segunda-feira, 30 de setembro de 2019

GOVERNO DESEJÁVEL



De hoje a uma semana, haverá eleições de que resultará um Governo, novo Poder Executivo, que deverá definir objectivos claros, de médio e longo prazo, para os sectores essenciais da Nação. Tais escolhas de objectivos devem resultar de estudos bem pensados, sólidos, das causas e condicionamentos dos problemas que precisam de solução, e de ideias estratégicas focadas num futuro melhor. Depois, deve proceder uma organização simples, sem burocracias desnecessárias, e eficaz para os concretizar de forma adequada.

O pessoal que, nos serviços públicos, terá a responsabilidade de realização das tarefas para a realização dos objectivos nacionais, deve ser escolhido, não por motivos de amizade ou família ou clubismo, mas em resultado de uma escolha serena e ponderada de pessoas que tenham preparação e experiência para o efeito.

Quanto a decisões dos governantes, é imperioso que os seus autores tenham consciência de que as palavras nada valem só por si se não forem traduzidas em acções adequadas. Por isso, não basta decidir e escrever despachos, comunicados, etc., pois é indispensável preparar tudo, com realismo, para serem obtidos os resultados desejados. Não deve voltar a acontecer como com a decisão de ELIMINAR OS PLÁSTICOS e, depois de algum tempo, os governantes lamentarem ter ficado tudo na mesma, porque não foram difundidas as necessárias instruções e comunicações sobre as condições e modalidades de acção para que isso resultasse. Faltaram preparativos de instrução e de criação de ambiente para as empresas alterarem os seus procedimentos de aquisição e utilização de outros instrumentos, e para os consumidores aderirem com entusiasmo à alteração dos seus comportamentos na utilização e no destino final.

As pessoas devem ser, permanentemente, consideradas o alvo superior em qualquer decisão. Esta deve ser devidamente ponderada quanto aos efeitos desejados e as pessoas devem ser ouvidas para se conseguir calcular a sua adesão e criar nelas bom espírito de colaboração naquilo que se destina a melhorar a sua qualidade de vida. As decisões tomadas por capricho ou inspiração pessoal imediata, raramente, resultam de forma correcta como aconteceu na de transferir para o Porto o INEM.

Depois de estudar as causas e condicionamentos dos problemas e de ouvir pessoas que os conhecem e de tomada decisão, convertida ou não em documento legal, para que os resultados sejam os desejados, é essencial o acompanhamento das actividades, para correcção e melhoramento das comunicações a fim de conseguir a melhor colaboração de todos os executantes e, a partir daí, se necessário, decidir medidas adicionais que tornam a adesão mais motivadora e entusiástica.

domingo, 29 de setembro de 2019

O SUSTO GLOBAL

O susto global
Transcrição do artigo de O DIABO nº 2230 de 29-09-2019, pág 12-13. Pelo Sociólogo Augusto Deveza Ramos

O clima foi sempre um instrumento político e militar. Quem controlar a narrativa do clima controla as vontades do planeta

Numa semana internacionalmente marcada pela Cimeira da Acção Climática, em que uma criança sueca foi usada como “argumento” emocional das teorias ambientais “da moda” e o Presidente Marcelo, ao discursar nas Nações Unidas, associou Portugal ao alarmismo catastrofista do “politicamente correcto” de esquerda, O DIABO entra no debate sobre o clima e dá voz às crescentes dúvidas sobre uma “agenda ambientalista” cada vez mais politizada.

1.O susto

A opinião pública tem sido intoxicada e atacada com propaganda acerca do clima. É um esquema ideológico socialista. O objectivo é criar impostos, atacar as soberanias, rebaixar a classe média e vigiar os comportamentos individuais: tudo em nome do preconceito a que deram o nome de «aquecimento global».

Uma das principais agendas nos Media tem sido que «o clima do planeta está a mudar» e que não se pode fazer nada por isso, senão «pagar mais impostos para que cientistas tentem resolver o problema». Grande parte da opinião pública não tem tempo para aprofundar essas premissas e acredita, sem muita dúvida, na intoxicação das televisões, rádios e jornais. Um pequeno resumo dramático acerca do “apocalipse no clima” transmitido no telejornal da noite é o suficiente para que parte significativa da população considere o ‹susto› climatérico como verdadeiro. O objectivo é gerar conformismo nos contribuintes e eleitores e até messianismo nas classes sociais marginais. O susto baseava-se numa premissa geo-estratégica, mas errada à partida: é possível enganar a maioria da população e até países.

À medida que a globalização avançou, a ONU e organizações internacionais adquiriram legitimidade para, literalmente, enganar a população com as narrativas mais absurdas, do susto climatérico aos benefícios da migração, sem esquecer as glórias da China. O logro foi criado para que os globalistas mantivessem a população assustada e hipnotizada, mais dócil para pagar impostos mundiais, sem fazer perguntas e até se juntarem à ‹causa›. O esquema não é novo. O clima foi sempre um instrumento político e militar. O que é inédito é a disseminação planetária de uma mentira que está a ficar muita cara ao ocidente.

Até aos anos 70, a ONU e os globalistas mantinham a população hipnotizada com a ameaça da guerra nuclear entre a URSS e os EUA. Assim que a Guerra Fria terminou, era preciso manter o hipnotismo da obediência, um novo medo. Foi quando os globalistas forjaram a «catástrofe climática». Mas não foi um processo pacífico, foi cómico. Por exemplo, nos anos 70 a revista ‘Time’ publicou três capas medonhas acerca do gelo ameaçador para a humanidade: era o «arrefecimento global». De repente, tudo mudou. A maturidade revelou que final era «aquecimento global».

Estas organizações supranacionais, como a ONU, são organizações ideológicas que usam a ciência para justificar as suas políticas. Mas algo mudou: se a empreitada tinha avançado sem grande resistência, com filmes retóricos como o de Al Gore, “Uma verdade inconveniente” (em sequela), o susto parece que deixou de funcionar. O planeta acordou.

2.Uma hipótese

O “aquecimento global” não é uma teoria, é uma hipótese que nunca mostrou prova científica. Para isso, as organizações globalistas conseguiram reunir um consenso mundial, expandido, acerca desta fraude científica: «o homem emite dióxido de carbono (CO2), causado pela indústria e automóveis, para a atmosfera, que gera uma camada de ozono que afecta o efeito de estufa e gera o aquecimento da terra». A lenda passou tantas vezes nos ‘tops’ mediáticos que apenas os especialistas duvidaram desse refrão. A maior parte da população ouviu, encantou-se e até alinhou com a sereia. Mas poucos a dissecaram a lenda.

Em primeiro lugar, o CO2 (Dióxido de Carbono) é um gás fundamental na vida humana: sem CO2 as plantas não vivem, não há pasto para os animais, nem alimentação para a humanidade; em segundo lugar, não há relação provada entre emissão industrial e aquecimento global. Segundo Luiz Carlos Molion (Universidade de Évora, Universidade Federal de Alagoas, Brasil, e Western Michigan University, EUA), o maior aquecimento da terra no século XX deu-se entre 1925 e 1946, quando o homem lançava menos de 6% de CO2 para a atmosfera; terceiro, a camada de ozono a ser formada desaparece pelo efeito de auto- -regulação da atmosfera, e quando chega aos polos frios, literalmente desaparece; quarto, não existe nenhum preservativo na terra chamado «efeito de estufa».

E se é verdade que tem havido um aquecimento da terra, é falso que esse aquecimento tenha causa atribuível, isto é, causa humana. O aumento das temperaturas é causado pelo Sol, que aquece os oceanos e difunde correntes marítimas quentes que podem afectar os glaciares. Esta verdade é inconveniente porque não tributável, a não ser que as finanças globalistas já estejam a observar a contabilidade do nosso velho amigo Sol.

Al Gore exala nos seus documentários que o “CO2 é a causa do aquecimento da terra”, invertendo a realidade: na verdade, há mais CO2 depois do aquecimento da Terra (quando o sol emite mais temperatura à Terra, aquece os oceanos, que libertam CO2, e estimula os seres vivos, plantas, que produzem o CO2 pela fotossíntese). Al Gore e os globalistas tributários insistem que o CO2 é o ‹mau da fita› no planeta, não revelando que sem carbono não estariam cá para continuar a enganar-nos. O dióxido de carbono é fundamental à vida: é gerado pela fotossíntese de plantas, num processo de transformação de energia solar em energia química que é distribuída aos seres vivos (animais, humanos) que consomem essas plantas no ciclo da teia alimentar.

Como o dióxido de carbono é armazenado naturalmente nos combustíveis fósseis, os globalistas decidiram perseguir os seus armazéns: petróleo, carvão, gás natural. Mas é mais um esquema económico geo-estratégico a médio prazo. Porque se trata de sancionar os países produtores destes combustíveis fósseis, como a Rússia, produtora de gás natural.

3.A fraude

Não há evidência científica de que o aquecimento global tenha relação com o aumento de CO2. Até agora, nenhum organismo ambientalista, ou académico, provou isso. Não passa de uma hipótese que nunca cumpriu a última etapa epistemológica: a prova. Os globalistas associam directamente o crescimento do CO2 à revolução industrial, mas é uma falácia: o CO2 é produto do aumento da temperatura (actividade do sol) e não o contrário.

Esta propaganda fraudulenta tem origem no IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change), um organismo político (não científico) que foi criado em 1988, nas Nações Unidas (ONU). O IPCC não produz pesquisa original, apenas sintetiza o conhecimento produzido por cientistas «independentes» mas «ligados a organizações e governos» (sic). É uma espécie de central de difusão de relatórios duvidosos para justificar a administração de políticas tributárias. Mas até o próprio IPCC tem recuado nas suas premissas, cada vez mais denunciadas como fraudes. O IPCC emite relatórios de 4.000 páginas (que conta que ninguém leia) mas concentra dezenas de especialistas a elaborarem sumários de 25 páginas, com linguagem volátil, para acertar nas redacções dos jornais e televisões e, principalmente, na agenda de incautos ministros dos governos soberanos.

4.A maldita agenda da ONU

O Protocolo de Quioto e o Acordo de Paris (que Trump não assinou) pretendem 100 biliões de dólares/ano, em impostos, para reduzir “emissões” de carbono (atribuídas ao homem e não à natureza). Esses biliões provêm dos bolsos dos contribuintes de todo o planeta. O objectivo do embuste será «reduzir as emissões de CO2» e atribuir as culpas ao Homem. Objectivo em que o Papa Francisco tem sido cúmplice.

Mas os objectivos são outros: em nome da redução das emissões de CO2, a ONU, através do IPCC, pretende empobrecer o Ocidente desenvolvido em três vectores: primeiro, aumentar os impostos gerais e à classe média detentora de indústria; segundo, atacar a infraestrutura dos países, sua produção e energia - 80% da energia eléctrica mundial depende dos combustíveis fosseis, petróleo, carvão e gás natural; terceiro, atacar os direitos e soberanias (o cidadão terá de obedecer a ‹níveis› de comportamento e consumo que o Big Brother da ONU vigiará). E não fica por aqui: a China, o país mais poluidor do mundo, está isenta de obrigações ambientais. Hoje a China é tão desleal na sua concorrência no Ocidente que tem electricidade sete vezes mais barata que a Europa, favorecendo a sua expansão económica e ideológica totalitária no planeta, como mostra a sua recente invasão a Hong Kong e a disseminação da tecnologia-espiã 5G no ocidente.

Se a ONU pretende reduzir emissões de carbono - por impostos, controle da energia e produção - vai atacar 80% da estrutura mundial que precisa de combustíveis fósseis (petróleo, carvão, gás) para produzir electricidade. Isto vai gerar estagnação, desigualdade e pobreza em muitos países. Mas não se preocupem: a “Agenda 2030” da ONU já previu isso na sua primeira alínea («combater a fome em todo o mundo»); e se os impostos em nome do carbono vão causar massivo desespero e fuga à fome pela migração, a ONU também já forjou em Marraquexe, no ano passado, o Plano Global das Migrações - o plano que prevê que os países signatários (Portugal incluído) acolham migrantes vindos de países asfixiados pelas taxas de carbono. Isto não é apenas um embuste tributário, é muito pior: é criar pobreza e caos mundial, destruir fronteiras, prosperidades nacionais e locais, incitar à migração desesperada. Tudo isto para a subreptícia intenção da ONU: gerar o governo mundial de «emergência», centralizado, sem democracia, que iria salvar o planeta do clima e da fome.

5.Perguntas inconvenientes

Se a ameaça de aumento do nível do mar, causado pelo degelo nos polos, é real, porque comprou a vedeta de uma “Verdade Inconveniente”, Al Gore, uma casa de praia no valor de 9,5 milhões de dólares junto ao mar, a poucos centímetros acima do nível do mar, em Montesito, Califórnia? E porque fez o mesmo, o ex-presidente Barak Obama, que pagou 15 milhões por uma casa de praia numa ilha, bem rente ao nível do mar? Será que o mar é como os globalistas, quando se eleva não é para todos?

Por que razão a Alemanha se está a preparar tanto, tendo construído 23 centrais termoeléctricas a carvão (que geram acido sulfúrico, poluente), em 2018? Porquê o mesmo no Japão? Porque podem estes países construir termoeléctricas (carvão contém carbono) e outros países não? O que se está a forjar por trás das cortinas?

6.Respostas convenientes

O grande público, admite-se, não tem tempo para aprofundar a propaganda massiva que lhe é inculcada. Uma “mentira repetida torna-se verdade”, dizia Goebbels, Ministro da Propaganda de Hitler. A propaganda do «susto do clima» conta com biliões de dólares doados a centrais de difusão e Media para produzirem acólitos, missionários e até pategos.

Importa desmistificar estes mitos:

1) Nível do mar - não depende do aquecimento global mas do movimento das placas tectónicas, ventos, ondas dos oceanos e até do ciclo lunar; está, por exemplo, a baixar nos países nórdicos (a terra elevou-se por movimento tectónico); depende de um planeta inquieto, é o resultado de fenómenos de agradação (formação de praias) e degradação (da praia);

2) Aquecimento - houve um aquecimento da terra desde o início do século, o problema é que a ONU, pelo IPCC, diz que isso é responsabilidade do Homem; não é, o Sol é o responsável por isto tudo;

3) Derretimento glacial - resulta de ondas marítimas quentes vindas do Sul que entram no Árctico, aquecem as águas profundas e descongelam a infraestrutura dos icebergues, não é culpa do Homem;

4) Previsões - as hipóteses do IPCC e Al Gore não provêm da observação, saem de modelos de computador sem metodologia científica, onde não são tratadas variáveis fundamentais, como nuvens, ciclo hidrológico, movimentos de calor, oceanos;

5) Tendência - o clima está a mudar para o arrefecimento até 2035;

6) Lua - os ciclos da Lua interferem com a gravitação da terra, por vezes «puxam» os oceanos e estimulam correntes marinhas quentes e frias que afectam os climas locais e globais;

7) Camada de Ozono - não existe; o ozono desaparece diante das temperaturas da Antárctida;

8) Aquecimento local - incêndios, inundações, indústria, poluição, não têm impacto global, apenas local, no micro-clima, que a atmosfera dissolve rapidamente;

9) Chuvas - são fenómenos cíclicos de variação da temperatura dos oceanos que causam precipitação nos continentes, não dependem do aquecimento global.

7.Conclusão

Quem controlar a narrativa do clima controla as vontades do planeta. É o que pretende a ONU. O mais pernicioso nem é a fraude da hipótese do “aquecimento global”, mas a inculcação e danos que a propaganda já gerou na opinião publica e nas infelizes gerações que não tiveram oportunidade de questionar a doutrina. Hoje o clima é desculpa para todos os males da humanidade: pobreza, dilúvios, ursos polares, vontade de trabalhar, aborto, hiperpopulação, e até raças. A propaganda cumpriu o seu propósito: criar confusão, caos e desinformação, a favor dos ‘lobbies’ de mega- -empresas, governos e suas estratégias.

As dezenas de reuniões mundiais para o clima, servem actualmente apenas para discutir novas e mais sofisticadas formas de colonização globalista. Por exemplo, o ex-presidente do Brasil, Color de Mello, revelou, dois anos depois de assinar o Protocolo de Montreal de 1987 - taxação de CFC›s (spray, ar condicionado) – que tinha sido chantageado pelo FMI para poder renovar a ajuda ao Brasil. É assim. Os países pobres assinam tratados porque apenas querem subsídios financeiros dos globalistas, mas nunca se vão desenvolver ao nível dos ricos. A ‹Cosa Nostra› não permite.

O objectivo global do embuste do «clima aquecido» é centralizar decisões e controle: em nome do controle do clima, ‹gerem-se ‹os climas locais, isto é, controlam-se os recursos locais não apenas dos países, mas principalmente regiões, zonas e áreas, onde são mapeados os seus recursos minerais. Isto não tem nada de ambiental ou de eliminação de pobreza, é pura táctica geo-económica a prazo. Que inclui a desindustrialização de países em ascensão - como Portugal, que paga a electricidade caríssima e torna o país repelente a investidores estrangeiros, mantendo-o planeadamente insolvente e eternamente dependente da ajuda dos bancos centrais, o BCE ou FMI (globalistas).

Mas há boas notícias: milhares de cientistas, nomeadamente da NASA, denunciam o esquema do ‹aquecimento›; outros estão simplesmente em debandada. E Lord Monkton, um intrépido escocês, critico do logro, afirmou recentemente que «quando a ONU aceitar que o esquema é uma farsa está terminada a esquerda no planeta».

E é disso que a fraude do «aquecimento global» trata: da sobrevivência de um fóssil: a esquerda internacional. Não da nossa amada casa Terra. ■

quinta-feira, 26 de setembro de 2019

VOTAR COMO?

Votar como?
(Publ. em O DIABO nº 2230 de 27-09-2019 pág 16, por António João Soares)

Estamos próximos da data de exercer o direito e dever de votar numa de entre muitas listas de candidatos às eleições legislativas. Votar é próprio da democracia, embora esta não esteja a corresponder, satisfatoriamente, aos fins que dela são esperados.

Com efeito, escolher os nossos representantes e servidores dos interesses nacionais não significa que vamos dar o voto a um grupo de pessoas que desconhecemos e que, à partida, temos justificada impressão de que, em vez serem dedicados defensores das causas nacionais, para melhoria da qualidade de vida dos cidadãos e para engrandecimento do património nacional, em bens materiais e culturais, são eivados de objectivos muito pessoais de enriquecimento volumoso e rápido sem olharem a meios para os atingir.

Os políticos desejáveis para as funções atrás referidas devem ser pessoas generosas, solidárias, respeitadoras dos direitos e liberdades individuais, dedicados aos valores éticos sociais e nacionais e desejosos de conhecer os problemas que os cidadãos querem ver resolvidos. Em complemento disso, devem possuir boas qualidades de gestores do erário, ser comedidos nas despesas, dando sempre prioridade àquilo que é essencial para os objectivos nacionais de engrandecimento do património e de melhoria das condições de vida da população nacional.

Como representantes e defensores dos cidadãos, devem ser pessoas com gosto pelo diálogo com pessoas de qualquer condição, de forma a terem facilidade na aquisição de conhecimento dos problemas nacionais, em qualquer parte do território. Nesse diálogo com os habitantes, nas suas frequentes visitas de observação do País real, devem evitar promessas ilusórias e limitar-se à realidade possível e desejável. Perante casos reais, devem estimular e incentivar as pessoas a analisar, com os amigos, as causas e os condicionalismos e, quando tiverem sugestões a apresentar, devem fazê-lo de forma construtiva para facilitar o trabalho dos técnicos que, posteriormente, elaborarão soluções. Com tal diálogo, os cidadãos devem ficar cientes de que os problemas nacionais são seus, de cada um deles e, por isso, não devem deixar de, em conversa com os amigos, procurar encontrar as soluções que achem ser mais adequadas e comunicá-las às autoridades governamentais, autárquicas, etc., para lhes facilitar a tarefa de que estão incumbidas. Será desejável que evitem, pelo diálogo, as nefastas greves de grande duração em serviços públicos que devem ter credibilidade e ser respeitados pelos cidadãos.

Perante isto, o acto de votar exige sentido de responsabilidade e o voto deve ser dado a quem inspire confiança, o que não é o caso de uma lista de pessoas de quem nada se conhece a não ser que são amigas do chefe do partido. Ora, a vida nacional de quase meio século mostra, sob muitos pontos de vista, que foi indesejável e que é altura de evitar votar em partidos que mostraram muitos defeitos, erros, más decisões e indecisões e, com isso, mantiveram o País num estado de estagnação indesejável. Por isso, há muitos cidadãos válidos que aconselham a procurar dados concretos que permitam arriscar o voto num dos partidos recentemente inscritos, embora inexperientes nas malabarices da política dita “correcta”, mas isentos de culpas na degradação que temos estado a sofrer de modo gravoso e continuado, com o esbanjamento das toneladas de barras de ouro recebidas do “antes do 25-A” e a dívida pública persistente que será uma pesada herança para as gerações vindouras.

Dos partidos recentemente surgidos, haverá alguns que reduzirão as despesas públicas hoje agravadas com benesses exageradas para ex-políticos, estabelecerão um tecto para a quantidade de sugadores do dinheiro público e para certas benesses que atingem valores chocantes quando comparadas com salários de trabalhadores activos, mesmo em altos cargos da função pública. ■

quinta-feira, 19 de setembro de 2019

CONTRA A DESERTIFICAÇÃO, PELA NATUREZA

Contra a desertificação, pela Natureza
DIABO nº 2229 de 20-09-2019, pág 16

Para a sustentabilidade da vida humana no Planeta há que dedicar muita atenção à defesa do ambiente, isto é, da Natureza, com pessoas, animais e vegetais e a biodiversidade nos seus diversos sectores. Por exemplo, evitar a desertificação nos seus vários aspectos, ou o domínio de uma espécie vegetal que impede a vida das outras, como está a acontecer com o eucalipto, uma infestante que, em muitas áreas, está a impedir o crescimento das espécies anteriormente existentes.

Em Portugal, a desertificação atingiu tal exagero que já motivou o “Programa de Acção Nacional de Combate à Desertificação, criado em 1996 e revisto em 2014”, e o compromisso assumido e referido na Agenda 2030 das Nações Unidas; e deu origem ao recente alerta do TdC para definir as linhas de acção para o combate às alterações climáticas, através da gestão do uso da água e da manutenção das florestas. Tendo havido um progressivo abandono dos meios rurais e encontrando-se o interior do País já em preocupante estado de desertificação, há urgência em tomar medidas para inverter o estado de degradação vigente. Essas medidas devem começar por dar incentivos atraentes para desenvolver actividades económicas ligadas às potencialidades locais – agricultura, pecuária, madeira, mobiliário, etc –, apoio às pessoas, repondo, de forma adequada, serviços públicos que foram retirados, no ensino, na saúde, nos correios, finanças, justiça, na banca, etc.

Há alguns anos, uma autarca do centro geográfico do continente, na Beira Baixa, conseguiu instalar uma boa quantidade de imigrantes brasileiros a fim de dinamizar o repovoamento da ária mas, como não lhes foram dados apoios atractivos, acabaram por decidir ir trabalhar em cidades, onde as condições eram mais vantajosas. Para resolver este grave problema não basta criar um “observatório” e ficar descansado de que fica solucionado, como parece ser a convicção do ministro do Ambiente. Há, pois, que deitar mãos ao problema e considerá-lo essencial e urgente. Os técnicos devem analisar localmente todos os factores intervenientes, estudar as causas e dialogar com habitantes actuais e recentes que forneçam opiniões construtivas. Com a devida frequência, esses técnicos devem apresentar o resultado da evolução do seu trabalho a fim de se evitarem indecisões e estagnação, se tomem posições oficiais quanto a resultados já consolidados e se melhorem adequadamente as estratégias para atingir os objectivos desejados em tempo aceitável.

Ao nomear técnicos para se encarregarem destas funções, devem ser escolhidas pessoas, não por amiguismo, mas por competência e experiência adquirida e demonstrada, para não serem mais um “observatório” ou “comissão” das que só excepcionalmente merecem elogio.

Há alguns anos, no distrito de Bragança houve jovens professores do secundário que, nos tempos livres, se dedicavam à agricultura ecológica de produtos alimentares, alguns ainda desconhecidos na região, e que foram noticiados na TV e apontados como exemplos a seguir. Desconheço a sua situação actual, mas há interesse em seguir tais exemplos. E empresas agrícolas como existem no Alentejo e no Algarve em mãos de estrangeiros, também podem servir de estímulo para tal sistema ser utilizado nas Beiras e em Trás-os-Montes, aproveitando bons terrenos agrícolas, que actualmente se encontram abandonados e cobertos de silvas e mato e ameaçados por eucaliptos.

No aspecto humano, como os poucos residentes, onde ainda os há, são idosos, deve ser encarada, de forma prática e satisfatória, a existência de centros de apoio de dia e de lares residenciais, o apoio de saúde e o apoio de serviços públicos para não terem de se deslocar muitos quilómetros sempre que precisem de resolver qualquer pequeno assunto da burocracia oficial a que sejam obrigados.

Não deve haver hesitações nas medidas que contribuam para anular a desertificação e para preservar a Natureza na sua melhor forma. ■

sexta-feira, 13 de setembro de 2019

UNIDOS PARA UM PORTUGAL MELHOR

Unidos para um Portugal melhor
(Publicado em O DIABO nº 2228 de 13-09-2019, pág 16 por António João Soares)

“A união faz a força”. A convergência de esforços é apanágio de uma equipa que deseja ganhar. Na vida social de um País todos devemos estar interessados no progresso, no crescimento do património colectivo e, para isso, devemos definir consensualmente objectivos estratégicos, a longo prazo, a atingir pelo esforço coordenado de todos. Cumprirá aos partidos do Governo, com a colaboração dos outros, a definição dos objectivos e de como conseguir a sua conquista da maneira mais positiva, para satisfação de todo os cidadãos, de forma realista, nos aspectos de segurança, justiça social, saúde, etc. Tal tarefa, a fim de ser respeitada durante muito tempo sem sofrer alterações da iniciativa de futuros Executivos, não deve ser levada a cabo simplesmente por Governo, de forma egoísta, prepotente e autoritária. Em assunto de tal relevância deve haver estabilidade, o que exige que na sua criação deva haver convergência de opiniões e compromisso de todos, unidos para bem do País.

Infelizmente, como se verifica em época pré-eleitoral, este conceito de patriotismo é esquecido e gastam-se de forma nada inteligente, capitais, tempo e energias em fantasias descoordenadas e ilusórias para enganar os eleitores com assunto sem significado real e duradouro e são desprezados os temas essenciais para preparar um futuro melhor, com boa qualidade de vida das pessoas e engrandecimento do património nacional. Podemos e devemos meditar sobre acontecimentos reais. No futebol o que interessa é a contagem de pontos para vencer o campeonato e nada adiantam as questiúnculas de agressividade nas bancadas devidas a uma falha do árbitro ou a um encontrão entre jogadores. O essencial não se resolve com tais violências nada desportivas. Também no Estado, a agressividade entre partidos concorrentes ao Poder, não compensa a perda de tempo e energias que deviam ser empregues na preparação do melhor futuro colectivo, com objectivos comuns bem definidos, embora contendo formas mais ou menos adequadas a opiniões diferentes.

Por exemplo, deve ser consensualmente meditada a finalidade do ensino e a melhor forma de preparação das futuras gerações, a melhor solução de apoio de saúde à população, a forma mais eficiente de garantir a segurança de todos nas mais diversas situações, sem excessos nem carências que condicionem as liberdades individuais, o estímulo a formas mais eficientes de desenvolvimento económico, sem perda de justiça social nem de estímulo à iniciativa individual, sem perda de respeito pelos direitos dos outros, pelas boas tradições culturais e sociais, etc.

Embora sem espaço para muito, refiro por exemplo a autorização para a exploração de lítio, que, além de lesar a capacidade agrícola das áreas próximas da exploração, contamina as águas que entram na rede fluvial, prejudicando as regas e as pessoas que as usam. Por exemplo, as águas da vasta bacia do rio Zêzere são colhidas na barragem de Castelo de Bode para alimentar a extensa região urbana de Lisboa. Também o turismo, que é agora um bom factor da economia nacional, exige cuidados porque, sendo uma actividade instável, muito susceptível de grandes alterações por efeito de pequenos casos de insegurança, pode ter uma paragem, semelhante à que ocorreu no Sul de França após o acto terrorista de atropelamento de várias pessoas em Nice.

Também tem sido muito falada a discrepância entre o aumento de impostos, taxas e taxinhas e, do outro lado, a ausência de proporcional aumento do património nacional, o que faz pensar nos gastos exagerados com a quantidade de deputados e de pessoal nos gabinetes da administração pública, suas mordomias, carros e luxos, sem benefício visível, directo ou indirecto, para os cidadãos vulgares.

Para as reformas estruturais serem devidamente respeitadas, precisam resultar de bom entendimento e convergência de esforços. As grandes decisões para se tornar Portugal maior não são tarefa a realizar por capricho ou inspiração de momento, mas fruto de profunda meditação, com a colaboração de largo espectro dos cidadãos. Todos devemos dar o maior contributo possível. ■

quinta-feira, 5 de setembro de 2019

A FANTASIA DEVE SER MODERADA PELA SENSATEZ

A fantasia deve ser moderada pela sensatez
DIABO nº 2227 de 06-09-2019, pág 16, por António João Soares

Ao deparar com textos referentes a inovações, originalidades com vaidade de criatividade, lembrei-me de que, em centena e meia de textos aqui publicados, dez por cento focam a conveniência de encarar o futuro com vontade de inovar, de criar, de mudar, porque a Natureza é avessa ao imobilismo e vive da constante mudança dia/noite, Verão/Inverno, etc. Os textos que agora me chegaram conduzem ao mesmo tema e hesitei em insistir nele. Mas recordei a expressão latina ‘quod abundat non nocet’, o que abunda não prejudica, e insisto em sublinhar a necessidade de moderar as fantasias inovadoras e criativas com a sensatez suficiente para não se tornarem ridículas, fruto de vaidade ostentatória que, em pouco tempo, tenham de ser arquivadas em saco seguro.

Se é certo que a Natureza não é imutável, é também verdade que as suas variações se processam em continuidade, em função de circunstâncias naturais. Mas o homem que, errada e arrogantemente, se considerou racional em oposição a animais que classificou de irracionais mas que lhe mostram, com muita frequência, que são mais racionais do que ele e lhe dão lições de inteligência desenvolvida, ele muda por capricho, por estúpida mania de querer ostentar originalidade e criatividade, tomando medidas inconsistentes e que pouco depois tem de rejeitar. E, muitas vezes, esse impulso para se tornar notado contamina o ânimo de pessoas, desviando-as das suas tarefas bem remuneradas que devem ser destinadas ao bem dos cidadãos, e o seu tempo é desbaratado sem utilidade e prejudicando o bom exercício das suas funções e, por isso, impedem que o tal ser “racional” se possa colocar em plano superior aos ditos irracionais.

As inovações atrás referidas citam a escalada pró-animais com um SNS para cães e gatos e a inovação de alunos poderem escolher WC e balneários, independentemente de sexo. A Humanidade poderá chegar a um grau de evolução que dê a cães e gatos prioridade em relação a seres humanos, mas o estado actual da vida no planeta não permite, com sensatez, fazer uma tal alteração da ética social, por decreto. Só poderá acontecer por efeito de uma evolução que venha a ocorrer durante muito tempo, naturalmente, com progressividade, e que colha a aceitação da maioria das pessoas. Antes da condenação de quem bata num cão terá que ser criada uma justiça que condene o cão que morde um humano.

É preciso reflectir na conveniência de assumir regras para encarar a necessidade de mudança e para gerir para um futuro melhor porque o futuro exige objectivos e estratégias. Há Estados a confrontar situações de precariedade e de instabilidade e indefinição devidas a decisões pouco ponderadas ou não completamente concretizadas, como é o caso da Inglaterra com o Brexit e da Venezuela com o golpe incompleto.

Regular o funcionamento dos comportamentos numa sociedade não pode ter como modelo uma brincadeira infantil, nem o trabalho de mágicos, nem a representação de palhaços. É indispensável respeitar os direitos das pessoas de que muito se fala, mas que estão a ser muito esquecidos e desprezados por aqueles que têm o importante dever de as defender e respeitar. Os hábitos tradicionais devem ser respeitados por quem elabora as leis, a não ser quando se tornam completamente desajustados à actualidade, de acordo com opinião generalizada de quem os seguia. Governar em democracia não pode ser uma imposição arrogante e tirana de quem foi escolhido pelo povo para o defender e representar. ■