(Publicada no Destak em 12 de Setembro de 2006, p. 15)
Repetem-se os alarmes relacionados com a avaria na bússola do Governo. O desnorte é uma realidade. Primeiro era o medo patológico do défice que serviu para agravar o esmagamento do contribuinte, em paralelo com as promessas de emagrecimento do Estado com vista à redução de despesas com pessoal. Tais promessas não passaram de fumaça, tendo apenas ficado o maior peso dos impostos e as reduções de direitos de há muito adquiridos pelos cidadãos (apoio de saúde, reformas, etc.).
Mas, desgraçadamente, aquilo que tem sido mais visível é a engorda do Estado, com o aumento de assessores e consultores em tudo quanto é pago pelos contribuintes, desde os gabinetes de ministros até às autarquias. A quantidade de funcionários que fora prometido baixar, elevou-se, conforme notícias de 7 de Setembro.
Para quê esse aumento? Logicamente, para oprimir cada vez mais o cidadão, com mais burocracia, mais controlos, como se cada português fosse um criminoso de alto perigo. Porém não deve ser essa a função do Estado; antes pelo contrário, deve facilitar a vida aos cidadãos criando um bem-estar e uma qualidade de vida sustentável e simplificando o cumprimento dos seus deveres para com o Estado e a colectividade.
Em vez de cortes ou aumentos de funcionários de forma irracional, devia seguir-se uma metodologia lógica: Começar por definir com clareza os objectivos ou finalidades, listar as tarefas conducentes à sua concretização e agrupá-las por afinidade. A seguir, atribuir grupos de tarefas afins a ministérios que iriam pormenorizar a sua estrutura seguindo o mesmo método, até chegar ao ponto de, para cada funcionário, definir claramente as tarefas que lhe cumpre desempenhar e para as quais recebe a devida formação. Essa «check list» seria a base para a avaliação do seu desempenho e a aplicação de sanções ou elogios. Essa análise não ficaria imutável durante anos, pois deveria ser ajustada às circunstâncias vindouras.
Afinal, para que serve o choque tecnológico se a quantidade de pessoal não se reduz e até aumenta? Que tarefas novas surgiram para ser necessário aumentar a quantidade de funcionários? E os resultados daí advenientes justificaram esses aumentos?
E o cúmulo de tudo isto vem na notícia de uma escola que tem o dobro dos professores necessários, por erro da burocracia! Fica-nos a dúvida de quantos erros terá havido por todos esses gabinetes. Cada funcionário estará a desempenhar funções absolutamente necessárias e indispensáveis para a felicidade do povo português?
Sócrates de novo
Há 56 minutos
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