(Publicada no 24 Horas em 30 de Dezembro de 2005)
Já demonstrei à saciedade que não tomo atitudes partidárias a favor ou contra um ou outro partido, um ou outro político, antes procuro um distanciamento e isenção que me permita analisar desapaixonadamente as coisas que me pareçam menos correctas ou que mereçam ser olhadas com ironia. E, dentro desta ordem de ideias, aceito que é ponto assente que, em democracia, a governação deve ser exercida em nome do povo e para o povo, indo ao encontro das suas melhores tradições, costumes e fé religiosa. Contrariar o povo, principalmente a maioria, não se coaduna com um regime democrático. Temos, por isso, que considerar muito inteligente e perspicaz o apelo subtil de um candidato a Presidente da República ao São Jerónimo cuja festa se celebra no dia 22 de Janeiro, dia das eleições. Numa sociedade em que predominam os católicos, esse apelo é bem aceite mesmo que não altere o sentido de voto de muitos eleitores e merece realce por surgir de uma pessoa de quem não seria esperado por muitos.
Pelo contrário, é totalmente desprovida de bom senso a retirada dos crucifixos das escolas, mesmo que se argumente que estamos num Estado laico. É um facto que a Constituição garante liberdade religiosa o que significa que todas as religiões são permitidas e nenhuma pode ser perseguida. E não há dúvidas de que a retirada dos crucifixos que ali estão há muitos anos, pode ser considerada uma perseguição. Mais aceitável seria colocar ao lado símbolos de outras religiões se o número de alunos seus crentes o justificasse, segundo critério definido.
Há quem diga em tom de anedota que os políticos, sendo predominantemente da área do Direito, abominando a matemática e vocacionados para o persistente défice orçamental, não admitem que numa escola se dê realce ao símbolo da adição. Realmente, a falta de coerência política e as suas constante tergiversações só servem para aumentar a proliferação de anedotas. Seria bom que um dos sábios em evidência em épocas de campanha criasse uma filosofia que conduzisse à convergência dos raciocínios políticos para um alvo bem definido, os interesses nacionais, indo ao encontro das mais válidas aspirações dos portugueses e deixando-se das limitadas tricas inter e intra partidárias.
A Decisão do TEDH (398)
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