(Publicada no Independente em 17 de Março de 2006, p. 43)
As ideias bem elaboradas devem ser expressas por palavras adequadas sem o que poderão advir inúmeros equívocos por sugerirem outras ideias totalmente estranhas à original. Vejamos o caso do desenvolvimento nacional ter sido justificado com um «choque tecnológico». Choque sugere encontro violento, instantâneo de efeitos imediatamente visíveis. Ora, nada disto aconteceu e, passado mais de um ano, o desenvolvimento ainda não recebeu um impulso chocante. A ideia de que o desenvolvimento tem de recorrer à ferramenta tecnológica é totalmente correcta, mas a sociedade que vai operar o desenvolvimento, além daquela ferramenta, necessita de outros saberes, outras capacidades e uma estruturação cívica e cultural sólida, para poder avançar a passos largos e firmes em direcção à inovação tecnológica, à criatividade, à produtividade e à competitividade com vista a aumentar a exportação de produtos necessários ao Mundo. Na Finlândia, que hoje é tida como modelo a seguir, aumentou-se significativamente a Investigação e Desenvolvimento e criaram-se as instituições necessárias para montar uma estratégia de crescimento, tendo a educação sido sempre a base para tudo. Não se trata, pois, de um choque mas, quando muito, de um plano, uma onda, um movimento persistente, duradoiro, sustentável. E, para se conseguir essa persistência, não pode assentar exclusivamente no voluntarismo do primeiro-ministro, devendo ir mais além, conjugando vontades activas de outros partidos e parceiros sociais. O desenvolvimento do País, a saída do marasmo crónico em que temos vivido, não pode ser apenas um objectivo partidário, mas sim um objectivo nacional para cuja consecução devem ser captados os esforços de todos. É, por isso, imperioso atrair todos e cada português a este objectivo, através de uma campanha informativa séria, sem demagogias, e do exemplo activo e permanente de todos a começar pelos dirigentes políticos.
O regresso de Seguro
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