(Publicada no Correio da Manhã em 19 de Março de 2006, p. 18)
O ministro da Saúde anunciou que cancelou o concurso para a construção do hospital de Loures, recomeçando do zero. Certamente, terá havido razões ponderosas para tal decisão. Sem dúvida, que houve custos e o principal foi o tempo perdido na aquisição de uma estrutura de que, desde há muito, é sentida a falta. O facto lamentável não é o cancelamento do concurso, mas sim a realidade que isso representa. Parece que os projectos surgem por capricho dos governantes e são cancelados ou alterados quando estes mudam, com os custos inerentes. Nenhum partido é dono exclusivo do futuro do País e, por isso, parece ser indiscutível que, pelo menos, os projectos cuja concretização demora mais do que o tempo de uma legislatura devem ser lançados após consenso dos principais partidos, a fim de que o governo seguinte, já comprometido com eles, não os cancele e faça voltar à estaca zero. Imagine-se o que isso poderá representar para o Aeroporto da OTA ou para o TGV, daqui a três anos! Será conveniente para o Estado e para os cidadãos contribuintes que os principais projectos sejam previamente aprovados pelos partidos com capacidade para formar Governo.
Os avanços e recuos fazem recordar os discursos a apoiar a luta contra a desertificação e a recente decisão de encerrar as urgências em muitos centros de saúde do «Portugal profundo» ou a afirmação de que «somos um país de turismo, ‘ponto final’», porque a jusante não surgem decisões coerentes com este ‘objectivo’. É imperioso que haja coerência e perseverança da parte dos principais decisores políticos, orientando cada acção para as finalidades bem definidas em directrizes estratégicas amplamente aprovadas e difundidas aos cidadãos para também estes a aceitarem como farol dos seus investimentos.
Sócrates de novo
Há 1 hora
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