domingo, 25 de julho de 2010

Rótulos e o marketing político

Os políticos, quais vendedores de mercadoria milagrosa, na ânsia de atraírem os eleitores, para o voto nas idas às urnas ou para melhorar a cotação nas frequentes sondagens, usam e abusam de rótulos e de chavões, de conteúdo duvidoso ou sem conteúdo explicável. Mas de acordo com os bons princípios da publicidade ou propaganda, é preciso ser inovador, mudar a embalagem do produto, alterar o discurso. Não se sabe bem como nem porquê porque tudo se passa em ambiente de prestidigitação, ilusão, ofuscação, deslumbramento.

E, nesta ânsia de inovar, de manter os ouvintes embrutecidos sem poderem usar o raciocínio que eventualmente tenham (casos da lei da rolha no congresso no PSD, e da Lei do financiamento dos partidos na AR), os rótulos e chavões vão mudando de sonoridade, como diz Zita Seabra no seu artigo Socialistas, liberais, mesmo neoliberais radicais, «gritamos slogans ocos, a maior parte das vezes usados com evidente ignorância do seu significado, mas apenas como rótulo.» E estes vão alterando o modelo de marca, passando por várias gamas chegando ao actual topo de gama que é «chamar liberal, acrescentando "direi mesmo neoliberal"!»

Mas essa propaganda de diversão, de fumaça, é usada «em vez de discutirmos seriamente, de repensamos o papel do Estado, de olharmos para o ponto a que chegámos na dívida pública e as ameaças que pairam sobre nós»

E tais ameaças estão à vista cada vez mais temerosas: «Esta semana foram divulgados os dados do último semestre e a dívida pública aumentou. Gastamos mês a mês mais do que produzimos e, dia-a-dia, a situação agrava-se. Todos sabemos que o Estado gasta de mais e emprega de mais. Mas todos sabemos que a resolução da questão significa agravar o desemprego e retirar direitos fundamentais na Saúde, na Educação, na Segurança Social.»

«Chegados a este impasse, é garantido que assistimos à gritaria destes últimos dias. Quem tiver a mínima proposta de medidas estruturais que mudem a situação e apontem caminho de saída mesmo ténue é recebido com um ataque de "liberal", direi mesmo "neoliberal", misturado com uma conversa vaga contra "esta" globalização e, quando se pretende ser mais "erudito", passa-se mesmo ao conceito de "neoliberal de capitalismo radical", ou vice-versa.»

Se fizer clic no título do artigo, poderá ler tudo o que Zita Seabra escreveu e meditar sobre o sentido de responsabilidade que, neste Verão, é exigido a todos os políticos, mas a que eles dificilmente corresponderão.

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Carreira de político

Transcrição, seguida de NOTA:

Jornal de Notícias. 24-07-20. Por Rui Moreira

Pedro Alves é o novo e recém-eleito líder da JS, sucedendo a Duarte Cordeiro, que abandonou o cargo ao atingir o limite de idade e depois de ter sido assessor do Governo, é agora um ilustríssimo e notável deputado da nação. Segundo alguma da nossa atenta Imprensa de referência, Alves foi eleito com "forte maioria de votos". De facto, recolheu mais de 90% dos votos, o que é um feito assinalável para quem concorre em lista única…

Felizmente, o novo líder dos jovens socialistas tem ideias claras em termos de liderança. Naturalmente, apoia a candidatura de Alegre, justifica a "aliança" entre os dois maiores partidos portugueses pela crise internacional (porque não quererá decerto ofender Vitalino Canas e reconhecer que há uma crise doméstica), acusa o PSD de ser um partido neoliberal (uma vez que é sempre conveniente repetir o que Sócrates disse), critica as propostas do PSD que "deitam fora o legado de construção do Estado social" (já que não seria bem visto se confessasse que esse mesmo Estado social está a ser desmembrado pelo seu partido) e defende o investimento público e a "mobilização de membros da JS com o poder autárquico" como forma de resolver o problema do desemprego (ficando por saber se esse remédio se aplicará à falta de trabalho de toda a gente, ou se apenas permitirá "curar" justamente aqueles que se encontram filiados no seu partido).

Mas Alves não se ficou pelos diagnósticos assertivos e inovadores. Também quis deixar claro quais são as grandes prioridades do seu mandato e, na moção global de estratégia, propôs-se a humilde tarefa de "transformar à esquerda" salientando a importância das lutas pela adopção de crianças por parte de casais homossexuais e por um projecto "para o reconhecimento legal dos cidadãos transgéneros", garantindo que, quanto ao primeiro tema, se vai empenhar num "trabalho pedagógico para demonstrar que a homoparentalidade não provocará o fim do mundo" enquanto o seu segundo projecto deverá permitir "quase uma lógica simplex à mudança de sexo".

Ora, já se sabe que a ala esquerda do PS sofre de um pesado sentimento de culpa pela prática governativa que contrasta com as suas convicções mais profundas. Também se sabe que, por falta de imaginação e ausência de projectos, gosta de assaltar o laboratório de slogans do Bloco de Esquerda para, depois de num primeiro momento recusar e inviabilizar as suas iniciativas, acabar por decalcar as suas ideias fracturantes, fazendo delas as suas bandeiras.

Nada disso me surpreende porque na política o plágio não é crime, e as conversões oportunas são frequentes. Também não questiono a justeza e a relevância das causas que a JS promete defender. Aquilo que me aflige e preocupa é a falta de qualidade dos argumentos que são invocados sendo certo que, e convém que o saiba caro leitor, o seu iluminado autor que agora lidera a JS e que, se seguir as passadas dos seus antecessores, já tem o seu futuro garantido - seja como político da nova vaga ou como gestor de uma qualquer empresa pública - não é uma pessoa vulgar. É docente da Faculdade de Direito de Lisboa e, ao que me dizem, um competente assistente em contencioso administrativo e em direito do ambiente.

Faz-me dó, mas é um sinal dos tempos, que o PS, que tem ocupado o poder de forma quase ininterrupta ao longo dos últimos 15 anos, se tenha vindo a transformar numa fortaleza de poder, instalada num deserto de ideias e de areias movediças, e que ameace também vir a transformar-se aos poucos numa fortaleza vazia ou num deserto de gente.

NOTA: Deve ser sublinhada a elegante ironia deste artigo apenas desvendada para os incautos pelo conteúdo dos parêntesis. Tenho aqui referido a carreira dos políticos, agora confirmada pelo percurso do anterior líder da JS (assessor do Governo e deputado da Nação, para começar) e dos «geniais» «diagnósticos assertivos e inovadores», de autêntico ‘yesman’ do actual líder, prometedores de uma carreira brilhante. É agora professor universitário, o que não significa que o percurso desde a inscrição na jota, não deva muito ao apoio dos seus chefes, gratos pelo seu aplauso incondicional. Curiosamente, mesmo tendo concorrido em lista única, não obteve o voto de 10 por cento dos votantes. Fidel Castro e Hassan Hussein costumavam obter mais apoio.

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Cuidado com as propostas bancárias

Transcrição seguida de NOTA:

JN. 100724. 00h31m. Por Joana Amorim

No dia seguinte à divulgação dos dados da execução orçamental no primeiro semestre deste ano - que colocam a despesa ao nível mais alto dos últimos quatro anos - Teixeira dos Santos veio defender o reforço da literacia financeira com recurso ao sistema escolar.


O que faz todo o sentido. Mas mais sentido faria se o Estado desse o exemplo, sobretudo nos tempos que correm. Vamos aos números: a despesa efectiva soma mais mil milhões e o défice engorda 462 milhões. Para quem apregoa a "instauração de bons hábitos de poupança", as contas do subsector Estado envergonham.

E se tivermos em conta que as receitas de IVA, no período em análise, aumentaram 16,3%, entãoo cenário fica mesmo negro. Porque prova que os portugueses continuam a viver acima das possibilidades. A comprovar está a corrida frenética à compra de carros para "contornar" a subida do IVA em um ponto percentual. As receitas do Imposto Sobre Veículos dispararam 21,3%. Mas há alguém que ache que isto faz sentido?

Dirão que o aumento do consumo é um sinal de confiança dos consumidores. Sinal de que a putativa retoma económica veio para ficar. Em Portugal não ficará, com certeza, como já o fez saber o Banco de Portugal.

A esta vontade compradora - ou devedora - dos portugueses não é alheia a agressividade do marketing da nossa Banca. Ponto prévio: os bancos existem para ganhar dinheiro, não são instituições de solidariedade social. Mas devem-se reger por valores de rigor e transparência.

Confesso que fiquei um pouco perplexa quando, por carta, o "meu" banco me "ofereceu" uns milhares de euros - com uma TAEG de cair para o lado - para, pasme-se, aceder ao mundo de beleza (vindo a oferta de um homem, até fiquei um pouco ofendida...). E quem fala de créditos para cirurgia estética fala para automóveis de alta cilindrada, plasmas e até mesmo serviços de porcelana.

É certo que o crédito é o negócio da Banca. Mas será isto moralmente aceitável? No meu caso, não percebo como é que o banco acha que tenho dinheiro para liftings e coisas que tal. Mesmo salvaguardando que o mesmo está sujeito à análise de risco de crédito. E como eu estarão milhares de portugueses. E muitos deles, como sabemos, não resistem à tentação.

NOTA: É preciso abrirmos os olhos e não cairmos nas tentações da «agressividade do marketing da nossa Banca». Devemos gerir os nossos recursos segundo o nosso critério e não cedermos aos interesses de quem nos quer sacar o sabugo, sob a capa de promessas tentadoras. «O crédito é o negócio da Banca» e, se não formos nós a pedi-lo para fazer face a uma necessidade bem pensada, se nos deixarmos ir atrás de uma promessa que não seja do nosso interesse, acabamos por ser enganados e nos arrependermos de não ter travado a tempo. O marketing funciona sempre a favor de quem o pratica e não do seu destinatário. Não faz mal ouvir, conhecer as ofertas, mas não se deve agir sem reflectir muito bem e conversar com familiares e pessoas tidas por esclarecidas, da nossa confiança.

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A Justiça é cega!!!

A frase que serve de título parece não ser elogiosa quando se trata de conhecer os criminosos para depois os julgar e condenar, por forma a garantir à sociedade um adequado grau de segurança. A notícia Detidos após perseguição no Algarve estavam em condicional levanta sérias preocupações acerca dos riscos a que os cidadãos vulgares, normais, estão sujeitos em consequência de decisões pouco esclarecidas.

Entre os casos que constam do cadastro criminal dos dois detidos, J. Ramirez e M. Anjos, consta um furto qualificado na comarca de Albufeira, um roubo com arma de fogo a um banco em Loulé e um assalto a uma gasolineira, em Faro e, pouco tempo depois, a morte do chefe Martins, da PSP de Lagos.

Ambos estiveram presos na cadeia do Linhó e, após cumprirem parte da pena a que foram condenados pela morte do chefe Martins, saíram em liberdade condicional há pouco mais de um mês, após cumprirem metade da pena. J. Ramirez saiu a 7 de Junho e M. Anjos quatro dias depois, apesar de serem considerados perigosos pelas autoridades, e de terem um vasto historial de crimes violentos e vários processos registados na Justiça.

Na segunda-feira furtaram um veículo, em Faro, e foram perseguidos pela PSP. Menos de 12 horas depois da detenção, foram presentes a tribunal e postos em liberdade apenas com termo de identidade e residência, porque o Ministério Público (MP) de Faro não conhecia oficialmente estas informações sobre os «suspeitos», apesar de estarmos na época da informática e a Justiça estar apoiada por uma boa rede de dados.

Também o critério de concessão de liberdade condicional parece estar baseado no acaso ou na lotaria, sem atender às condições específicas do detido, e dos efeitos para a segurança da sociedade. Também a prisão que teoricamente deveria servir para a recuperação e reabilitação de criminosos, parece, pelo contrário, ser uma escola de aperfeiçoamento de tácticas e artes criminais.

Enfim, estamos perante um tema que merece profunda análise de sociólogos, psicólogos e juristas, o que provavelmente produziria conclusões contrárias às reformas levadas a cabo pelo anterior ministro da Justiça.

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SCUTs continuam em escuta !!!

À falta de «sentido de Estado» e de capacidade para se dedicarem a problemas essenciais, estruturais, estratégicos e decisivos para o Portugal de manhã, os políticos criam diversões laterais de interesse pouco significativo que podiam ser resolvidas com regras simples (constantes de qualquer pequeno código de bem governar). E assim temos assistido, nos últimos tempos, à discussão da solução mais transcendente e genial para acabar com a crise, a telenovela das SCUTs !!!

A telenovela das SCUTs está a satisfazer a necessidade real de os políticos darem a ideia de que têm algo de «muito importante» em que se ocupar!!!


Se, para um assunto tão simples, não há capacidade para encontrar a solução adequada, com simplicidade, lógica, racionalidade e oportunidade, como se pode esperar que os eleitos consigam tirar Portugal da cauda da Europa, encarando os problemas essenciais que estão na raiz da criminalidade, insegurança, acidentes rodoviários, fogos florestais, obesidade dos aparelhos de Estado e autárquico, burocracia excessiva (origem de tráfico de influências e corrupção, base do enriquecimento dos políticos), formação cívica dos jovens, saúde, Justiça, etc. etc.

Que Deus proteja Portugal, dirão os mais crentes, para se recuperar a felicidade anterior que, aliás, já não era muita....

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Jovem premiado pela IBM

Aos 27, Samuel Martins, investigador do Instituto Superior Técnico, recebeu o Prémio Científico IBM, no valor de 15 mil euros, pelo seu trabalho sobre aceleração de partículas com recurso a plasma (gás de partículas carregadas electricamente). Samuel Martins tem 27 anos, nasceu em Leiria e cresceu em Porto de Mós, vila a que regressa sempre que pode.

Aos 16 anos "queria ser médico", mas o interesse pela Ciência acabou por conduzi-lo à Física. Concluiu este ano o doutoramento no Instituto Superior Técnico com uma tese focada no uso de sistemas físicos complexos, utilizando simulações numéricas.

Determinar o que acontece a partículas aceleradas e levadas a colidir umas com as outras constitui um dos domínios mais promissores da Física. O que Samuel fez foi simular a próxima geração de aceleradores de partículas.

No campo da Medicina, para que o cientista sempre teve inclinação, a investigação do jovem de Porto de Mós abre caminho ao desenvolvimento de instrumentos que reduzam a necessidade de equipamentos e utilização de espaço, a partir da miniaturização da tecnologia.

Trata-se de mais um exemplo que mostra aos jovens a importância da definição de objectivos e da dedicação com estudo determinado e persistente à realizações dos seus mais importantes desejos.

Ficam aqui os nossos votos para que o Dr. Samuel obtenha muitos êxitos nas suas investigações de que resultarão benefícios para a humanidade.

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A Amizade

AS COISAS BOAS DA VIDA:

1. Apaixonar-se.
2. Rir tanto até que as faces doam.
3. Um chuveiro quente num Inverno frio.
4. Um supermercado sem filas nas caixas.
5. Um olhar especial.
6. Receber correio (pode ser electrónico.....)
7. Conduzir numa estrada linda.
8. Ouvir a nossa música preferida no rádio.
9. Ficar na cama a ouvir a chuva cair lá fora.
10. Toalhas quentes acabadas de serem engomadas...
11. Encontrar a camisola que se quer em saldo a metade do preço.
12. Batido de chocolate (baunilha ou morango).
13. Uma chamada de longa distância.
14. Um banho de espuma.
15. Rir baixinho.
16. Uma boa conversa.
17. A praia.
18. Encontrar uma nota de 20 euros no casaco pendurado desde o último Inverno.
19. Rir-se de si mesmo.
20. Chamadas à meia-noite que duram horas.
21. Correr entre os jactos de água de um aspersor.
22. Rir por nenhuma razão especial.
23. Alguém que te diz que és o máximo.
24. Rir de uma anedota que vem à memória.
25. Amigos.
26. Ouvir acidentalmente alguém dizer bem de nós.
27. Acordar e verificar que ainda há algumas horas para continuar a dormir.
28. O primeiro beijo (ou mesmo o primeiro com novo parceiro).
29. Fazer novos amigos ou passar o tempo com os velhos.
30. Brincar com um cachorrinho.
31. Haver alguém a mexer-te no cabelo.
32. Belos sonhos.
33. Chocolate quente.
34. Fazer-se à estrada com os amigos.
35. Balancear-se num balancé.
36. Embrulhar presentes sob a árvore de Natal comendo chocolates e bebendo a bebida favorita.
37. Letra de canções na capa do CD para podermos cantá-las sem nos sentirmos estúpidos.
38. Ir a um bom concerto.
39. Trocar um olhar com um belo/a desconhecido/a.
40. Ganhar um jogo renhido.
41. Fazer bolachas de chocolate.
42. Receber de amigos biscoitos feitos em casa.
43. Passar tempo com amigos íntimos.
44. Ver o sorriso e ouvir as gargalhadas dos amigos.
45. Andar de mão dada com quem gostamos.
46. Encontrar por acaso um velho amigo e ver que algumas coisas ( boas ou más) nunca mudam.
47. Patinar sem cair.
48. Observar o contentamento de alguém que está a abrir um presente que lhe ofereceste.
49. Ver o nascer do sol.
50. Levantar-se da cama todas as manhãs e agradecer outro belo dia.
51. E ver a tua cara a ler esta mensagem.

Amigos são anjos que nos levantam pelos pés quando as nossas asas não conseguem lembrar de como se voa.

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A China e o futuro da geoestratégia

Do Amigo Manuel C. B. recebi estes tópicos acerca do post «A China em fase de evolução rápida» que merecem meditação. Ao Amigo C. B. os meus agradecimentos por vir enriquecer este espaço.

A temática é mais que actual

Sugiro mesmo que o adoptes no teu blogue estes pontos de reflexão para serem obtidos comentários que podem ser interessantes.
- O interesse económico é o grande catalisador de conflitos.
- As situações económicas internas são o grande gerador dos equilíbrios ou desequilíbrios sociais e políticos internos.
- A Paz resulta de equilíbrios de Forças (Guerra-Fria).
- Em termos geopolíticos e geoestratégicos, o conflito é potencial quando da existência de uma só grande potência (económica e naturalmente militar), como se verificou logo após a queda do muro de Berlim e o desmembramento da URSS com os EUA nessa posição.
- “Emergiram” os Países Emergentes.
- A globalização obriga a pensar nos equilíbrios e como consegui-los.
- Têm aqui particular acuidade as condições sociais dos “países emergentes” e as dos “países desenvolvidos” e os conhecidos reflexos nos custos de produção.
- É já visível a tendência para decréscimo nuns e de exigência noutros.
- Quantas gerações serão necessárias para o equilíbrio suficiente dos mercados ? (No pressuposto do prevalecimento da Economia de Mercado.

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O Espelho da Nação

Numa primeira e rápida visita à informação de hoje na Internet, deparei com uma série de artigos pouco animadores e que nada beneficiam a imagem de competência dos governantes:

Em «É de mais», Paulo Morais começa por dizer que «Em nome da crise, pagamos mais impostos. Em nome da crise, vamos pagar portagens. Em nome da crise, acabaram apoios aos desempregados. Em nome da crise, todos os sacrifícios vão para o povo… e nenhum para as classes dirigentes. O que nem Governo nem Oposição propõem é a medida mais óbvia e urgente: a redução drástica do número de políticos, pelo menos para metade.»(...)

Em «Défice não pára de subir e soma mais 462 milhões», Lucília Tiago diz: «O défice do subsector Estado registou "7763 milhões de euros" no primeiro semestre deste ano, valor superior em 6,33 por cento em relação ao período homólogo de 2009, informou hoje, terça-feira, o Ministério das Finanças.

As medidas de contenção orçamental ainda não estão a ter efeito. E, em Junho, o défice do Estado ultrapassou em 462 milhões de euros o valor de 2009. A subida de 4,3% na despesa - impulsionada pela factura dos juros - justifica parte do agravamento das contas.»(...)

Em «Dois terços dos serviços violam lei dos prémios de desempenho», João d´Espiney diz: (...)«Quase dois terços (63 por cento) dos 202 serviços e organismos públicos analisados pela Inspecção-Geral de Finanças (IGF) em 2009 não cumpriram a obrigatoriedade de divulgar os despachos de atribuição de prémios de desempenho e/ou de alteração de posições remuneratórios dos seus funcionários.»(...)

Em «Despesa no Estado ainda derrapa mas receitas fiscais sobem», Ana Rita Faria diz: (...)«Apesar dos apelos à austeridade e à consolidação, os últimos dados relativos à execução orçamental mostram que a derrapagem da despesa prosseguiu nos primeiros seis meses do ano, acabando por ser compensada por uma subida nas receitas.

Segundo o Boletim de Execução Orçamental ontem divulgado, a despesa efectiva do subsector Estado aumentou 4,3 por cento entre Janeiro e Junho, bem acima dos 2,7 por cento implícitos no Orçamento de Estado (OE) deste ano. Do lado oposto estiveram as receitas fiscais, que dispararam seis por cento, um valor bastante superior à previsão de aumento de 1,2 por cento do OE. O IVA e o IRC deram o impulso nesta subida generalizada das receitas fiscais.»(...)

Em «A doença empresarial», Manuel António Pina diz: (...)«O candidato presidencial Manuel Alegre anunciou ontem ao país o conceito de "problema quase psicológico", grave moléstia que afectaria os empresários portugueses pelo facto de se sentirem "subestimados". (…) Aparentemente, os empresários sentir-se-ão "subestimados" por terem, como os restantes portugueses (que, ao contrário dos empresários, em vez de "criar riqueza" só dão despesa), que pagar impostos e por o Fisco lhos cobrar

Perante as imagens que o espelho nos dá através destes artigos, será que ainda continuam a pensar nos contratos para o TGV, o Aeroporto, as pontes, as auto-estradas, os automóveis novos de modelo de topo-de-gama, mais assessores, mais viagens, mais prémios aos gestores de instituições públicas, mais fundações? Quais os conselhos dados pelos grandes professores de economia que ocupam ou ocuparam cargos do Estado? Com que qualidade didáctica esclareceram o Governo? Afinal qual é o seu saber e competência, além de recitarem sebentas e tratados, nas aulas?

Será verdade o que se ouve dizer acerca da bagunça, do descontrolo, da irresponsabilidade, da desonestidade sem freio, sem vergonha? Será que cada um saca do dinheiro público sem pejo, sem lhe ser exigida responsabilidade? Como é possível ter-se chegado a este desaforo?

Por seu lado, Alegre, apesar da sua arte de usar as palavras, fazendo recordar a sua verborreia na Rádio de Argel contra os soldados portugueses, não parece convincente. Agora é contra os portugueses que trabalham para os empresários a troco de vencimentos reduzidos que têm de pagar impostos para suportar o luxuoso e caro aparelho do Estado de que Alegre tem vivido. As vendas de automóveis luxuosos estão, este ano, a aumentar escandalosamente, o que, depois das palavras de Alegre, leva a perguntar se estarão a ser comprados pelos empresários ou pelos trabalhadores que eles, distraidamente, pagam em proporção do seu desempenho! Não será prioritário criar justiça social e reduzir o fosso entre os mais ricos e os mais pobres?

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Avanços e recuos

Sobre o tema da notícia Ministra do Trabalho anuncia aumentos salariais mas recua logo a seguir abundam os títulos nos jornais de hoje, o que pode ser considerado um sinal de vitalidade da comunicação social que não deixa passar este sintoma patológico dos governantes.

Efectivamente, recuar numa decisão depois de as circunstâncias se terem alterado e exigirem uma revisão da solução adoptada, é virtude, é o sensato controlo e adequação à realidade. Mas recuar logo após a decisão, ou a um anúncio impensado é morbidez mental, incompetência e irresponsabilidade.

É sinal que o desleixo foi ao ponto de não seguir a norma de Pensar antes de decidir, da ausência de noção dos limites das suas atribuições.

E os efeitos na imagem do Governo e navida dos portugueses são catastróficos pois, com os sucessivos avanços e recuos, ninguém sabe quando pode acreditar nos políticos, ou se alguma vez poderá ter confiança naquilo que eles dizem!!! Fica sempre a dúvida de uma frase aparentemente convincente e credível não passar de mais um «balão de ensaio»

Enfim, governar um país não é tarefa para qualquer ousado, atrevido, deslumbrado pelas benesses e honrarias; é tarefa que exige qualidades especiais que não estão ao alcance de qualquer um.

É urgente que se crie um Código ou compromisso alargado e duradouro com normas simples mas abrangentes para bem governar.

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Humanizar a humanidade

Ninguém é perfeito e há um ditado antigo que diz que é mais fácil vermos um cisco no olho do vizinho do que uma trave no nosso. Essa debilidade humana, muito generalizada impede de analisar o bem e o mal dos outros de forma sensata, isenta, sem paixões nem radicalismos. Acho que será virtuoso procurarmos olhar os outros, como diferentes que são, e não estarmos teimosamente a colocarmo-nos como modelos de virtudes e termo de comparação, principalmente quando se trata de pessoas ou sociedades com outra educação, religião tradição, etc.

Cabe aqui citar o preceito cristão «amar os outros como a si próprio, tendo em mente que a palavra «outros» significa os diferentes em todos ou em muitos aspectos. Para julgar e condenar, com crítica ou opinião, será prudente imaginarmos o que faríamos ou pensaríamos se estivéssemos no seu lugar.

As religiões, todas visando a felicidade dos seus crentes, nalguns casos, oprimem de forma bárbara (segundo os conceitos de outras sociedades que seguem outros deuses). O cristianismo teve a inquisição com condenações bárbaras como a de Galileu só porque dizia que a Terra girava em volta do Sol e não o inverso como era crença na época. Houve as repressões dos que seguiram a Reforma luterana. Há, ao contrário da apregoada pobreza, simplicidade e humildade, o fausto das catedrais e do Vaticano, à custa das esmolas dos crentes e da «corrupção» com reis e imperadores. A Europa apesar do poder temporal da Santa Sé, andou quase permanentemente em guerra (dos 100 anos, dos 30 anos, dos 7 anos, primeira e segunda guerras mundiais, etc.).

Os Estados, com o conceito de soberania e não podendo hostilizar directamente as tradições seculares dos respectivos povos, não se subordinam pela força a outros estados que se arrogam possuir valores mais humanos. Haverá que dialogar, usando mais a convicção e o esclarecimento do que as ameaças e as sanções económicas ou outras. Com respeito, compreensão e boa vontade, usando mais o amor do que o medo, poder-se-á progressivamente ir criando novos hábitos mais racionais mais humanos, que favoreçam uma melhor cooperação entre os povos, quer nacionalmente quer internacionalmente, para a paz no mundo.

E nunca devemos esquecer que para melhorarmos o Mundo, devemos começar pela nossa rua, o nosso bairro, a nossa terra. Em 20 de Março houve um notável entusiasmo para LIMPAR PORTUGAL, mas o efeito foi pouco duradouro e há muita gente a queixar-se que se voltou ao mesmo desleixo de anteriormente. E não se vê uma actividade consistente e persistente para pressionar publicamente as autoridades a assumirem as suas responsabilidades sobre a defesa do ambiente, quer urbano quer rural.

Qualquer actividade manifestada para corrigir situações escandalosas em países diferentes é louvável e, por vezes é eficaz, mas não esqueçamos de mudar para melhor os nossos hábitos e dos nossos vizinhos. Limpar a nossa área de influência. É que só sendo eficientes aqui, poderemos ter credibilidade lá fora. Só dessa forma mostraremos que somos uma sociedade mais evoluída humana, cívica, ecologicamente.

Mentiras, truques e ilusões, até quando???

Texto de Rui Costa Pinto, publicado por Pedro Correia, no blogue delito de opinião.

Com a aproximação da votação do Orçamento de Estado para 2011, o governo está a tentar desviar as atenções através da promoção do debate ideológico.

O discurso palavroso da defesa do Estado Social não cria postos de trabalho, não dá de comer a ninguém e não dá confiança no futuro.

Falar de Estado Social quando o Estado está desacreditado, falido e empenhado é caricaturar ainda mais o actual cenário de crise.

O que importa é a criação de emprego, a erradicação da pobreza e a possibilidade de acreditar numa velhice tranquila.

Basta de mentiras, truques e ilusões.

Já não há mais tempo para as intrigas de bastidores, as trapalhadas absurdas, as estatísticas de conveniência e as promessas estafadas de quem está no poder e, porventura, pretende tentar mantê-lo a qualquer custo.

Estamos no limite do tempo útil para mudar e dar novamente a palavra aos eleitores.

Rui Costa Pinto

NOTA: A minha vénia ao autor do texto e ao bloguista que o publicou. Precisamos de políticos competentes, dedicados a Portugal e com coragem para traçarem a estratégia adequada, para a qual não faltam dicas de Portugueses com P maiúsculo.

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Valter Lemos, será verdade???

A notícia Concursos para docentes abertos por Valter Lemos declarados ilegais deve ser devidamente averiguada e processada pelo visado se não estiver correcta. É que, a maior parte das pessoas está convicta de que nos governos haverá alguns governantes sérios e competentes, mas tal convicção perde sustentação com exemplos como este. De tal forma, o Governo perde credibilidade. Realmente, apesar disto, foi secretário de Estado da Educação e agora é secretário de Estado do Emprego, onde já lhe são apontados alguns actos pouco dignos, como o referido em «Amiguismo. Mais uma amostra».

O essencial da notícia de hoje resume-se: «Três concursos para a colocação de professores no Instituto Politécnico de Castelo Branco (IPCB), abertos em 2001 e presididos pelo então presidente do IPCB e actual secretário de Estado do Emprego e Formação Profissional, Valter Lemos, foram anulados pelos tribunais por causa de ilegalidades no processo de nomeação dos júris e no funcionamento dos concursos.»

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ADN. Eficiência à portuguesa ???

Basta o título da notícia, Base de dados de ADN criada em 2008 só tem dez perfis no sistema, para mostrar a relevância deste caso (para ler toda a notícia faça clic no título).

Por mais desculpas que se argumentem, há factos significativos:

Além dos dois sequenciadores que custaram um milhão de euros, a que acresce o custo das instalaçções e das respectivas despesas de funcionamento (manutenção, água e energia), os 30 funcionários já receberam, em mais de dois anos, mais de 900 salários mensais, provavelmente todos acima da média nacional. Tudo isto para o sistema ter apenas 10 perfis inseridos, quando era previsto recolher 6.000 (seis mil) por ano.

Portanto, não há resultados satisfatórios visíveis a não ser os dos 30 boys que conseguiram emprego do Estado. Quem fiscaliza? Quem controla? Quem responsabiliza quem? O dinheiro dos nossos impostos não deve ser esbanjado ao acaso.

A crise actual ressente-se de muitos «pequenos» erros como este, acumulados ao longo dos anos!

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Inconsciência, insegurança, risco desnecessário

Da notícia de Rui Moreira no JN de hoje, À mercê dos suicidastranscreve-se o seguinte trecho:

«Felizmente, ainda não conseguiram estragar a praia algarvia. Gosto particularmente da praia do Barranco das Canas, ou do Alemão, como toda a gente lhe chama, a dois passos do Vau, e que, nesta altura, só se enche aos domingos. Mas, até esse prazer último, o de estar numa praia que resiste à destruição da paisagem algarvia, parece estar em risco. Tudo porque, como se sabe, as arribas vão dando de si por razões naturais e tem havido derrocadas, como sempre aconteceu e esta semana se repetiu, exactamente na praia do Alemão. É claro que não faltam os avisos e sinais de perigo, nas falésias e na entrada de cada praia, onde há fotografias aéreas em que as zonas de risco estão bem assinaladas. Mas, como se sabe, não há medida de prevenção que converta os portugueses ao bom senso. Depois dessa pequena e inócua derrocada, que fez as delícias da Comunicação Social e dos mirones, numa zona que a Polícia Marítima se apressou a vedar com fitas plásticas, tudo voltou ao "normal", com inúmeras famílias a protegerem-se do sol encostadas às arribas. Confesso que não consigo ter pena da estupidez humana, principalmente quando ela se mistura com a irresponsabilidade e com a falta de civismo.

«O que me preocupa é que, um dia destes, uma vulgar derrocada vai estropiar um desses suicidas, ou lapidar um dos seus inocentes rebentos e, quando isso acontecer, entre gritos e protestos, o nosso Estado Providência vai tomar conta do assunto. Quando essa hora soar e essas praias forem interditadas, se os ambientalistas conseguirem impedir que as arribas sejam demolidas ou emparedadas, terá chegado a minha hora de me resignar a dizer adeus ao Algarve, e optar pelo Caribe…»

NOTA: Existe na população o desrespeito inconsciente pelo perigo, expondo-se a riscos desnecessários e, por vezes fatais, nas praias, nas piscinas, nas estradas, nas cozinhas, no lazer, nos momentos mais vulgares da vida. Falta uma cultura da segurança, da prevenção, pois como diz um ditado muito antigo, «vale mais prevenir do que remediar».

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Um passo para a moralidade do Poder

Os chefes de gabinete e adjuntos dos gabinetes governamentais, das câmaras municipais e dos Governos Civis vão igualmente sofrer uma redução de 5% nos seus ordenados, tal como já foi aprovado ontem, sexta-feira, em relação aos detentores de cargos políticos. (notícia do JN)

Esta medida será um passo para a moralidade do regime, mas são indispensáveis muitos outros, para acabar com escândalos de salários e de prémios em diversas instituições e empresas estatais e autárquicas, desde o Banco de Portugal à ERSE, que constituem bandos de abutres predadores do erário. O sistema de autonomias deve ser regulado, controlado e contido em limites racionais. Ou são função pública ou não, mas a exploração dos dinheiros públicos deve ser rigorosa e responsavelmente fiscalizada com a exigência de responsabilidades aos infractores.

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Como juntar os cacos do regime ???

Transcrição de artigo que refere pontos merecedores de atenta reflexão, num conjunto que levanta sérias preocupações, como tem sido deduzido dos posts recentes.

JN. 100716. 10h40m. Por Pedro Ivo Carvalho

Como sucede num casal desavindo que atinge o ponto de saturação e parte para o divórcio, também PS e PSD, outrora Romeu e Julieta numa união de facto de conveniência, vivem no presente a fase da separação dos bens.

Não há carro, casa ou cão em disputa: o que os faz levantar a voz e erguer os indicadores são derivas ideológicas e, sobretudo, uma indisfarçável tentação para exibir medalhas, como se o passado de cada um justificasse a bondade das suas acções futuras.

O triângulo amoroso completou-se em plena Assembleia da República, com Paulo Portas a desafiar José Sócrates a demitir-se do cargo de primeiro-ministro, para dar lugar a um Governo tripartido com PS, PSD e CDS/PP. Para três anos. E sem Sócrates.

À Nação que ontem esteve em debate no Parlamento assenta bem a metáfora novelesca. Discutiu-se muito para as televisões, com o dramatismo e humor próprios, adiantou-se pouco ou nada sobre o que podem esperar os portugueses dos que os governam ou querem governar. O Portugal que nos mostraram é o Portugal que já estamos cansados de conhecer.

Falar de confiança, como falou José Sócrates, o "optimista inveterado", não chega, por mais que nos seja aprazível reconhecer que temos um líder de Governo que não se conforma. Falar do abismo, como foi timbre discursivo do PSD, que já nem disfarça a embriaguez que o cheiro a poder lhe causa, também não é solução, sobretudo se, como reconheceu Luís Montenegro, vice-presidente da bancada, esse mesmo partido que se assume como alternativa apenas aceita dizer ao que vem depois de ter sido eleito.

Sugerir, como fez Paulo Portas, um acordo tripartido, num pretenso golpe de asa que é apenas retórica, resultará num sound-byte de vida efémera. Até porque veio da boca de quem, bem recentemente, dizia cobras e lagartos de tal comunhão de vontades.

Estamos, por isso, num impasse: o país não descola e, por mais vontade que haja em abanar com tudo, a imprevisibilidade dos efeitos faz-nos duvidar da eficácia do projecto. O PS, José Sócrates, já estará arrependido do namoro com o PSD; o PSD, empolgado pelas sondagens, já nem se lembra do chamamento patriótico que o fez aliar-se ao inimigo; o CDS/PP, que vê a sua esfera de influência em perigo perante o cenário de uma maioria absoluta do PSD, ensaia o grito do Ipiranga. Mas fica a gritar sozinho.

Desenganem-se, por isso, os que sonham com um entendimento partidário. Está visto que não há cola mágica que consiga juntar tantos cacos. Basta ver como ontem os partidos se enredaram numa discussão patética sobre décimas na taxa de pobreza. Lamentável.

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O estado a que isto chegou!!!

Sintonizado com o espírito reinante de pesporrência nacional e reforçando a conclusão de que ela conduz à cegueira que impede de ver os escravos revoltados a treparem a muralha do Poder, transcreve-se o essencial da crónica

Jornal de Notícias. 16-07-2010. Por Nuno Rogeiro

O que se discutiu ontem, longamente, no Parlamento outra vez "central" (Jaime Gama, muito bem, dixit), não foi, obviamente, o estado da nação, que vive há mais de 800 anos, mas o estado disto, que é muito mais recente.

Isto, o "sítio", é apenas o estado a que isto chegou. Polícias sem meios, Estado a mais onde devia estar a menos, Estado a menos onde devia estar mais, autarquias faraónicas confundidas com autarquias exemplares, ministérios poupados e racionais misturados com ministérios inúteis ou redundantes, direcções gerais ágeis e produtivas, e secretarias de Estado superpovoadas e dispensáveis.

O estado a que isto chegou não é o "Estado social". Antes fosse. É o Estado que foi abocanhando pessoal político, que foi crescendo em gordura e perdendo músculo, que, apesar da desburocratização, dos computadores, da descentralização, das privatizações, da "racionalização", da "avaliação de desempenho", continua a deter meios, empresas, bens e despesas que lembram tempos de coroa e Terreiro do Paço, de império e empório.

"Isto" é também a sociedade e a economia.

Como no "doente imaginário", de Molière, aparecem, por um lado, médicos a inventar curas e doenças, e há uma quase viúva a desejar a morte do ancião. E uma empregada fiel que diz ao doente que o melhor é fazer-se de morto, para ver quem o ama.

Mas este doente é também real: as suas maleitas são conhecidas, mas todos tiram consequências diversas do assunto.

Onde uns olham um governo "ultraliberal", que desmantela as responsabilidades com os fracos, olha o PS uma "esquerda moderna e democrática", garante da civilização e da justiça, face à barbárie da "direita liberal" do PSD.

No meio de tudo, faltam os exemplos, e até os exemplos dramáticos.

O topo da pirâmide do poder ainda não percebeu que os escravos estão revoltados, e sobem as muralhas.

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Pesporrência nacional

O termo pesporrência, segundo o Google, significa arrogância, basófia.

Mário Contumélias na sua crónica do Jornal de Notícias, intitulada Somos os maiores…, depois de referir o êxito» da selecção de pessoal, aquilo que tem sido dito e o eventual «prémio» ao treinador, termina com o seguinte trecho que merece muita reflexão:

«Se sairmos da esfera do futebol, a onda mantém-se.

Por exemplo, temos a maior taxa de abandono escolar da União Europeia? Não importa, a ministra está satisfeita porque estamos a melhorar.

Quase 49% dos alunos do 9.º ano tiveram negativa nos exames de Matemática? O Ministério da Educação sublinha que a média do conjunto de todas as provas é positiva.

O Governo empenha-se na info-inclusão, mas 55,4% dos portugueses não usam a Internet? Não faz mal, importa é 44,6% são verdadeiros navegadores.

Somos dos europeus com mais baixos rendimentos e maiores dificuldades para chegar ao final do mês com as contas pagas? E depois? Importante é que no final do ano passado havia 11 mil portugueses com fortunas superiores a um milhão de dólares (815 mil euros), mais 600 do que em 2008.

Afinal, estamos em franco progresso. Vai-se a ver, somos os maiores.»

Poderemos acrescentar: Estamos em crise? Mas o PR passa uma semana em Angola, com volumosa comitiva, numa época em que as comunicações, as vídeo-conferências permitem contactos íntimos, tornando menos necessários os contactos directos e as custosas viagens, depois de o PR ter aconselhado os cidadãos a passar férias cá dentro.
Enfim, pesporrência nacional. Somos os maiores!

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Francisco Assis o guerreiro

Segundo a notícia "Espécie de ameaça de Verão de uma crise de Outono", o líder parlamentar do PS usou uma linguagem bélica, pouco ajustada às actuais necessidades de trabalho de equipa harmonioso conducente à resolução dos problemas que preocupam os portugueses.

O termo «ameaça» é um conceito normal em situação de guerra, de hostilidades, que traduz uma necessidade de defesa, de ataque preventivo ou de contra-ataque. Portugal, principalmente em momento de crise, não precisa dessa arrogância, principalmente vinda da parte de um governo que, não tendo maioria no Parlamento, nada pode decidir se não tiver apoios vindos da oposição.

Logo, em vez de arrogância, deve propiciar um ambiente de bom entendimento e de receptividade às sugestões que venham da oposição porque, certamente, muitas delas serão benéficas para o futuro dos portugueses, se decididas depois de uma análise serena tendo em vista os interesses nacionais que devem sobrepor-se aos dos partidos e às suas lutas pelo poder.

Portugal, principalmente agora, precisa de conjugação de esforços, de convergência de vontades de bom aproveitamento dos recursos (de competência, saber, vontade, patriotismo) e não de arrogância, de hostilidade entre partidos, visando os interesses parcelares de clientelismo em vez dos interesses nacionais.

Sobre o poder discursivo deste génio, já aqui se referiu nos posts:


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Amiguismo. Mais uma amostra

Depois da lista (pequena, mas muito prometedora) de amiguismo de «boys» dependurados em tachos, sem concurso público e sem qualquer capacidade evidente para desempenho da função (Ver O amiguismo alargado , O amiguismo por outra óptica, Promiscuidade público-privado e corrupção e Promiscuidade entre política e empresas, surge agora mais um caso denunciado pelo deputado Agostinho Branquinho que acusou o secretário de Estado do Emprego e da Formação Profissional, Valter Lemos (muito conhecido defensor da célebre TLEBS em 2006, que foi suspensa no início de 2007, e grande auxiliar na guerra do ministério da Educação contra os professores, no tempo da D. Maria de Lurdes), de indigitar para delegado regional do Norte o seu antigo assessor na Educação e “um 'boy' sem competências específicas”, Manuel Joaquim Ramos, para o cargo de delegado Regional do Norte do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP).

Começaram a sua cumplicidade em Castelo Branco onde eram professores e de onde Valter Lemos saiu sem deixar saudades, como foi notório nos jornais. Mas no regime actual, é preciso ser magnânimo para os coniventes porque «quando se zangam as comadres, sabem-se as verdades». Daí o amiguismo, mesmo que este prejudique os interesses de Portugal.

E o cargo não é inócuo, pois trata-se da região com o maior nível de desemprego do país e de uma máquina do IEFP que, desde o início do ano, não paga às empresas a comparticipação no programa de estágios e, apesar disso, espantosamente, Valter Lemos nomeia um 'boy' sem qualquer competência específica para lugar decisivo e importante como este é. «O que ele tem de mais significativo no currículo é ser amigo do secretário de Estado».

Para maior escândalo, esta indigitação foi comunicada sexta-feira, 9, após demissão «de surpresa e a meio do mandato» do até então delegado regional, e o «boy» não possui qualquer habilitação em gestão de pessoal, emprego ou desemprego, que possa servir de pretexto para ir suprir eventuais deficiências do seu antecessor. Agostinho Branquinho aponta o dedo a puro amiguismo e compadrio, a que há uns tempos a esta parte temos assistido, como é referido nos links do início deste post.

Mas, francamente, colocar á frente de uma região com os problemas mais graves do País, um indivíduo sem preparação teórica nem experiência, é sinal de pouco sentido de responsabilidade e de ausência de dedicação aos interesses de Portugal que, desta forma, são relegados para lugar muito abaixo das preocupações de troca de favores e compra de apoios e cumplicidades. Segundo a Lusa, depois de contactar o IEFP, não conseguiu obter qualquer esclarecimento, caso que leva a crer que o silêncio é suficientemente elucidativo.

Com estas decisões, não é fácil obter resposta à pergunta Para onde vamos?

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Fundações serão cancro incurável???

Daquilo que há muito tempo vai aparecendo nos jornais, fica-se com a impressão de que várias fundações não passam de fantasmas em dança fúnebre e macabra de que não resulta qualquer benefício para os pretendidos beneficiários previstos nos estatutos e que vêm o património inicial cada vez mais depauperado pelos seus gestores. O Estado é prejudicado porque delas não sai o benefício previsto para os cidadãos, porque há quem à sua custa vá enriquecendo imoralmente, porque lhes são concedidos benefícios fiscais e outros e porque afectam a credibilidade geral da Instituição Fundação.

A notícia Governo mantém fundação que há 30 anos não cumpre objectivos é incrível por comprovar o estado de abandono em que paira um importante sector do país. É estranha a inocência, credulidade ou ingenuidade (ou coisa pior) de quem espera que os objectivos venham a ser atingidos em breve, se já passaram 30 anos sem tal ser conseguido. De que milagres estarão à espera?

Que forças maléficas impediram que a instituição de alternativa – Casa do Gaiato – tomasse conta dos activos legados pela viúva Maria Sardinha, por inoperância da administração da Fundação? Que justificação dará hoje António Costa pela decisão que tomou sobre o caso quando era ministro da Administração Interna?

Para melhor conhecimento do assunto leia-se a notícia acima citada em link.

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Cobardia da incapacidade

Transcrição seguida de NOTA:

Um ministério "satisfeito"
Jornal de Notícias. 12-07-2010. Por Manuel António Pina

O Ministério da Cultura manifestou "grande satisfação" pelo pedido de demissão do seu director-geral das Artes. A ministerial satisfação resulta de aquele director-geral ser responsável por "sucessivos atrasos nos concursos", pela construção de uma "barreira" entre o "Gabinete da ministra e os agentes culturais" e por "ineficácia dos procedimentos".

Daí o sonoro "uff!" público soltado pelo Ministério mal soube que o homem pedira a demissão, pois, apesar de ele ser tão mau, o Ministério nunca se tinha lembrado de o demitir.

O pedido "vem permitir finalmente (um ministerial "hurra!") que a DGA se liberte de constrangimentos vários que têm vindo a dificultar a sua acção", pondo o Ministério em condições de "alavancar o sector".

Recorde-se que o "sector" anda em polvorosa (num processo que, no elegante português da ministra, é "muito liderado" pelo BE) em razão de cortes cegos feitos pela ministra e desfeitos pelo primeiro-ministro, bem precisando que o "alavanquem".
E, para quem acha que touradas são "cultura", nada melhor para o "alavancar" que umas boas bandarilhas públicas num ex-funcionário.

NOTA: De acordo com o autor do texto, o ministério foi incapaz de demitir o constrangedor director-geral mas, depois de ele se ter demitido, atirou-lhe pedras. Bater em mortos não dignifica quem bate. Teria sido mais ético fazer uma rigorosa avaliação do desempenho de todos os colaboradores e demitir os que tivessem menor eficiência, mas com a ética e a honestidade de usar critérios de interesse nacional e não de caprichos partidários ou pessoais. É para defender os interesses de todos os portugueses, de Portugal, que devem actuar os governantes. Será esse o critério do ministério da Cultura?

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domingo, 11 de julho de 2010

Jovens hoje, adultos responsáveis amanhã

Tenho aqui dado realce a todos os casos em que jovens responsáveis desejam preparar um mundo melhor, aquele mundo em que irão viver. Pretendem preparar a cama em que se vão deitar.

Agora surge no DN a notícia «Jovens preenchem tempos livres a ajudar em associações» em que vemos que «o movimento associativo tem cada vez mais influência em Portugal, como provam as 340 associações criadas no ano passado (existem 1613 no País) e a crescente aposta do Governo nas organizações juvenis e estudantis».

Cerca de um milhão de jovens têm dedicado parte do seu tempo livre para ajudar, realizando trabalho meritório em prol das escolas, das pessoas carenciadas, da formação cívica entre tantas outras áreas em que actuam, sempre em regime de voluntariado.

Há associações que trabalham também no sector social: "todos os meses recolhemos roupa para depois entregarmos aos sem-abrigo no Campo Grande." Outras trabalham muito com populações carenciadas, filhos de imigrantes, mas não só, pois também tem vários portugueses. "Apostamos essencialmente na música e no desporto como forma destes jovens se relacionarem com pessoas de outras nacionalidades, de outras raças".

Ajudar não é apenas dar esmola mas principalmente a facilitar a resolução de problemas e de situações. Estas actividades contribuem também para o objectivo de melhorar a forma como os jovens se relacionam, desenvolver o sentido de responsabilidade, a capacidade de liderança de comunicar directamente com outras pessoas, de interagir com a comunidade.

Estas actividades têm potencialidades que complementam o trabalho social das escolas e a educação recebida em família, preparando os futuros adultos para uma vida em que não sejam vítimas do apego patológico ao dinheiro como deus único na vida, gerador de crises graves, como infelizmente hoje acontece. O voluntariado merece apoio e aplauso.

Imagem do Diário de Notícias.

Como ovelhas abúlicas

Transcrição seguida de NOTA:

Aplaudir de pé
Jornal de Notícias. 09-07-2010. Por Manuel António Pina

Parece que foi muito aplaudida nas Jornadas Parlamentares do PS a intervenção de
Mário Soares criticando a inexistência de debate interno no PS e defendendo ser indispensável dar "vida interna" ao partido e insuflar-lhe "princípios éticos" e "ideologia", tudo coisas ("vida interna", "princípios éticos" e "ideologia") de que o PS andará, pelos vistos, carente.

De acordo com o que veio nos jornais, no final, deputados e militantes socialistas aplaudiram o discurso de pé. Singular não é o facto de o discurso ter sido aplaudido de pé pela ilustre deputação presente, pois aplaudir de pé é um hábito que se enraizou no PS. Singular, para lá da alusão de Soares a coisas antiquadas como "princípios éticos" e "ideologia", é o modo como, no actual PS, até a crítica ao unanimismo suscita aplausos unânimes e a crítica ao acriticismo é aceite sem o mínimo sobressalto crítico.

Não é difícil concluir que, se Soares tivesse dito exactamente o contrário do que disse (atirando-se, por exemplo, aos que clamam que há falta de debate interno e de princípios éticos no PS), teria sido do mesmo modo aplaudido de pé.

NOTA: Muito bem observado. Este fenómeno é comum nos náufragos que esbracejam e se agarram a qualquer pequena tábua que flutue. O aplauso colectivo de pé é a busca da tábua de salvação ou a manifestação do vazio íntimo e do espírito de rebanho, abúlico e obediente, já referido acerca da aprovação por unanimidade (com uma honrosa excepção) da famigerada «Lei de financiamento dos partidos», felizmente vetada pelo PR e a da «lei da rolha» no congresso do PSD, que foi seguida pelo arrependimento geral logo depois da saída da sala.

Assim vão os nossos políticos (uma verdadeira elite nacional de inteligência e bom senso!!!). Com tal gente no leme,
para onde iremos neste pequeno barco?

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Para onde vamos?

Transcrição seguida de NOTA:

O PS estará Vivo?
Jornal de Notícias 08-07-2010. Por Diogo Feio

Em semana de grandes discussões sobre a utilização da golden share do Estado na PT, o PS realizou as suas jornadas parlamentares. Estas são sempre um momento de reflexão e apresentação de propostas concretas por parte dos grupos parlamentares. As expectativas estavam ainda mais aguçadas quando se poderia conhecer o pensamento estratégico de personalidades tão relevantes como Mário Soares, António Vitorino, Santos Silva, Ferro Rodrigues, Paulo Pedroso ou António Costa.

Nada começou pelo melhor, pois ainda antes do início já se noticiava que existiriam contactos por parte de Ferro Rodrigues para encontrar um sucessor a José Sócrates. Após a corajosa assunção de vontade feita por um político preparado como António José Seguro, aparentemente começam a surgir movimentos que demonstram fatalidade e desânimo por parte das hostes socialistas. Mas ainda mais graves são as afirmações feitas pelas personalidades convidadas. António Costa afirmou que o PS não pode ter vergonha da vitória eleitoral; Mário Soares disse que falta debate interno num PS que vive a dificuldade de um governo minoritário numa altura de crise; e, por fim, Paulo Pedroso e Santos Silva discutiram a possibilidade de o PS ter entendimentos à Esquerda, assumindo o último orador, com a elegância que lhe é reconhecida, que a esquerda do PS corresponde ao andor da Direita portuguesa.

Tudo isto demonstra que o PS vive num labirinto estratégico. Se perante a falta crónica de parceiro à esquerda, se juntar o apoio envergonhado a Manuel Alegre, nota-se que o PS depende do colo magnânimo do PSD - que nunca recusa uma boa fotografia - e lá aparece a salvar os planos de austeridade, os aumentos de impostos ou as SCUT. Eu não sei se o PS precisa de parceiro à Esquerda, se tem de debater ou assumir com orgulho a maioria relativa. O que sei é que não aparece um rumo de Governo. É por isso que estranho que nestas jornadas ninguém tenha perguntado - afinal, para onde nos levas José?

NOTA: Qual o rumo? Uma boa pergunta, mas sem resposta. Falta aos governantes um método de preparação das decisões do género do que está descrito em «Pensar antes de decidir», o que começa por definir objectivos e uma linha estratégica, um rumo.

A interrogação faz recordar uma história passada num quartel no dia festivo do Juramento de Bandeira. O Comandante, com pouco tempo nesta unidade, estava interessado que a cerimónia decorresse com o maior brilhantismo. A assistência era numerosa e a festa era presidida pelo General Comandante da Região Militar. Mas parecia que havia um nervosismo generalizado e as falhas sucediam-se nos momentos mais críticos, desde passos trocados, engasgamento na leitura da fórmula do juramento, na leitura dos deveres militares e na actuação da banda.

O comandante, que era de educação esmerada e muito controlado no tom de voz e nas palavras que utilizava, não conseguia ocultar o seu mal-estar. No fim, o chefe da banda aproximou-se e, depois das formalidades regulamentares perguntou: Meu comandante, para onde vamos e o que tocamos? A resposta saiu inesperadamente com o uso de um termo caserneiro fora do uso habitual do comandante: Vão à m… e caladinhos.

Fica aqui uma possível resposta para a pergunta com que o autor termina o artigo!!!

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INEM não socorreu

Segundo a notícia «Helicóptero desactivado deixa dois acidentes sem assistência» (Jornal de Notícias 08-07-2010. Por Glória Lopes e Nelson Morais), o INEM não enviou o helicóptero de Macedo de Cavaleiros para socorrer dois acidentes, ontem, em Bragança e Valpaços, por estar inoperacional, devido à falta de médicos. Em Vidoedo, um homem de 73 anos morreu. Em Valpaços, dois operários ficaram soterrados. (Para ler tudo faça clic no título da notícia).

NOTA: Fazendo fé na notícia, somos levados a interrogarmo-nos, afinal, para que pagamos impostos? Além de eles deverem servir para as mordomias e luxos dos políticos, deviam ser destinados a fazer face às necessidades básicas dos cidadãos. E, se fôssemos um Estado de Direito(como referia há dias o líder da bancada parlamentar do PS, nas suas palavras habitualmente balofas e vazias de chttp://foiporbem.blogspot.com/onteúdo sério), esta segunda finalidade dos nossos dinheiros devia ser prioritária. Mas o cidadão não tem direitos, tem apenas deveres.

Há anos, a então directora do jornal A Capital dizia na TV que é totalmente sensato e justificado deixar de pagar impostos tendo em vista o mau uso que deles é feito. Com o tempo temos de homenagear a sua clarividência. Que a sua alma esteja em paz.

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Promiscuidade público-privado e corrupção

Transcrição seguida de artigo de NOTA:

Parlamento SGPS
Jornal de Notícias. 07-07-2010. Por Paulo Morais.

Na recente cimeira da Transparência Internacional, na Albânia, a representante da Mongólia confidenciava-me que no seu país a maioria dos parlamentares tinha ligações ao mundo dos negócios. E atribuía a este facto a existência de elevados níveis de corrupção. E por cá? Estaremos melhor que os mongóis?

Parece que não. As ligações empresariais dos deputados fazem-se sentir em múltiplos sectores, e principalmente naqueles em que a promiscuidade com o Estado é mais rentável, das obras públicas ao ambiente, das finanças à saúde.

Os deputados detentores de grandes escritórios de advogados são a face mais visível desta realidade. De cada vez que um deputado/advogado debate ou elabora legislação, vacila entre lealdade ao povo que o elege e a fidelidade às empresas que lhe pagam.

Mas esta duplicidade de papéis sente-se em cada sala do Parlamento. Quando reúne a comissão parlamentar de obras públicas, com seis dos seus membros directamente ligados ao meio, mais parece estar reunida uma associação empresarial do sector. Afinal, que interesses ali se defendem? Os deputados/empresários representam o povo junto do sector, ou o sector junto do Estado?

E na saúde? Também se deverá sentir desconfortável o presidente da comissão, Couto dos Santos, administrador da construtora MonteAdriano, quando se discutam obras em hospitais ou centros de saúde.

E por aí fora. O despudor é de tal ordem que até a comissão de combate à corrupção foi presidida por Vera Jardim que, na sua qualidade de presidente do Banco Bilbao Viscaya e duma leasing imobiliária, representa os sectores mais permeáveis à corrupção, a finança e a construção civil; já para não falar do seu vice-presidente, Lobo de Ávila, que pertence aos órgãos sociais das empresas de Miguel Pais do Amaral, com inúmeras ligações ao Estado.

Os exemplos são inúmeros, a promiscuidade entre política e negócios é regra. A Assembleia aviltou-se e já nem parece um parlamento democrático. É mais um escritório de representações.

NOTA: Este tema tem algo de condizente com aquilo que foi focado nos posts Promiscuidade entre política e empresas, O amiguismo alargado e o O amiguismo por outra óptica.

Seria interessante que os mais altos representantes da Nação viessem explicar aos portugueses, de forma clara e não para camuflar e enganar, aquilo que se passa e, no caso de se comprovar o que o articulista diz, fossem anunciadas medidas efectivas para moralizar a vida pública em Portugal, a fim de credibilizar a Política e de dar aos contribuintes motivo para passar a respeitar os eleitos e neles poderem ter confiança.

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