Políticos de grande categoria !
(Publicada no Público de 7 de Março de 2006, p. 5)
A Assembleia da República (AR), sede do poder legislativo, é o segundo órgão de soberania, depois do PR e antes do Governo, cabendo-lhe a função de fiscalizar os actos deste, para o que tem competência para convocar e ouvir o Primeiro-Ministro ou qualquer Ministro para justificarem as suas decisões ou posições publicamente assumidas. Se nas suas reuniões, os Deputados podem usar de palavras mais acaloradas e menos corteses ou para expressarem acaloradamente as suas opiniões ou para ganharem pontos na sua apreciação pelo partido com vista a futuras recompensas, como, por exemplo, na CGD ou na GALP, devem, pelo contrário, evidenciar mais comedimento e consideração, na qualidade de anfitriões, quando recebem um membro do Governo. Também este, reciprocamente, não deve perder de vista que se encontra perante elementos de um órgão de soberania de grau hierárquico superior ao daquele a que pertence.
Porém, a seguir ao Carnaval, pudemos assistir pela TV a atitudes indecorosas que mais pareciam próprias dos folguedos da época finda no dia anterior. Um Ministro a puxar pelos cabelos brancos como querendo provar a sua experiência da vida e a sua versatilidade política (bem notória) para menosprezar o mérito de Deputados mais jovens, no vigor das suas capacidades vitais, e estes, por outro lado, a referirem a incoerência do assumido avô. Só faltou que a TV colocasse em fundo as palavras de Jorge Sampaio, ditas no Sátão, a dizer que é necessário «lutar contra a cultura antipolítica» e a meter tudo na ordem e nas boas normas de educação, que segundo o Ministro, não abunda. Realmente, com representações teatrais de tal nível, a cultura antipolítica continuará a desenvolver-se, a enraizar-se e a tornar-se resistente a qualquer «luta» bem intencionada, seja quem for o seu mentor.
Mensagem de fim de semana
Há 5 horas
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