(Publicada no Destak em 5 de Junho de 2006, pág. 15)
Notícia de 31 de Maio diz que «deputados adaptam agenda a Mundial». Não é de espantar! É apenas uma simples questão de prioridades entre as suas obrigações perante os cidadãos eleitores e contribuintes e, por outro lado, os seus gostos pessoais pelo principal desporto de massas. Esta é mais uma prova de que, nas suas complexas personalidades, domina a ideia de que o voto que lhes foi dado nas eleições lhes confere o direito de fazerem ou não fazerem aquilo que bem entendem. Está ainda fresco na memória dos cidadãos a debandada dolosa de 12 de Abril em que a maioria deu primazia aos desejos individuais de férias da Páscoa antecipadas em prejuízo da votação de diplomas legais no plenário. E não foi divulgado o resultado dos inquéritos disciplinares daí resultantes.
Depois queixam-se de anti-parlamentarismo! Mas o que existe, na realidade, é um sentimento justificadamente arreigado de anti-deputados, anti-políticos e anti-governantes que é alimentado persistentemente pelos comportamentos de Suas Excelências. E não tenhamos dúvidas, porque situações anteriores apoiam esta perspectiva, que uns quantos deputados e governantes, apesar da crise do défice, irão ver desafios do Mundial à Alemanha, declarado que vão em trabalho político-partidário, com direito a ajudas de custo e viagens pagas..
Como é suposto que os deputados são um exemplo a seguir, pela sua devoção ao bem público e pela sua generosidade a favor dos legítimos interesses colectivos do País, seria interessante que legislassem no sentido de todos os funcionários públicos poderem também assistir pela TV aos referidos desafios de futebol e, porque não, aos episódios das telenovelas suas preferidas.
Poderão argumentar que isso seria nocivo ao País, mas podemos responder que depois de os políticos contribuírem para que ele se afunde, ao menos que nos afundemos com um sorriso nos lábios e cantando a canção épica «na-na-na-na-na» ou outro hino semelhante.
Sócrates de novo
Há 1 hora
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