(Publicada no Jornal de Notícias em 11 de Março de 2006, p. 39)
Já não sou muito jovem e as duras experiências da vida não me deixam ficar espantado com qualquer facto trivial e, conseguindo, pelo contrário, ver as coisas com um sorriso, enquanto muita gente fica indignada. Foi, por isso, que gostei da recusa do «Ganda Mário» a apertar a mão ao Presidente Cavaco. Este facto veio clarificar a opinião que dele tem muita gente esclarecida. Aquele gesto assumido livre e espontaneamente, foi sem dúvida sincero e pode ser interpretado como uma confissão de arrependimento, talvez não intencional, mas vinda do fundo do subconsciente, pelas ofensas infantis e insensatas que fez durante a campanha eleitoral. Reconheceu no seu íntimo que, depois do «pé na argola» e de outras arrogâncias de quem se considerava (?) vencedor absoluto e indiscutível, não tinha agora coragem para olhar nos olhos o vencedor desse prelo em que ele não passou dum modesto terceiro lugar, apesar da máquina poderosa que o apoiava. Mas, se o cristianismo perdoa ao pecador contrito, também o «Ganda Mário» espera o perdão.
Mas não há dúvida que nos podia poupar esse espectáculo próprio de «puto reguila» que não se coaduna com a sua provecta idade, com a sua condição de ex-Presidente da República e com a sua recente aspiração a novo mandato em Belém. Podia alegar qualquer razão e não ir à cerimónia, mas esta sua infantilidade veio trazer à memória outros gestos igualmente desprestigiantes que o bom povo português tem procurado esquecer. Mas não é compreensível que tivesse perdido o pudor e cometido um acto tão «reguila» perante a TV que levou a imagem para todo o mundo. Parece, por isso, poder concluir-se que Portugal ganhou por ele não ter sido eleito. Realmente, o «Ganda Mário» pode ter a próstata em bom estado, como ele disse no Brasil, mas deixa dúvidas se o cérebro ainda tem alguns neurónios a funcionar razoavelmente.
Sócrates de novo
Há 1 hora
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