segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Eficiência na comunicação

(Publicado no blogue Do Miradouro em 28 de Março de 2009)

Usando do diálogo que a Internet possibilita, alinho estas frases após ter sido estimulado a «escrever bem» pela escritora Alexandra Caracol através do texto que inseriu no seu blogue e que aqui deixo entre aspas. Escrever ou falar bem é indispensável no acto da comunicação com o outros. Ao comunicar, estamos a desempenhar o papel do carteiro em relação à ideia que pretendemos levar, comunicar, ao outro. Ao transmitirmos uma ideia, não basta ficarmos satisfeitos pela forma como o fizemos, mas devemos imaginarmo-nos na pele do receptor e avaliarmos a facilidade de ele extrair do texto a ideia que com este quisemos enviar. Para a comunicação ser eficaz, sem deturpar a mensagem, há que utilizar uma linguagem comum, com palavras de significado bem conhecido tanto pelo emissor como pelo receptor. Este conceito fica bem evidente quando a comunicação é cifrada, o que obriga a que os dois intervenientes usem a mesma chave para codificar e descodificar.

Para bem escrever é preciso conhecer bem a língua utilizada, a sua gramática e a força das palavras. Mas antes de alinhar as palavras e as frases, é imprescindível clarificar a ideia, isto é, PENSAR, raciocinar, o que hoje é um luxo pertencente a muito poucos. Os próprios governantes, caiem em contradições e incoerências frequentes, por não saberem raciocinar sobre os dados por eles próprios anteriormente estabelecidos. Há que racionalizar o encadeamento das afirmações e dos considerandos que a suportam, procurando a maior clareza do pensamento e a sucessão dos argumentos para ser fácil ao receptor ficar de posse completa da ideia que lhe foi entregue. Já me aconteceu ver textos meus preparados com grande dose de ironia serem interpretados em sentido oposto ao desejado por a ironia não ter sido apercebida por alguns leitores.

Cada um de nós tem de procurar a excelência em todos os seus actos e ajudar os seus familiares e amigos a fazerem igual esforço. Não somos obrigados a morrer ignorantes nem incapazes de falar e escrever bem. Expor de forma correcta um tema, conduz-nos a um melhor conhecimento, em consequência do esforço de raciocínio para preparar a exposição, o que evidencia a interacção entre os dois momentos.

A comunicação e a escrita aprendem-se. Noutros tempos, as escolas, os professores de Português incitavam os alunos a escrever bem sobre temas, uns impostos e outros livres. Tive um professor que nos mandava fazer resumos de partes dos Lusíadas e outras obras e, todas as semanas, fazíamos uma redacção sobre «o caso da semana» e, na segunda-feira, eram chamados uns tantos para lerem o seu trabalho e todos fazíamos a seguir a crítica. Também as publicações tinham concursos de contos e outras redacções dando prémios simbólicos aos melhores. Hoje, impera o facilitismo, com a ideia de que o que é preciso é que nos façamos entender. Só que muitas vezes não se entende e faz-se uma interpretação errada, como é o caso de muitos contratos, de que resultam problemas.

Actualmente, o computador veio dar uma grande ajuda à escrita. Aquela frase que veio à mente quase no fim do texto é facilmente inserida a meio ou no início, no local onde melhor se enquadre na estrutura do texto, não havendo, por isso, desculpa para o ziguezague do percurso em que se repete um aspecto ou se avança e recua no fluir da expressão.

Saber escrever, saber comunicar, aprende-se e incrementa-se com o estudo, a experiência e a análise de bons textos. A divisão das orações (A TLEBS que me desculpe se o termo já não é este) constitui um teste essencial para verificarmos se uma frase está correcta.

Nota: este texto foi escrito em 3 de Dezembro de 2006, mas mantém-se actual, excepto na referência à TLEBS.

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