domingo, 16 de agosto de 2009

A humanidade em regressão? 060723

(Publicada no Jornal de Notícias em 23 de Julho de 12006, p. 22)

Quando alguém ousa utilizar este título como súmula do estado actual e generalizado dos comportamentos humanos, logo aparece quem argumente que os romanos também eram criticados pelos intelectuais da época, antes da queda do Império, e apesar disso o Mundo continuou e até evoluiu nos campos das ciências, das artes e da literatura. Mas pode contra-argumentar-se que, se os romanos tinham caído em grave estado de lassidão, havia para lá da fronteira os «bárbaros» que estavam em plena força física e mental. Hoje, a crise é generalizada. Se tudo na Natureza evolui em movimento sinusoidal, com altos e baixos, surgirá um momento de recuperação. Mas não se sabe quando, quem e como.

Reparemos nos aspectos do actual estado de regressão. A poluição do ar, da água e do terreno é a causa de alterações climáticas e consequentes tempestades, secas e outras catástrofes naturais, e, na generalidade, não há medidas eficazes que evitem as agressões à Natureza. Todos afirmam que a paz e a harmonia entre os povos são um meio de conseguir melhor qualidade de vida para as populações e felicidade para os indivíduos, mas nada impede os conflitos que, embora localizados, não param de destruir vidas e património de todo o género. Sendo as armas nucleares altamente destruidoras, os Estados que as possuem continuam a aperfeiçoá-las e aqueles que ainda as não têm procuram obtê-las por qualquer meio. A generalidade das pessoas sabem que a obesidade é uma doença mas nada fazem para a evitar, sendo demasiado o número de obesos em estado avançado com que nos cruzamos na rua. O mesmo se passa com o tabagismo e outras dependências lesivas da saúde do próprio e dos sus próximos.

E o mais grave, ao olhar para todos os sintomas de degradação das sociedades actuais é que o mal está generalizado, talvez devido à globalização dos meios de comunicação e, ao contrário da queda do Império Romano e da recuperação subsequente, agora não existem «bárbaros» com capacidade e organização para impulsionar a humanidade para um rumo ascendente. Certamente, aparecerão. De onde virão?

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