, diálogo, negociações, directamente ou com ajuda de mediadores, e se evitem as guerras que tanto mal têm causado a pessoas e aos seus bens materiais, bem como a toda a parte viva do planeta. É certo que os industriais de armamento não estão interessados nesta evolução porque, estando intoxicados pela droga dinheiro, colocam a sua ambição de riqueza acima dos interesses dos humanos seus semelhantes, sem sensibilidade para os sofrimentos que causam. E empurrados por eles, há governantes, de consciência empedernida, sem solidariedade para com os sus semelhantes, que não hesitam em aproveitar pequenos motivos para dar largas à sua vaidade e utilizar armas poderosas, com exagerada capacidade de destruição.

Façamos todos aquilo que está ao nosso alcance para que o mundo viva feliz e possa saborear os bons efeitos da paz e da harmonia social.

António João Soares
8-08-2017

terça-feira, 8 de agosto de 2017

SERVIÇOS PÚBLICOS NÃO RESPEITAM UTENTES

Serviços públicos sem respeito pelos utentes
(Publicado no semanário O DIABO em 170808)

O cidadão portador do Cartão nº 03749056 7ZX5, residente em Runa precisou de ir a Lisboa no dia 13 de Julho de 2017. Habituado a usar de pontualidade, com o significado de «estar a horas», estava na estação da CP de Runa às 07h30 para tomar o comboio com paragem prevista no horário para as 08h13, com chegada prevista ao Rossio às 09H59.

O comboio chegou a Runa às 08h50 (com atraso de 37 minutos). Chegou ao Rossio às 10h57, isto é, cerca de 1 hora mais tarde do que que o previsto.

No regresso, o referido cidadão não conseguiu chegar a Sete Rios a tempo de tomar o comboio que passou às 16h44. E, como o comboio seguinte partia de Meleças às 18h35 teve de se deslocar para esta estação, tendo queimado cerca de duas horas no percurso e no cais e embarque, sem comodidade adequada a tão longa espera.

Os horários não estão de acordo com os interesses da generalidade dos utentes, com intervalos muito variáveis e, por vezes exagerados. Por outro lado, os planos feitos pelos cidadãos para os seus deslocamentos não podem ser elaborados com fiabilidade devido a atrasos frequentes na circulação dos trens.

Alguns comboios utilizados nesta linha (do Oeste) têm os vidros de tal maneira pintados que a sua opacidade não permite ver os nomes das estações em que vão parando, o que dificulta aos utentes sair na estação que lhes interessa. E não existe qualquer meio de comunicação a informar qual é «a próxima estação».

Na quinta-feira seguinte, dia 20, o comboio que seguia para Caldas da Raínha, devia, pelo horário parar às 7h10, mas apenas chegou às 7h35 (25 minutos de atraso). O que seguia para Meleças chegou a horas mas, na estação seguinte, Dois Portos, esteve parado mais de 20 minutos, o que se repercutiu num atraso desagradável na chegada ao Rossio.

E, no regresso a partir de Sete Rios que estava previsto no horário ser às 16h44 teve um atraso de 6 minutos, que foi sendo aumentado nos anúncios sonoros, para 10, 20, 27 e 30 minutos. A confusão gerada pelos anúncios, quase sobrepostos a outros, perturbou a atenção e o passageiro perdeu-o e teve que tomar outro comboio para Meleças, de onde partiu às 18h38, quase DUAS horas após ter comprado o bilhete.

No dia 27, o bilhete foi comprado em Sete Rios às 15H49. Às 17h05, depois de muita espera em Meleças, era hora de partir, mas os passageiros que aguardavam foram avisados por um funcionário da CP de que essa viagem não se ia realizar e que teríamos de esperar algum tempo pela seguinte. Às 18h36 o comboio iniciou a viagem, isto é, 2h47 após ter sido obtido o bilhete. As pessoas reclamavam e o funcionário respondia que a bilheteira já estava fechada e podiam entregar reclamação por escrito no dia seguinte. Alguns passageiros ligavam para casa a fim de informar do atraso da chegada, para não estarem preocupados.

Os responsáveis pela CP e os governantes responsáveis pela defesa dos cidadãos devem prestar a devida atenção aos casos referidos e a outros que possam contribuir para um melhor serviço a prestar aos cidadãos. Pensa-se que o investimento em tais medidas será recuperado pelo aumento de utentes atraídos pela maior comodidade deste meio de transporte que é menos poluente do que os rodoviários.

É urgente que as entidades responsáveis actuem eficazmente em defesa das populações do Oeste que precisam de utilizar esta linha. Tal como está a funcionar, É UMA VERGONHA.

António João Soares
1 de Agosto de 2017

quarta-feira, 2 de agosto de 2017

EM QUE MÃOS ESTÁ O FUTURO DOS CIDADÃOS ?

Em que mãos está o futuro dos cidadãos?
(Publicado no semanário O DIABO em 170801)

Os burocratas que estão à frente de serviços e instituições públicas, do Governo, da AR e das autarquias parecem desconhecer «quase» totalmente As realidades nacionais que condicionam as vidas dos cidadãos. Vivem e actuam como boias em águas pouco turbulentas sem preparação para prever e resolver acontecimentos preocupantes e sem capacidade tomar decisões correctas e sustentáveis, mostrando ignorar a metodologia para a preparação da decisão a que me referi em O DIABO de 27 de Setembro de 2016 http://domirante.blogspot.pt/2016/09/preparar-decisao.html

A formação que a maioria obteve está eivada da «experiência» de jotinhas como está descrito, desde há mais de cinco anos, em «Carreira política», http://domirante.blogspot.pt/2012/07/carreira-politica.html, e não lhes permite agir com racionalidade e pragmatismo, perante situações graves, limitando-se a ganhar tempo, a proferir afirmações inócuas e inconsequentes e esperar que a crise amaine.

Isto tem sido constatado, até pelos menos atentos, nos incêndios florestais, nos «furtos» de armamento, nas falhas inoportunas do SIRESP, etc. As pessoas nomeadas para funções que exigem adequada preparação, competência, sentido de responsabilidade e dedicação ao serviço público são, muitas vezes, resultado de amiguismo, cumplicidade e conivência nas «brincadeiras» partidárias, em vez de serem escolhidas por concurso público ou por cuidadosa escolha com fundamento em experiência e resultados de trabalhos realizados, comprovativo de competência no âmbito da função a desempenhar.

Os resultados de tal compadrio estão bem à vista. Não se cultiva o gosto pela excelência da forma de realizar as tarefas nem pela criação de uma imagem com boa qualificação em resultado do trabalho feito. Daí que seja frequente ouvir-se que os boys querem ir para tachos em que em que possam enriquecer muito, em curto prazo e por qualquer forma. Para isso, a sabujice ao chefe pode estar mais à mão do que a ostentação do seu bom serviço e a perfeição das tarefas realizadas.

Para concluir, duas reflexões acerca de notícias lidas no dia 19/7.

Os fogos florestais continuam, como as notícias têm mostrado, nos distritos de Viseu, Guarda, Vila Real... Não estão a ser aplicadas as lições que deviam ter sido aprendidas com o caso, tão badalado, de PEDRÓGÃO GRANDE. Que espécie de conteúdo têm no crânio os responsáveis pela protecção civil, pela Natureza do País, principalmente pela floresta e pela segurança das pessoas e dos seus haveres. Consta que já, há anos, fizeram lei para garantir a protecção da floresta contra incêndios. Que tipo de lei? Porque não a cumprem nem a fazem cumprir? Porque razão continuamos sem a Guarda Florestal e sem os cantoneiros?

A Liga de Bombeiros e Protecção Civil não se entendem, não querendo a primeira ser comandada pela segunda. Perante isto, o Governo deve averiguar os motivos das divergências, ouvindo as duas partes, analisando as suas estruturas organizativas, as regras de procedimentos e , principalmente, os critérios que levaram às nomeações dos respectivos quadros. Talvez tenha sido dada prioridade a boys sem experiência nem formação adequada aos objectivos de cada instituição, os quais não podem deixar de ser convergentes para os interesses dos cidadãos de Portugal.

António João Soares
25 de Julho de 2017

quarta-feira, 26 de julho de 2017

OS CÃES LADRAM E A CARAVANA PASSA

Os cães ladram e a caravana passa
(Publicado no semanário O DIABO em 170725)

No meio das múltiplas notícias sobre a tensão crescente entre a Coreia do Norte e os EUA recordei o aforismo dos tempos de criança «os cães ladram e a caravana passa». É desconcertante a atitude infantil do líder da Coreia do Norte ao querer trepar para um patamar que o coloque ao nível do presidente dos EUA. E é demasiado traquina ao ponto de não recuar ao ver o porta-aviões e a sua esquadra perto da costa. Mas também é pouco racional a atitude dos EUA de se mostrarem preocupados com a traquinice renitente de Kim Jong-Un que, por enquanto, não causou danos pessoais nem materiais.

Ter mísseis não é crime. É, apenas, a imitação de variados Estados que, como como a Coreia do Norte, são membros das Nações Unidas, que é considerada uma Instituição Internacional defensora das relações internacionais democráticas. Ter armas nucleares também não consta que seja crime e o exemplo vem dos próprios EUA, os quais já a utilizaram causando resultados catastróficos no Japão. É certo que o Conselho de Segurança tem imposto restrições a pequenos países a quem não concede os direitos que os cinco grandes – com assento permanente e direito de veto – usam ostensivamente e de forma nada democrática, considerando-os exclusivamente seus.

Mesmo que a Coreia do Norte, numa das suas experiências, por erro de pontaria, provoque alguns danos, não será original face aos estragos feitos pelos EUA em diversos pontos do globo em territórios de estados soberanos, como Iraque, Líbia, Síria, etc. Mas, se e quando houver tais danos provocados pela Coreia do Norte, então já é motivo para a resposta dura que está sendo prometida, ameaçadoramente, por Trump.

Mas é imperioso que seja seguida, com sensatez e inteligência, a sugestão da China e da Rússia de procurar por conversações, diálogo e outros efeitos da diplomacia, terminar a tensão existente e procurar uma convivência pacífica entre os Estados e que deixe de haver «miúdos traquinas a fazer e prometer perrices» só para irritar o graúdo. E um outro aforismo antigo diz «cão que ladra não morde» e aplica-se a ambos os lados das contendas de crianças.

Mas o norte-coreano tem obtido êxito com as suas traquinices levando a comunicação que temos a dar-lhe nome e imagem muito acima do valor e poder do seu pequeno país. Porém, apresar de tudo, convém não exagerar na escalada de ameaças verbais, para não correr o risco de ultrapassar a linha limite da paciência de uma das partes, principalmente da mais forte.

A propósito desta escalada de provocações, um recente artigo de opinião do principal jornal norte-coreano, o Rodong Sinmun, dizia que "os Estados Unidos afirmam que vão enviar de forma regular bombardeiros estratégicos para a península da Coreia, um acto tão disparatado como voltar a atear fogo em cima de um depósito de munições". Seria mais prudente que de ambos os lados, houvesse contenção e fossem desenvolvidos gestos significativos de desejos de harmonia e convivência pacífica, em condições serenamente definidas. Quem teria mais a ganhar seria, logicamente, o menos forte e, na sequência, toda a humanidade, por desaparecer este foco infeccioso qua ameaça graves perigos para o planeta.

António João Soares
Em 18 de Julho de 2017

terça-feira, 18 de julho de 2017

RISCO DE NOVO CONFLITO MUNDIAL

Risco de novo conflito mundial
(Publicado no semanário O DIABO em 170718)

O risco de uma nova guerra mundial tem vindo tornar-se mais iminente. Perdeu-se o respeito pela soberania dos Estados, actuando militarmente no seu território sem restrições de objectivos, nem de efeitos destrutivos. Desde a invasão do Iraque em 2003, por motivos irreais e afirmações que pouco depois não foram confirmadas, a situação no Médio Oriente tem sido agravada, sendo actualmente demasiado preocupante para a Paz mundial.

A Síria tem-se confrontada com uma oposição violenta que tem beneficiado do apoio dos EUA, com variações de processos, mas sempre declarados com a intenção de derrubar o Governo legítimo.

O agravamento desta hostilidade americana deu-se quando o Qatar, sendo um dos maiores produtores mundiais de gás natural l pretendeu exportá-lo para a Europa, passando o gasoduto através da Jordânia e da Síria, a Leste de Israel e do Líbano, para, depois, atravessar o estreito de Bósforo para a Europa, o que era apoiado pelos EUA. Mas a Síria onde já passava o gasoduto russo da Gazprom, foi aconselhada por Putin a não permitir tal passagem por isso lhe ir dar um forte concorrente e tirar-lhe o monopólio na Europa. Assad ficou entre dois fogos, de duas grandes potências.

Depois disso, a América não hesitou em apoiar a oposição ao regime Sírio e declarar o seu desejo de fazer apear o líder do país soberano. Incompreensivelmente, não teve relutância de apoiar elementos de um grupo activo da oposição ao governo que beneficiava da acção paralela d elementos do Estado Islâmico e de se contradizer na recente visita à Arábia Saudita, onde foi vender 110 mil milhões de armamento e onde empurrou os estados da área para eliminarem o terrorismo e aqueles que o apoiam. Logo se levantaram vozes a referir que o comprador das armas destinaria muitas delas para apoio ao terrorismo. O discutível bloqueio diplomático ao Qatar, o produtor do gás natural a que atrás foi referido, também é difícil de explicar. E mais difícil de perceber foi a venda que lhe foi feita pelos EUA de aviões caças, no valor de 21,2 bilhões de dólares.

Entretanto a China aconselhou os Estados do Médio Oriente a procurarem entender-se, usando a diplomacia e não a violência. Mas os EUA não usam o diálogo, mas têm apetência pela força, como no dia 17 de Junho em que um caça-bombardeiro Su-22 Sírio, estava a atacar unidades das SDF (Syrian Democratic Forces), foi derrubado por um F/A-18E Super Hornet americano o que veio ilustrar o empenho de Washington em assumir o controlo das ações militares no leste da Síria e em negar a área à ação das forças de Damasco. A desculpa dada é que o caça-bombardeiro Su-22, estava a atacar unidades da coligação de milícias curdas e árabes patrocinada pelos Estados Unidos.

O acentuado agravamento que isto representa para a situação resulta de que Moscovo reagiu de imediato ao incidente ameaçando passar a tratar os aparelhos americanos, em ação na área, como elementos hostis e anunciando o corte das comunicações directas com o comando americano.

Significativo é que o derrube do Su-22 sírio surge na sequência de uma série de ataques americanos às forças fiéis ao regime de Damasco no mês de Maio, em particular no leste da Síria. No início de junho os EUA derrubaram um drone sírio perto de al-Tanf, na fronteira sírio-iraquiana. Em maio, aviões americanos bombardearam um comboio de forças sírias que se estariam a aproximar de uma base usada por milícias rebeldes e por forças especiais americanas. E, em setembro do ano passado, aviões americanos que diziam actuar contra posições do Estados Islâmico (EI) atingiram "por erro" tropas sírias, matando dezenas de soldados.

Neste momento as palavas e os actos de Trump e de Putin devem ser bem analisados para não sermos apanhados totalmente desprevenidos e, depois ficarmos espantados e surpresos com aquilo que acontecer.

Mas os perigos de guerra surgem também nas provocações à Coreia do Norte com vista e ela parar com as experiências com mísseis e com a preparação de armas nucleares, quer com porta-aviões e outros navios quer com aviões de combate, dois bombardeiros, em exercícios reais em território da Coreia do Sul perto da fronteira. Um jornal norte-coreano já alertou Washington para que «um simples erro ou mal-entendido pode conduzir à eclosão de uma guerra nuclear». Um outro jornal diz que tais provocações são «um ato tão disparatado como atear fogo em cima de um depósito de munições». Neste caso, tanto a China como a Rússia têm sugerido que será mais sensato recorrer à diplomacia para se aliviar a tensão existente e evitar um conflito armado.

terça-feira, 11 de julho de 2017

SERÁ QUE A RESERVA MORAL DA NAÇÃO ENFRAQUECEU?

Será que a reserva moral da Nação enfraqueceu?
(Publicado no semanário O DIABO em 170711)

A tragédia que afectou muitos portugueses do interior, principalmente da denominada «zona do pinhal», com os fogos florestais, deve ser motivo de boa reflexão. Foi um grande abalo, principalmente por terem sido criadas leis com medidas para os prevenir, mas que não foram concretizadas no terreno por não terem sido criadas condições adequadas. Com as alterações ocorridas nas técnicas agrícolas que tornaram menos utilizados os matos, a caruma e os ramos dos pinheiros, o que mantinha as florestas permanentemente limpas, os fogos tornaram-se mais frequentes e é incompreensível, perante tais evoluções, a decisão de extinguir a Guarda Florestal que teria um papel importante na supervisão do cumprimento das regras legisladas destinadas a evitar incêndios e, também como consequência, na mentalização das populações, autarquias e serviços inerentes à prevenção. E nada ficou com aptidão e missão para a substituir, nessas indispensáveis tarefas. A imposição das adequadas medidas preventivas reduziria a calamidade que, desde há vários anos, ameaça com gravidade crescente as vidas e os bens dos habitantes das áreas mais desprotegidas.

Mas, quase ao mesmo tempo desta tragédia, a Nação sofreu outro forte abalo, o da ineficácia das forças que em tempos foram denominadas «reserva moral da Nação». Por incúria, parece que continuada, mostraram que não são capazes de defender a Nação, pois nem sequer conseguem impedir que lhes furtem o armamento guardado em paióis que era suposto serem guardados de forma a torná-los invioláveis.

Quais as causas deste furto, como de outros já ocorridos nos seus quartéis e também na Polícia. Parece haver um enfraquecimento da disciplina, da dedicação ao cumprimento do dever, do sentido de responsabilidade, incutido na mente dos recrutas do serviço militar obrigatório (SMO). Mas este foi extinto como o foi a Guarda Fiscal. Parece doença endémica generalizada!

Desapareceu o culto da excelência e poucos procuram evidenciar-se pelos resultados excelentes das suas acções. Noutros tempos, não havia horário para, à tarde se sair das unidades, pois isso não dependia de relógio mas sim do «toque de ordem», quando a ordem de serviço já estava afixada nas vitrinas das subunidades. Não era muito utilizada a dureza da instrução porque essa era doseada por forma a dar importância à acção cívica, à disciplina, à actividade em trabalho de equipa com vista a objectivos e tudo isso orientado para o respeito pela Pátria, para a defesa do País e dos interesses colectivos. Era a procura da eficiência com vista à segurança das pessoas e dos materiais.

Há quem diga que os militares que se encontram de guarda aos quartéis, por receio de acidentes com arma de fogo, não têm condições para responder com a necessária rapidez a agressores violentos. E é preciso adequar as condições de actuação de sentinelas ao momento actual de ameaças de terrorismo e outros actos violentos. Há casos em que a reacção dos responsáveis pela segurança tem que ser imediata e adequada às circunstâncias. Portanto a instrução deve preparar o pessoal para reagir prontamente a situações críticas, sem perder a sensatez e o auto-domínio.

Resumindo, estes dois acontecimentos indesejáveis exigem dois tipos de decisões imediatas uma com efeito relativamente rápido e outra de resultados mais demorados mas sustentáveis no futuro. A primeira consiste em remediar os danos causados, com medidas adequadas. A outra traduz-se em analisar cuidadosa e rigorosamente as causas do sucedido e preparar medidas muito correctas e ponderadas para o futuro, a partir de agora, para colmatar os erros, omissões, falhas de organização, desleixos, irresponsabilidades, etc. que ocasionaram os acidentes. Assim se definirão lições de organização e procedimentos que evitem repetições de situações críticas.

Será bom que o sucedido no mês dos Santos populares seja bem aproveitado como lição e incentivo para serem realizados melhoramentos nas instituições públicas por forma a terem mais eficiência nos resultados a obter, a bem dos interesses nacionais. Façamos tudo para bem da Pátria, que é de todos nós mas que muitos ignoram e desprezam. Defendamos todos e cada um dos seus sectores, desde a floresta até à força moral dos defensores de Portugal, que devemos defender em todos os aspectos, quer físicos e materiais, quer cívicos e morais. Façamos tudo quanto pudermos para tonificar a reserva moral da Nação, para darmos ao mundo novos exemplos de bem-fazer, como diria Luís de Camões se ainda fosse vivo.

António João Soares
4-07-2017