Razão, emoção ou interesse?
(Publicada no Independente em 10 de Março de 2006, p. 43)
Quando olhamos à volta, temos a sensação de que a vida das pessoas e das sociedades a todos os níveis seria melhor e mais previsível se assentasse na racionalidade das decisões e dos comportamentos. Mas, a realidade não é assim, sobrepondo-se à razão a emoção e, muitas vezes, interesses inconfessos. E isto acontece não num ou noutro caso, mas na maioria deles. Presentemente, a Comunicação Social e as conversas dedicam demasiada atenção à hipotética pandemia da gripe das aves que no Oriente, onde teve origem, e no resto do mundo, causou no total pouco mais de uma dezena de vítima humanas. Mas, por outro lado, não se vê dedicar semelhante atenção à mortandade nos acidentes rodoviários que assume proporções gravíssimas e que podia ser drasticamente reduzida se os condutores usassem de mais cuidados, prudência, respeito pela vida própria, dos seus passageiros e de outros utentes da estrada.
Apesar do «brilhantismo» dos governantes e deputados, das avultadas somas dadas a instituições de prevenção rodoviária, dos aumentos substanciais do valor das multas e coimas e da criação das inspecções periódicas obrigatórias dos veículos, o número de mortos e feridos tem-se mantido sem alteração sensível, ao longo dos últimos anos. Todas as medidas tomadas não passaram de palavras inócuas, e tudo continua praticamente na mesma. Continua-se à espera de que uma inteligência mais iluminada descubra a solução que coloque Portugal ao nível dos países europeus, considerando a proporção da quantidade de carros existentes, do combustível consumido, etc.
Neste momento, é mais urgente combater esse flagelo real do que a gripe que tem apenas um baixo grau de probabilidade e cuja gravidade ainda não está realmente comprovada. O que estará por detrás desta falta de racionalidade? A emoção ou interesses?
A Decisão do TEDH (398)
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