(Publicada n’O Diabo em 27 de Junho de 2006, p. 22)
As realidades evidenciam que a existência de petróleo no subsolo de um país, que não seja uma grande potência, não constitui um factor de felicidade e desenvolvimento da qualidade de vida do povo. Por se tratar de um bem ainda imprescindível à economia de qualquer país industrializado, deixa de ser um recurso puramente nacional para ser um bem apetecível por todo o mundo, o que está na base de pressões de toda a ordem sobre a política do país produtor.
Daqui resultam realidades chocantes na maioria dos países produtores em que os governantes vivem como nababos com fortunas colossais no estrangeiro, no extremo oposto ao das populações que procuram sobreviver na miséria mais chocante, como sucede em Angola, Nigéria, Argélia, Sudão, Venezuela, Colômbia, Iraque, Irão, etc. E em Timor tal situação está agora a esboçar-se, com os inconvenientes receados.
Perante o interesse de recurso tão importante e indispensável, as multinacionais situados entre o produtor e o consumidor usam e abusam da debilidade dos governantes quanto à venalidade, corrupção, ausência de sentido de Estado e dedicação aos seus povos, para obterem os melhores resultados no negócio. A instabilidade política torna-se uma constante, cada potencial candidato fazendo cortesias ao poderoso capitalista e este apoiando aquele que lhe poderá ser mais favorável. E isto sucede como pano de fundo, enquanto o mal-estar do povo, principalmente o mais jovem e mais intervencionista, vai engrossando até uma eventual explosão social e política. Uma reflexão, mesmo que ligeira, sobre estes aspectos poderá ajudar a compreender aquilo que está a passar-se em Timor, em acumulação com o descontentamento devido a erros de governação sem perspectivas de melhorar.
Sócrates de novo
Há 1 hora
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