Políticos (des)prestigiados
(Publicada no Metro em 9 de Dezembro de 2005)
Já vai sendo tempo de os políticos, principalmente os ocupantes de cargos públicos, serem pessoas com prestígio reconhecido pelos cidadãos e merecerem confiança e crédito. Mas, infelizmente, não passam muitos dias sem levarmos com um balde de água fria na cara. Agora, é mais uma confirmação de que os políticos não falam verdade. Há poucos dias, ficámos a saber que, de entre dois políticos que deviam ter indiscutível credibilidade, um mentiu, ou o primeiro-ministro ou um candidato a Belém, sobre um pretenso «convite». Depois, veio a afirmação em termos «indiscutíveis» de que nenhum avião da CIA passou por Portugal. É lógico pensar que essa afirmação não se baseava num conhecimento fundamentado e, portanto, não seria para acreditar. E, de facto, passadas poucas horas, a declaração amaciava o tom passando a dizer que oficialmente não havia conhecimento de qualquer avião da CIA ter passado por aeroportos nacionais. Já era uma declaração menos precipitada e mais cautelosa, se bem que o «conhecimento oficial» não é coisa que mereça o prémio Nobel! Agora, os jornais dizem que «Portugal foi visitado 25 vezes por aviões da CIA». Perante isto, não é abusiva a conclusão de que as palavras de políticos não são para acreditar, não são para levar a sério. Eles esquecem a sua função democrática de governar o País em nome do povo e para o povo, devendo respeitar a inteligência dos cidadãos e serem discretos e metódicos, preparando bem as suas eventuais declarações públicas. Mas, pelo contrário, ao mínimo pretexto, correm para as câmaras e os microfones com uma obsessão mórbida de mediatismo e populismo, dizendo coisas que não foram pensadas, que não têm lógica nem consistência e que retiram prestígio e credibilidade aos representantes que os eleitores escolheram para exercer o Poder em seu (do povo) nome.
Roguemos a Deus que (apesar da aversão ao crucifixo) se compadeça deste rectângulo e ilumine os neurónios dos governantes.
DELITO há dez anos
Há 3 horas
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