(Publicada no Diário de Notícias em 20 de Dezembro de 2005)
O apodrecimento social português, não é uma questão recente, pois já Eça de Queirós o descrevia com tal pormenor que o seus escritos são ainda actuais. Trata-se de uma fermentação em lume brando que entrou nos hábitos e na aceitação do nosso povo. Faz parte da idiossincrasia nacional. Uma fatalidade que vem sendo gerida com o cuidado «quanto baste» para não quebrar a frágil continuidade. Porém, agora que Portugal tem assento ao lado dos mais desenvolvidos países europeus, há que fazer um esforço para deixarmos de ser o museu da pré-história social europeia. Mas como? Com que líderes? Para sair do «pântano» é indispensável uma operação chocante que abale as consciências, que acorde e motive as pessoas com vista a alterar hábitos antigos e adquirir procedimentos mais racionais, mais produtivos de felicidade e bem-estar. Não sendo tarefa fácil nem rápida, é preciso uma nova classe política menos egoísta e mais voltada para o bem comum, com coragem, com capacidade de diálogo para esclarecer e conseguir a adesão a metas distantes bem definidas, participadas por todos, sustentáveis. A perseverança e o consenso de todos os clãs políticos são indispensáveis. E, como substracto, há que contar com a aceitação e a colaboração do povo que não será difícil se for bem informado e conduzido com exemplos sérios e honestos da parte dos seus representantes.
Este é um tema que devia ser aprofundado antes de quaisquer eleições, a fim de não se continuar com a sonolenta gestão da continuidade do pântano já tradicional. É preciso apoiar tudo o que faça lembrar a estrela do Natal, o anúncio do nascimento de novas ideias para um futuro diferente e melhor. Mas não se espere a adesão a aventuras ou às chamadas «decisões políticas», sem que haja projectos coerentes bem explicados, sobre cuja consecução e efeitos não restem dúvidas. Não se pode mudar apenas porque sim. E preciso, um plano e programas bem delineados com realismo quanto aos meios necessários e aos resultados esperados. A escassez de recursos não permite brincadeiras que acabem por se traduzir em «um passo à frente e dois passos atrás».
sábado, 15 de agosto de 2009
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