sábado, 29 de junho de 2013

É MUITO CEDO PARA ARRISCAR TANTO


Muitos observadores estranharam que, após dois anos de governação difícil, em constante espiral recessiva e austeridade sucessivamente agravada, Passos Coelho declarasse querer mais seis anos à frente do Governo e que, para isso, quer dar a cara em 2015. Era demasiado cedo para mostrar tal desejo e isso atraiu sobre ele as atenções para todo e qualquer pequeno deslize nas suas palavras e nos seus actos. Seria de esperar a adopção de uma sensatez muito perfeita e vigiada no sentido de pensar previamente ao pormenor cada afirmação.

Por acaso e referente a problema de autarca, José Augusto Rodrigues dos Santos escreveu as seguintes considerações acerca da ética dos políticos: «São raros os homens que encaram a política como missão patriótica, a vivem plenamente em acertos e desacertos e que regressam à sua vida anterior como o guerreiro regressa a casa depois de muitas guerras» Na generalidade, com casos mais ou menos agudos, trata-se de indivíduos ambiciosos de poder e de visibilidade que «não sabem, nem ninguém lhes disse, que não existem políticos providenciais tal como não existem homens insubstituíveis»… «Custa-lhes regressar ao anonimato pois, quais viciados em mediatismo, não conseguem ser felizes sem as luzes da ribalta a iluminar-lhes os passos».

E, curiosamente, ao invés da sensatez acima referida e das qualidades desejáveis num político conforme expressa Rodrigues dos Santos, Passos Coelho atirou para os cidadãos menos atentos e mais avessos à filtragem das mensagens que lhes chegam, as seguintes atoardas semelhantes a muitas outras que, nos passados dois anos, o desacreditaram por virem a ser contraditadas pelas realidades advindas. Disse que a recessão em Portugal está a abrandar e que meta do défice é perfeitamente alcançável.

Não parece prudente dar esta «informação», devido ao perigo de a meta não poder ser alcançada, e se isso acontecer que desculpa espera dar ao povo de modo a que ele a aceite? E quais serão os efeitos na sua desejada corrida aos mais seis anos?

Tais afirmações feitas com intenção de gerar confiança e atrair adeptos, embora contra a seriedade, a moral e a ética, são frequentes em campanha eleitoral, em que possivelmente Passos Coelho já se sente, mas, no seu caso real, a campanha está muito distante e entretanto pode ser destruído pela «nudez crua da verdade» a que pode vir a estar exposto

Não convém arriscar demasiado quando não for o momento correcto nem previsível a utilidade.

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sexta-feira, 28 de junho de 2013

VALORES ÉTICOS, SIMPLICIDADE E FELICIDADE


No Jornal de Negócios, encontrei textos que definem um cenário optimista em 2023 originado pelas lições aprendidas com a experiência da crise crise que estamos vivendo. Isto faz pensar no livro 1984 de George Orwell, com a diferença de que este pintava um quadro pessimista e ficou aquém da realidade advinda. Seria óptimo que 2023 ultrapassasse as previsões em optimismo. Os tópicos de Isabel Jonet, presidente da Entreajuda e do Banco Alimentar coincidem na sua essência com escritos já aqui publicados em diversos posts.

Com a devida vénia, vou servir-me de palavras da autora de em 2023 viveremos melhor com menos, regressando à essência para que sirvam de «mandamentos» para melhorar os comportamentos que conduzam ao cenário edénico por ela desenhado para daqui a 10 anos. Esse cenário só poderá ser realidade se nos convencermos dos caminhos a trilhar para nosso bem e dos nossos filhos e netos.

Eis os ensinamentos e sugestões:

Na vida temos que saber separar o essencial daquilo que é secundário, desnecessário supérfluo, isto é aprender a viver com o possível e essencial e procurar valorizar a ética;
A experiência enrique-se com a aprendizagem e as ilações que possamos e consigamos elaborar e retirar de cada um dos momentos vividos, dos melhores e dos piores.
Isso nos permite ter uma melhor qualidade de vida no futuro, sem doentio apego a coisas sem real importância. Valorizar o SER acima do TER.
Com tal aprendizagem conseguiremos ultrapassar os momentos mais difíceis e criar melhores oportunidades de vida, com uma gestão mais racional de poucos recursos e o desprendimento em relação aquilo que não é essencial.
O que é secundário, os sinais de riqueza, de ostentação, o esbanjamento, impedem muitas vezes de valorizarmos aquilo que é fundamental, os valores éticos e a simplicidade. O apego às coisas materiais não essenciais absorve tempo e energias que fazem falta para construção da verdadeira felicidade.
Para bem da sociedade, todos e cada um de nós, uns mais responsáveis do que outros, com maior ou menor capacidade de intervenção, enquanto decisores ou meros agentes económicos ou políticos, mas todos imbuídos do mesmo dever cívico, devemos procurar ser capazes de apresentar e de propor soluções que permitam preparar um futuro em que seja menos provável o aparecimento de crises devidas à hipervalorização das condições financeiras e materiais.
Com a boa gestão de recursos materiais, a Redução de desperdícios, a sua Reutilização, Reparação e Reciclagem, a gestão individual, familiar e empresarial será mais económica e reduz-se a hipótese de carência de recursos.
É provável que surja escassez de recursos mas será bom que eles tenham uma repartição mais justa e equitativa para deles fazermos uma melhor utilização com um critério são de valorização do que é essencial e secundarizando o que é supérfluo, dispensável, não essencial. Assim, com menos, somos capazes de fazer mais e melhor. E,, depois do sacrifício de cada crise, podemos reflectir naquilo que vínhamos fazendo errado e na forma de rectificarmos o comportamento. Podemos, assim, lançar novas bases para uma sociedade em que se transmita aos vindouros o saber adquirido pela experiência e criar uma civilização sustentável.
O regresso à essência das coisas permite deixar aos descendentes uma herança menos pesada e hábitos mais racionais.
Estas reflexões e o hábito de pensar antes de agir permitirá uma nova reestruturação e um novo desenvolvimento das economias, contribuindo para recuperar confiança e tornar mais rigoroso o acesso ao crédito, na medida absolutamente indispensável e devidamente controlada, crucial para criar emprego e gerar crescimento conveniente, sem obsessão.
Com a indispensável intervenção do Estado reeducam-se comportamentos cívicos e de sobriedade na forma de viver em sociedade e nas opções pessoais. Assim se recuperam valores que são pedra basilar de todas as sociedades, se humanizam as interacções e se coloca o Homem no centro das decisões.
O civismo, assim fortalecido, pressuposto fundamental da sociedade ou da humanidade, levará à definição de um objectivo comum, que funcionará como mola impulsionadora e mobilizadora de toda a colectividade, o que, numa lógica de bem comum, reinventa a solidariedade, recupera a noção da responsabilidade colectiva, fomentando a certeza de que os nossos actos individuais são importantes, determinantes, para o bem-estar social, colectivo, global, fazendo interiorizar que existem direitos e deveres que não podem ser menosprezados.
Enfim, é imprescindível um regresso ao essencial, um despojamento de tudo aquilo que tem invadido as nossas vidas, sem lhes acrescentar qualquer valor efectivo. Paralelamente ao esforço individual e aos benefícios daí advenientes, será promovido o desenvolvimento e a redução das desigualdades a nível social e mundial.

Eis alguns títulos de posts já aqui publicados abordando estes ideais:

Pensar antes de decidir http://domirante.blogspot.pt/2008/12/pensar-antes-de-decidir.html
- Simplicidade de vida e justiça social 
- Dinheiro não é o essencial 
- Dinheiro não dá felicidade
- Mark Boyle: Há um ano sem dinheiro 
- Lição de vida dada por um Tuareg
- Dispensar excessos, consumismo e ostentação
- O Homem sensato e a Avestruz
- Simplicidade de vida e justiça social 
- A Simplicidade é louvável
- Simplicidade na vida
- Viver sem dinheiro, de trocas
- Obras faraónicas para ostentação
- PM Holandês usa bicicleta
- Marques Mendes persiste e insiste
- Gestão moderna é o inferno

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quinta-feira, 27 de junho de 2013

O PAIS PRECISA DE MENOS PALAVRAS OCAS E DE MAIS TRABALHO


A notícia Passos Coelho: “País precisa menos de greves e mais de trabalho” suscita algumas reflexões que os pensadores não devem deixar de nos transmitir. Mas, para um simples cidadão, surge desde logo a legalidade das greves como direito concedido aos trabalhadores de lutarem para melhorar as suas condições de trabelho e para os cidadãos evidenciarem o seu desagrado e indignação perante atitudes menos convenientes das autoridades.

Seria bom que a vida social e empresarial não oferecesse motivos para tais paragens que, por mais contidas qye sejam, causam sempre prejuízo a cidadãos isentos de culpas e, o que é muito grave, é que desperdiçam tempo e energias que seriam mais úteis se fossem aproveitadas em trabalho dedicado e rigoroso para produzir a riqueza de que os portugueses necessitam. Mas, neste aspecto, também podem surgir  pontos a polir, pois do trabalho a maior parte do benefício não reverte para quem o faz, mas para aqueles que usam e abusam do seu resultado, por deficiente ou ausente justiça social.

Por outro lado, com uma pequena mudança no título da notícia, poderá dizer-se : O Pais precisa de menos palavras ocas e de mais Trabalho. E recordo o vídeo de Constança Cunha e Sá em «Não percebo de que êxitos o Governo fala».
Dele se poderá concluir e deduzir que tem havido muita promessa não cumprida, muitas previsões insistentemente falhadas, como a da Reforma estrutural da função pública, ou do Estado, a redução da burocracia ao mínimo indispensável; etc.,
- Necessidade de agilizar a concertação social, tonificar o diálogo com confederações patronais, com sindicatos e com outras estruturas dos cidadãos,
- Conveniência de ajustar a política às realidades nacionais e colmatar o falhanço da política dos dois anos mais recentes de que, apesar de arrogâncias e «orgulho do trabalho feito», se vêm perigos no défice, na dívida, no desemprego crescente, no aperto exagerado e asfixiante da austeridade, nas falências (enfim, parece que, para os cidadãos, tudo está pior),
- Tem sido falado da intenção de aperfeiçoar o combate à corrupção, ao tráfico de influências e ao consequente enriquecimento ilícito, mas, segundo consta, a Justiça continua pouco eficaz por falta de ferramenta legislativa adequada,
- Fala-se pela rama na descida dos impostos (IRC, IRS, IVA) mas demora saber-se como, quanto, para quando?

E de palavras balofas temos dois exemplos recentes que são o cúmulo de todas as ouvidas em dois anos:
Gaspar admite reduzir impostos assim que possível  e Passos diz que Governo trabalha para baixar IRS mas não faz "promessa".
Realmente, o País precisa de menos palavras ocas e de menos referências a «projectos», ideias, intenções de que não se vislumbram acções concretas e muito menos de resultados, mas precisa, imperiosamente, de medidas bem preparadas, consistentes, eficazes, das quais se possa mostrar resultados para benefício dos cidadãos e dos quais, isso sim, o Governo se possa confessar justificadamente orgulhoso.

Os tempos actuais são difíceis, com grandes e imprevistas variações dos factores da decisão, pelo que só os objectivos estratégicos (crescimento e bem-estar) devem ser imutáveis, mas os objectivos tácticos, as medidas concretas não podem ser decididas a título definitivo «custe o que custar», pois são indispensáveis retoques para ajuste às realidades, à maneira do motorista que não tira as mãos do volante para manter o veículo dentro da estrada a fim de evitar acidentes e poder chegar com segurança ao fim da viagem (objectivo pretendido). Nada se perde em recordar a metodologia «Pensar antes de decidir»

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quarta-feira, 26 de junho de 2013

JOGOS DE PALAVRAS


Há jogos que servem de passa-tempo, ou para passar o tempo, há os culturais e há os infantis, há os de azar e sorte e há os de interesse, para ganhar uma taça, um título, um negócio, etc. E há outros que são difíceis de classificar e, com inocência e credulidade poderemos crer que servem apenas para passar o tempo, à espera que haja um milagre.

Por exemplo, Gaspar admite reduzir impostos assim que possível, o que nem parece ser jogo de palavras, pois Monsieur de La Palisse não ousaria dizer coisa de maior ciência ou intelectualidade. Isto nem sequer pode ser considerado promessa, mas apenas um punhado de areia lançado aos olhos dos inocentes e incautos. Não diz quando nem quanto nem como, enfim, não diz nada. E, por tal razão, seria preferível estar calado.

Mas não está sozinho, pois o seu chefe de Governo, talvez para não perder a cartada no referido jogo, sugere algo parecido, com efeito semelhante, quando diz que Governo trabalha para baixar IRS mas não faz "promessa".

Que brilhantismo, que genialidade, o destas tiradas de grande efeito, que mereceriam elogios dos nossos escritores consagrados como Eça de Queiroz ou outros da grande família lusíada!

Como a minha modesta condição não me permite sondar tão altos desígnios, sinto-me forçado a partilhar a «ignorância» de Constança Cunha e Sá pois não percebo do que o Governo fala.

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terça-feira, 25 de junho de 2013

O GOVERNO E OS CIDADÃOS


É suposto que, em democracia, toda a acção de um Governo deve estar voltada para o objectivo nacional de proporcionar a melhor qualidade de vida aos cidadãos e é para isso que devem funcionar os diversos sectores do Estado, como a Educação, à Saúde, à Justiça, a Economia, as Finanças, a Defesa, a Segurança, etc. E a observação das condições de vida e de satisfação da população é fundamental porque ela tem «fome» pode zangar-se. É isso que está acontecendo no Brasil, na Síria, na Turquia, etc.

Mas no Brasil Dilma Rousseff, consciente de que é preciso atender ao descontentamento da população e às suas justificadas reclamações e evitar arrogâncias e teimosias obsessivas, anuncia 5 pactos, propõe plebiscito para realização de reforma política e acelera reformas na saúde, perante o que os descontentes serenaram e ficam a aguardar as medidas concretas.

Pelo contrário, em Portugal, as confederações patronais dizem que o Governo tem de reconhecer que “algo falhou”, os patrões pressionam Governo a desistir da receita da austeridade e como sugestão ou conselho desafiam Governo a alterar o rumo.

E há outras vozes da área do Governo a reforçar a necessidade de medidas suavizadoras das dificuldades dos portugueses, como. Por exemplo, Frasquilho que defende descida de impostos, Menezes que critica atitude «autista» do Governo, João Salgueiro que apela à união dos reformados contra o governo, etc.

Mas, apesar destes alertas, o Ggoverno, com a habitual arrogância e egocentrismo gaba-se pela voz do seu líder “Tenho muito orgulho no trabalho que estou a fazer”, frisa que «Governo vai manter rumo que tem seguido» e que [quer dar a cara em 2015]

Esta atitude do Governo português em sentido oposto ao de Dilma, levanta muitas dúvidas e interrogações ao cidadão pensante, e a jornalista Constança Cunha e Sá faz delas uma expressiva súmula quando confessa «não percebo de que êxitos o Governo fala».

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segunda-feira, 24 de junho de 2013

ADVOGADOS E BISPOS UNIDOS PELO BRASIL


Enquanto em Portugal, os políticos no seu profuso palavreado dizem que o futuro do País depende de todos, o certo é que a todos só é exigido o sacrifício da austeridade e dos cortes sem a mínima explicação nem justificação, e sem oportunidade para serem ouvidos e darem opinião e sugestões, no Brasil não são levantadas objecções a que os cidadãos possam participar em actos públicos destinados a análise e discussão construtiva dos graves problemas que estão a causar indignação da população, a fim de encontrar e adoptar as melhores soluções para a colectividade.

Transcreve-se a parte inicial da notícia (quem estiver interessado em ler tudo deverá fazer clic no seu título;

Advogados e bispos brasileiros discutem reivindicações
Diário de Notícias-LUSA 24-06-2013. Texto de Lina Santos

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) convocaram para esta segunda-feira, em Brasília, um acto público para discutir reivindicações que contemplem pedidos de manifestantes, como o combate à corrupção.

"Queremos dar concretização às justas reivindicações que ecoam nas ruas", afirmou, em nota, o presidente da OAB, Marcos Vinícius Furtado. Também participam da organização do acto diversos movimentos sociais, como o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE).

A intenção é conseguir o apoio de um milhão e meio de pessoas, para lançar um projecto de lei que prevê uma reforma política no país, assegure a liberdade de expressão na internet, a criação de comitês de controlo social de gastos públicos, inclusive dos investimentos com o Mundial 2014 e com o transporte público colectivo.

As entidades também pretendem discutir com as pessoas presentes sobre a ampliação do investimento em saúde e educação e sobre a criação de um Código de Defesa dos Usuários de Serviços Públicos.(…)

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MAIS DO MESMO


O Sr ministro Poiares Maduro, aparentemente, vindo de longe e sem ainda ter concluído o seu estudo analítico da situação com que os portugueses se debatem, apressou-se a manifestar a sua boa intenção dizendo querer oferecer esperança aos portugueses. Terá de ficar-se pela intenção porque os portugueses, há mais de dois anos, ouvem tais promessas («garantidas» e asseguradas») sem deixarem de ver a sua fome aumentar bem como o desemprego e os sacrifícios da austeridade excessiva e sucessivamente agravada. Por isso, as palavras generosas e supostamente bem intencionadas são «mais do mesmo».

A esperança já não pode vir pela via das palavras e promessas, mas sim pelos resultados, que já foram prometidos pelo PM para 2013 e que, como a generalidade das promessas, ficaram esquecidas no tinteiro. O povo português, como está acontecer com os brasileiros, não poder ser iludido eternamente e, como disse Mário Soares, às tantas zanga-se.

Diz também o Sr ministro Maduro que Portugal viveu "demasiado tempo sem planear o futuro" e diz muito bem, mas não deve dizê-lo em público, pois esse recado deverá ser interiorizado pelos seus colegas do Governo. Eles não têm sabido ou querido «planear o futuro». Muitas pequenas e médias empresas têm mostrado muita competência em preparar o seu futuro e estão florescentes apesar da má política que Portugal vem tendo desde há 39 anos.

Mas planear o futuro exige que se conheça bem o presente com todos os seus factores condicionantes. Um avião parte para uma missão começando pela descolagem, isto é, do ponto de partida, depois de testadas as condições do avião e de a pista estar desimpedida e em boas condições. O mesmo acontece com o atleta que, antes do salto, tem que saber fazer a «chamada». O piloto de fórmula 1 deve preparar uma boa posição na linha de partida e ter o carro bem afinado.

Por isso, Sr ministro, não despreze o conhecimento rigoroso da situação actual, em que os desabafos das pessoas, mesmo que sejam mais modestas do que o empresário de granitos que se lhe dirigiu na Feira do Granito de Vila Pouca de Aguiar, devem ser tidos como factor importante no seu estudo do Portugal actual.

Nunca se esqueça que cada português tem um voto igual quer seja um sem-abrigo ou o PR e convém que isso seja sinal de que lhe deve ser dada igual atenção e respeito pelos seus direitos, liberdades e garantias, no quadro da Constituição.

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AUTARCAS, LEI E TRIBUNAIS


Era uma vez um país onde à frente de algumas autarquias se encontravam velhotes a título vitalício, repetidamente eleitos por hábito antigo de votar sempre no mesmo.

Eis, senão quando, um «poder legislativo», por distracção, incompetência ou intenção não confessada, gerou uma bagunça legal, supostamente para quebrar a maldição de os benefícios e «mordomias» do cargo irem favorecer sempre os mesmos e retirar esperanças a jovens de terem um tal futuro de riqueza fácil.

A bagunça legal, gerada no legislativo e promulgada sem hesitação resultou numa tal confusão dentro dos paridos e nos próprios tribunais que ninguém se entendeu. Os tribunais, órgão de soberania que deve ser merecedor de todo o respeito e confiança ao povo (soberano em democracia), chegaram ao ponto de serem desrespeitados, tendo um autarca a quem uma decisão dos tribunais considerava que não se podia candidatar, declarado que ,mantinha a sua candidatura.

Para um cidadão normal, cumpridor da lei e respeitador dos tribunais, isto é chocante e mais ainda por ser um péssimo exemplo vindo de quem deve ser o espelho do civismo perante os seus governados. Mas, infelizmente, por outros motivos, já se viram exemplos parecidos desde a desobediência à Constituição seguida de hostilidade ao Tribunal Constitucional até a autarcas que, para fugirem ao poder judicial têm usado de várias manobras dilatórias com recursos e pedidos de clarificação, à espera de ser revogada a primeira decisão ou de o tempo provocar a prescrição do processo.

Um país sem leis claras e exequíveis e sem igualdade dos cidadãos perante a lei e perante a Justiça, não consta (ou não devia constar) na comunidade internacional.

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sexta-feira, 21 de junho de 2013

MADURO PARECE AINDA VERDE !!!


Maduro parece estar muito verde. Lamenta que um dos grandes problemas em Portugal é que "tudo é contestado" e que não conseguimos colocar-nos de acordo quanto aos processos credíveis de apuramento dos factos que devem servir de base às nossas decisões públicas".

Fica-nos a dúvida quanto a onde tem vivido o ministro, se numa redoma opaca. O que é que conhece de Portugal e dos portugueses, daqueles que, como governante, tem a responsabilidade de defender e ajudar a preparar um futuro melhor com mais aceitável qualidade de vida, para preparar "um país mais justo, próspero e livre", como muito bem diz.

Mas como deve saber das suas leituras e da sua competência de universitário, cada povo tem a sua cultura, as suas tradições com qualidades e defeitos, e que não é fácil de mudar em curto prazo . Recordo que já o romano Caio Júlio César (1000-44 AC) disse que «há nos confins da Ibéria um povo que não se governa nem se deixa governar». Talvez, por isso e por não ter havido o necessário cuidado dos governantes na actuação escolar em benefício da «cultura política e cívica», hoje ainda se mantém algo desse aspecto do tempo dos Lusitanos. Quem governa deve conhecer o seu povo e atender à sua idiossincrasia. Mas, infelizmente, há governantes que desprezam os desabafos populares, não procuram conhecer o seu mal-estar e dizem arrogantemente que não têm medo dos portugueses.

Mas hoje, se atendermos a que nos consideramos em democracia, com liberdade de opinião e de expressão, e de obrigatória intervenção pelo menos na ida às urnas, é desejável que o povo observe a forma como os seus mandatados desempenham o papel de representantes eleitos. E dessa observação resulta, forçosamente, o aplauso pelo que se considera correcto e o lamento e a indignação pelo que não corresponda às promessas de antes ou depois das eleições, às previsões, às intenções «asseguradas», «garantidas» e os caprichos arrogantes levados para a frente «custe o que custar«, doa a quem doer.. Muita atoarda atirada como rebuçado para incentivar esperança e confiança, é contradita pouco depois, lançando o descrédito em tudo o que venha posteriormente.

A contestação, a crítica e as sugestões são instrumentos democráticos de participação do povo, em democracia, como contributo para que os governantes tomem as decisões mais correctas e adequadas às circunstâncias de momento e às grande linhas estratégicas para preparar o futuro desejado para Portugal. Do conjunto de opiniões sairá uma melhor preparação das medidas a decidir, segundo o método descrito em Pensar antes de decidir.

Aproveitando as suas palavras poderá afirmar-se que os governantes devem falar ao país com rigor, clareza e verdade, mais sobre políticas públicas e de estratégia de futuro e menos de táctica política ou de intrigas inter-partidárias e, dessa forma, atrair a colaboração e contribuição de todos para um debate público "mais informado e com maior substância". Em vez de impor soluções arrogantes, será preferível preparar medidas com apoio da conversação e do diálogo entre as pessoas mais conhecedoras dos temas.

Precisamos de "um país mais justo, próspero e livre". Com os portugueses que temos, com as deficiências de que sofrem, por carência de um sistema de ensino que não devia desprezar a formação de adultos capazes de gerir a sua vida privada, como pessoas, famílias, empresários e cidadãos eleitores.

É interessante o último parágrafo do artigo Dois anos depois, falhou a mudança de mentalidades: «Passos Coelho chegou ao Governo com um discurso moralista. Acusou os portugueses de viverem acima das suas possibilidades. Passados dois anos, foi aqui que falhou. O Estado que governa continua a gastar muito mais do que pode. Falhou no exemplo. E, enquanto líder, não conseguiu fomentar a mudança de mentalidades. Os portugueses continuam a olhar para o Estado da mesma maneira: exigindo direitos e com pouco espírito crítico. E a culpa é sempre dos outros.»

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SINAIS POSITIVOS GERADORES DE ESPERANÇA


Após tanto tempo de angústia, de desespero, de sacrifícios e privações, sem vislumbrar uma ténue luz ao fundo do túnel, perece que estão a surgir os primeiros sinais positivos. Não convém ter esperanças eufóricas, mas são um estímulo para estarmos atentos a outras informações esperando que surjam cada vez mais provas de que o pior já passou. E, ao mesmo tempo, cada um na sua área de interesse, pessoal, familiar e profissional fazer tudo o que puder para que o futuro pessoal e colectivo passe a ser o mais desejado para a felicidade de todos e o crescimento toda economia de Portugal e da sua distribuição mais racional e socialmente justa.

Eis alguns dos referidos sinais:

- Indicador do Banco de Portugal aponta para recessão mais branda no segundo trimestre

- Há dois anos que o indicador da actividade económica não caia tão pouco em Portugal

- Citigroup menos pessimista com evolução da economia portuguesa

- Governador do Banco de Espanha acredita que “o pior já ficou para trás”

- Portugal foi o país da OCDE onde a produtividade do trabalho mais subiu

- Actividade económica na Zona Euro supera estimativas em Junho

- Poder de compra dos portugueses está 25% abaixo da média europeia

- Cavaco apela a medidas imediatas de combate à pobreza

- Confiança dos investidores alemães sobe acima do esperado em Junho

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quinta-feira, 20 de junho de 2013

OS POLÍTICOS NÃO QUEREM APRENDER, POIS NÃO LHES FALTAM BOAS LIÇÕES

Martin Schulz, presidente do Parlamento Europeu, está de visita a Portugal e. ao referir-se à necessidade de enfrentar o problema do desemprego jovem na Europa disse que esta precisa de acabar com declarações agradáveis”, até porque “os cidadãos esperam acções concretas”.

Mas, ao invés desta boa norma, os nossos governantes continuam com fantasias de reformas, de projectos, de «cenário» de recuperação, etc. nunca concretizados que vão sendo referidos com repetidas variantes, parecendo pretender criar esperanças num futuro risonho, mas de que o resultado não deixa de ser o agravamento da espiral recessiva, com mais dura austeridade, mais desemprego, mais cortes, mais fome e mais pobreza.

Seria benéfico para os portugueses e para a imagem dos Governantes que os políticos, em geral, procurassem fazer um esforço de aprendizagem do melhor que se pensa, se diz e se faz em países bem governados.

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MANIFESTAÇÕES OCULTAM INTERESSES INCONFESSADOS




Esta montagem alerta para o facto de a actual politiquice de conflitos demolidores ocultar muitos interesses. Cabe aos jornalistas e analistas investigar a verdade oculta, para que o povo esteja mais esclarecido e possa accionar a democracia para que a humanidade melhore. A democracia não pode ficar confinada a eleições periódicas em que os eleitores, depois do massacre da lavagem ao cérebro por promessas falaciosas e ideias não concretizáveis, é conduzido a escolher uma das listas cujos componentes lhe são totalmente desconhecidos. Há que rever o funcionamento das sociedades nomeadamente quanto a funções dos políticos e dos partidos.

O BOM POLÍTICO OUVE O POVO



Das manifestações populares ocorridas em S Paulo e no Rio de Janeiro, chegam várias notícias. Delas convém não desprezar as que se referem à posição da Presdente da Repúblicae chefe de Governo: Dilma está atenta às reivindicações dos brasileiros e aquela em que evidencia a sua posição democrática perante a expressão do desagrado popular Dilma Rousseff diz que manifestações pacíficas são «legítimas».

Esta prática dos conceitos democráticos é para nós uma surpresa por estarmos habituados a comportamentos opostos, quando verificamos que, pelo contrário, Passos Coelho tem afirmado arrogantemente que não tem medo dos portugueses nem se deixa impressionar por manifestações nem cede a pressões, e avança com a sua ideia «custe o que custar».

Onde está a democracia? Afinal o que é uma ditadura? Democracia não pode resumir-se a eleições de quatro em quatro anos para os eleitores, depois de semanas de intoxicação com falácias, ser colocado perante a escolha entre listas em que constam nomes que desconhece totalmente. Estamos a necessitar de uma «excelentíssima reforma», a começar pelas mentalidades dos políticos e das funções dos partidos.

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quarta-feira, 19 de junho de 2013

A EROSÃO DO PODER


Na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma. Esta frase é muito antiga e está na base dos estudos e das investigações ligadas a tudo o que respeita à biologia, à mineralogia, à geologia. As transformações podem tornar-se visíveis ao fim de séculos ou após poucos dias ou horas. Tudo o que tem início tem fim.

Este rememorar do conceito referido vem a propósito da notícia Passos perde apoio dos 'seus' em que, acerca do desagrado do não pagamento do subsídio de férias aos funcionários públicos em Junho, são citados os nomes do coordenador da Comissão de Orçamento e Finanças, Duarte Pacheco, do eurodeputado do PSD, Paulo Rangel, dos antigos líderes sociais-democratas, Marcelo Rebelo de Sousa, Manuela Ferreira Leite e Marques Mendes e de António Capucho.

Já há dias surgiram palavras de desagrado e desaprovação de: Paulo Portas, Eduardo Catroga, Rui Rio, etc

Seria bom para os portugueses que a governação funcionasse menos visivelmente de aparências e futilidades e se focasse mais na essência dos problemas, seus factores definidores e estratégicos, as origens reais dos «conflitos» e a procura de soluções sérias e duradouras, com sensatez e sentido de Estado e de responsabilidade, tendo sempre em vista a melhoria das condições de vida dos portugueses, principalmente dos mais carentes.

Com tal mudança de filosofia e de prioridades começaria a ser conquistada a confiança do povo, consumidor e eleitor, e este recuperaria a esperança em dias melhores.

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sábado, 15 de junho de 2013

SEM RAZÃO PARA ESPERANÇA NO FUTURO PRÓXIMO


Segundo notícia de hoje, neste ano de 2013, desapareceram 1100 empregos por dia até Março. «Considerando os dados até Março, ontem avançados pelo Eurostat, Portugal já conta com 21 meses consecutivos de destruição de emprego».

E, apesar desta miséria nacional, o PM está orgulhoso do seu trabalho e ameaça candidatar-se a novo mandato. Veja os seguintes artigos linkados, Se não tiver tempo para ler tudo, veja ao menos, os títulos das notícias.

Passos Coelho: “Tenho muito orgulho no trabalho que estou a fazer” 
Passos quer dar a cara em 2015
ELEIÇÕES DE 2015 SÃO OBJETIVO PARA PASSOS

Embora não evidencie capacidade minimamente credível para esclarecer os cidadãos e para lhes captar o voto em próxima oportunidade, diz com sobranceira arrogância que não tem medo de eleições nem dos portugueses], mas como, normalmente, apenas diz que não tem medo quem está tolhido e condicionado por ele, vejamos e comparemos as notícias seguintes:

Passos Coelho não tem medo de eleições nem dos portugueses
Passos sem medo dos portugueses e do seu julgamento
Segurança reforçada à chegada de Passos Coelho à Amadora 
Governo precisou de protecção da polícia espanhola no 10 de Junho 
10 de Junho. Polícia espanhola garantiu segurança de Passos e Cavaco

E, como Passos atende mais aos alertas do exterior do que aos desabafos e manifestações dos seus concidadãos e eleitores, o FMI faz-lhe o favor de o alertar para perda de apoio político e social ao programa de ajustamento.

Perante isto, se o seu partido não o substituir na liderança, resta-nos a angústia de recear o pior para o seu partido nas próximas eleições em que, segundo promete, quer impor a sua presença.

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NUNO CRATO, O HOMEM ÉTICO


Transcrição de artigo:

Exames nacionais mantêm-se na segunda-feira, garante Nuno Crato
 TSF. Publicado em 12-06-2013 às 23:03

Após uma reunião com sindicatos dos professores, o ministro da Educação explicou que desmarcar exames com novas greves a serem marcadas «abriria um grave precedente».

Os exames nacionais de português e latim vão realizar-se na segunda-feira, assegurou o ministro da Educação, após uma reunião com os sindicatos de professores.

«Com novas graves a serem marcadas, desmarcar exames nesta situação abriria um grave precedente, tal como já tivemos oportunidade de afirmar», explicou Nuno Crato.

Na opinião do titular da pasta da Educação, «não se deve permitir por um simples aviso de greve que os exames sejam recalendarizados com consequências para alunos, pais e professores».

Nuno Crato garantiu ainda que serão encontradas alternativas para a eventualidade de se manter a greve dos professores para os exames nacionais de segunda-feira.

«Se houver alunos que não consigam realizar os exames no dia 17 será naturalmente fornecido a esses estudantes uma outra oportunidade», assegurou.

O titular da pasta da Educação recordou ainda que há sempre exames alternativos à primeira ou segunda fase e que estes «são construídos da forma mais equitativa possível, de tal maneira que o facto de não se fazer o exame numa fase e se fazer na outra não prejudica os alunos».

Nuno Crato notou ainda «pouca abertura de alguns sindicatos» durante as negociações desta sexta-feira, mas a «abertura de outros a que estes problemas fossem discutidos e que se tentasse evitar uma escalada de greves».

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sexta-feira, 14 de junho de 2013

SANCHES OSÓRIO EM ENTREVISTA


Transcrição de entrevista:

Sanches Osório. "Este governo já devia ter caído e alguém o vai defenestrar"
Ionline. Publicado em 10 Jun 2013 - 05:00. Por Isabel Tavares

"O ex-deputado considera que os militares estão a ser maltratados. Se é assim, também quer um sindicato que o defenda. Sanches Osório está "desconsolado" e "inquieto". Foi um dos capitães de Abril, mas diz que a História se encarregou de ir alterando os factos de tal forma que às vezes se pergunta se alguma vez participou na revolução. E fala dos seus pontos de revolta de hoje: co-adopção, casamento gay, reestruturação das Forças Armadas, cortes nas pensões. Não acredita que alguma coisa se resolva com os actuais partidos políticos: Paulo Portas é tudo menos cristão, Passos Coelho não serve, Cavaco é uma fraude, Louçã e os que lhe estão perto são ditadores e o PC é... o PC. Diz que já estamos em guerra e comenta as palavras de Mário Soares, "um político com defeitos mas com intuição" e que tem vindo a apelar à contestação. É por aí que começamos.

Várias personalidades têm apelado à revolta, a começar por Mário Soares. Concorda com ele?

Mário Soares tem uma intuição política extraordinária. As palavras às vezes faltam-lhe, mas o raciocínio está correcto. Havia um maluquinho no Miguel Bombarda que pensava a uma velocidade tremenda e então, para verbalizar o seu pensamento, fazia: zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz. Mas ele tem razão em muitas coisas.

Em quê?

Acho que o governo já devia ter caído há muito tempo e que alguém o vai defenestrar. E quanto mais legitimidade tiver, mais rapidamente chega ao chão.

O governo tem legitimidade?

Tem, isso é um facto. Miguel Vasconcelos, que em 1640 saiu pela janela, diz-se, também tinha toda a legitimidade, porque os Filipes eram reis legítimos em Portugal. E foi defenestrado.

Quem vai deitar abaixo este governo?

Não sei. Eu tive a ideia, quando foi a última reunião do conselho de Estado, de sugerir ao chefe da Casa Civil do senhor Presidente da República que distribuísse um baralho de tarot a cada conselheiro.

Para quê ou porquê?

Porque não acho que algo disto seja realista. Você pede-me uma nota de 500 euros e eu digo: não tenho, mas tenho uma esferográfica amarela. As pessoas estão conformadas mas isto é doentio.

Temos compromissos assinados com os nossos credores...

O que sei é que temos leis e se, sistematicamente e não modificando as leis, quando se trata de as aplicar não o fazemos porque as circunstâncias são especiais, então não vivemos num Estado de direito. De resto, quando um governo cai há uma lei eleitoral, há partidos políticos, há eleições.

Acredita que o governo vai cair?

Eu gostava que sim. Pode acontecer e, em minha opinião, já devia ter acontecido: cair na Assembleia da República.

Houve um momento em que isso devia ter acontecido?

Na votação do Orçamento do Estado, não tenho a menor dúvida. Eu sou deputado, não estou de acordo com o Orçamento, mas voto a favor e depois faço uma declaração a dizer que estou contra? Tenho é obrigação de votar contra. A Assembleia da República, tal como está a funcionar neste momento, se calhar não precisa de tantos deputados. Em vez de 230 bastam cinco e cada um levanta um cartaz a dizer quanto vale: 20, 40, 80 votos. Fica muito mais económico.

Foi deputado no âmbito de uma coligação. Já era assim?

Fui eleito primeiro por Lisboa, depois por Santarém. Passei a deputado independente porque o Partido Comunista propôs um voto de louvor à escritora Maria Lamas e eu resolvi votar a favor. O meu partido, o CDS, pediu meia hora de intervalo e fez uma reunião para me moer o juízo. Achei óptimo e sugeri que podiam aproveitar que estavam todos juntos para me expulsar, mas eu não votaria contra. Passei a independente, com uma cadeira à minha disposição no hemiciclo, outra nos corredores? E tinha as casas de banho, também. Acho uma coisa completamente indecorosa.

Continua a ser difícil ir contra a disciplina de voto...

Defendo que os votos no parlamento devem ser inteiramente livres, com excepção de duas coisas: o Orçamento do Estado e as moções de confiança.

Existe um momento certo para se fazer uma revolução?

Pergunta bem. Porque é que se fez a revolução no dia 25 de Abril? Porque tinha de ser antes do 1 de Maio e porque tinha que ser a meio da semana, caso contrário as pessoas iam para fora. Temos de ser racionais - saber ler nas entrelinhas -, mas a nossa classe política está a ser irracional. Emitem sinais e depois vêm os comentadores explicar esses sinais? Se pegarmos no "Diário da República", a coisa é pior ainda, porque começam por não se entender as leis.

Alguma em particular?

Havia o problema concretíssimo das candidaturas às autarquias. Pode um especialista autarca, doutorado em autarquias, vir de Melgaço para a câmara de Cascais? Se há uma lei e ninguém se entende, nada mais simples do que perguntar a quem a fez o que queria.

Porque é que isso não acontece?

Porque, se calhar, vendo objectivamente o que se passa, só o PC e o PSD têm gente nessas condições e seria incompreensível para a cabeça dos deputados que o PCP e o PSD votassem no mesmo sentido.

Voltando à irracionalidade dos políticos...

Analisando Itália, onde são mais palavrosos, mais o nosso tipo, ou França, que temos a mania de copiar, quantas modificações houve nos partidos políticos em perto de 40 anos? Bastantes. Cá não, apenas houve dissidências do PCP, que depois de passar pelo purgatório pode ser qualquer esquerda socialista.

Apareceram outros, mas duraram pouco tempo.

A democracia cristã desapareceu e, para mim, é radicalmente inconcebível que o CDS tenha aprovado o orçamento tal como está. Um partido de democracia cristã - e eu não gosto da terminologia -, que faz a defesa intransigente dos mercados e está-se nas tintas para os trabalhadores é inconcebível. Pode ser democrata, mas não é nada cristão.

Mesmo que tenha votado assim em nome do um mal menor, da imagem para o exterior, da estabilidade?

Qual estabilidade, quer estabilidade vá viver para o cemitério. Quanto ao resto, é conversa fiada, porque o lado de fora está-se nas tintas para nós. Completamente.

O que quer o lado de fora?

Quer que nós compremos os seus produtos, é para isso que nos emprestam dinheiro. Isto angustia-me imenso.

Qual é a solução em termos políticos? O que acho que devia acontecer é tranquilamente isto: o Partido Social Democrata, vulgo PSD, devia desaparecer.

Porquê o PSD?

Porque está na linha directa da União Nacional, da Acção Nacional Popular, é um partido que quer o poder pelo poder, a qualquer preço, e que complica e torna ambígua a escolha política dos portugueses. Os sociais-democratas do PSD devem passar para o PS, os ditos democratas cristãos - se os houver, que eu julgo que não há -, devem passar para um partido democrata cristão.

E o que acontece ao CDS?

Tem de levar uma volta. Eu percebo perfeitamente que fundadores do CDS estejam agora no PS, porque o CDS actual não tem nada de democrata-cristão.

Como vê Paulo Portas?

Ouvi-o dizer que não aceitava a TSU, mas aceita que reduzam o contrato que fizeram comigo em 10%. Não vejo onde está a coerência. Portanto, eu, cidadão, não votarei mais no CDS, isso é garantido. Também seria incapaz de votar no Bloco de Esquerda, o pequeno Louçã é um ditador, um tipo horroroso, não tenho a menor dúvida, e os outros do lado, noutro género, são iguais. Mas não tenho pejo algum em ir a uma manifestação contra o governo mesmo que convocada pela CGTP ou pelo PC. Eles querem que caia o governo, eu também, então vamos nisso!

Já foi a alguma manifestação?

Não fui porque, infelizmente, não tenho saúde para isso. O general de Gaulle também se aliou com o PC.

Sobre a actuação do Presidente da República em todo este processo, o que tem a dizer?

É-me muito penoso falar do Presidente da República porque nunca votei nele, nunca o apoiei e acho que está mal naquele lugar desde há anos. A isenção do professor Cavaco Silva, em termos políticos, é uma fraude. Ele olha para o umbigo dele, sempre olhou.

Diz que falta um partido democrata-cristão, mas o Partido da Democracia Cristã não vingou...

Tem de haver autenticidade. Em 1975 eu declarei no Pavilhão dos Desportos que era de direita e iam-me comendo vivo, porque era fascista. Mas se olhar para as pessoas que estão nas fotografias a fazer manifestações a saudar a nacionalização dos bancos, depois do 11 de Março, são os dirigentes dos trabalhadores sociais-democratas que agora acham que o mercado, a iniciativa privada, é que conta. Só que o nacionalismo, como dizia Adam Smith, sempre precisou de um Estado forte para dirigir as empresas e fazer com que as regras se cumpram.

Temos hoje pessoas para fundar novos partidos ou farão a mesma coisa com outro nome?

A primeira coisa que temos de fazer é modificar a lei dos partidos, que foi feita para agradar ao PCP. Não cabe na cabeça de ninguém de bom senso ter um núcleo do CDS na Samardã [Vila Real]. A estrutura partidária sobreposta à estrutura administrativa do Estado cheira a poderes paralelos. A célula do PC é uma coisa da organização deles e pôr-me a mim, mais ou menos anárquico, a dizer que só posso falar com este e não posso falar com o outro... E é isso que se passa. Como é que se pode ter numa assembleia de freguesia um cidadão doutorado em economia a obedecer às ordens do padeiro, que é o representante do partido no concelho? Claro que chateia e você diz que assim não quer mais.

É isso que vai acontecer nas eleições autárquicas?

Está tudo desfeito e o discurso que ouvimos diz o contrário. O povo está contente, as eleições autárquicas não têm valor nacional, só têm valor local... Quando todos sabemos que é mentira.

É preciso alterar a Constituição?

Se calhar é, mas, então, altere-se. Agora, deixar de cumprir a Constituição só para suscitar o ódio ao Tribunal Constitucional, acho uma indignidade. Há dias convidaram-me para fazer uma palestra fundamentada num livro à escolha e lembrei-me de levar a Constituição. Porque achei inadmissível a reacção do deputado Negrão, que disse que é preciso uma iniciação especial para poder ter acesso à Constituição porque ela é perigosa, datada. E é isto um deputado, o presidente da Comissão de Assuntos Constitucionais, juiz?

Alterar a Constituição acarreta o risco de, também agora, ser feita à luz de quem está no poder?

Isso é fatal. Quem a fez em 1976 pôs lá projectos apresentados e discutidos por partidos políticos e todos eles, mesmo o CDS, tinham um artigo a dizer que Portugal era uma República (...) a caminho do socialismo. O CDS era diferente porque dizia do socialismo português. E quando perguntavam ao Adelino Amaro da Costa o que era aquilo, ele respondia: depois se verá. O problema fundamental é Miguel Vasconcelos: o governo em funções é equivalente aos sátrapas, [governantes das províncias] do Império Persa. Temos um governo que depende da Alemanha, ponto final. Portanto, os senhores deputados não têm mais do que constatar isto e dizê-lo. Sob pena de estarem a embarcar numa mistificação que vai acabar mal.

Qual seria a atitude certa?

Se calhar devíamos ter saído do euro. O governo, o programa do partido, tem de mudar coisas radicais. Se se constata, por mais esforços que se façam - e aqui parece uma coisa do género Sporting Clube de Portugal, que é o meu clube desde pequenino -, perde todas as semanas mas acha que vai ganhar o campeonato? Claro que não vai. O défice piora, a dívida piora, o desemprego aumenta, mas isto vai ficar que é uma maravilha. Ninguém acredita.

Mudar o governo não é necessariamente mudar a relação com a União Europeia, com a Alemanha. Por isso repito a pergunta: o que fazer?

Não sei e, mais grave, não tenho de saber. Porque o senhor ministro das Finanças, o senhor ministro da Economia e todos os outros que hão-de ser, é que têm de saber o que fazer, não sou eu, que sou eleitor. O eleitor tem de ter alguém em quem acredite.

E tem?

Se calhar não tem e o que acontece é uma grande desgraça. O risco é aparecer aí um tipo qualquer a dizer que vai fazer não sei o quê e vão todos atrás.

Vê alguém?

Não vejo, para já não vejo ninguém em quem acreditar. Mas esta deficiência dos governos não é específica de Portugal, a França está na mesma. O "Le Figaro" ainda agora trazia um título a dizer "Immobile a grands pas" [imóvel com grandes passos], porque ele dizia que ia passar à ofensiva.

A eleição de Merkel, na Alemanha, vai mudar alguma coisa?

Não vai mudar rigorosamente nada. Porque os alemães estão convencidos que nós somos atrasados mentais.

Acredita que a Europa pode estar a caminhar para uma guerra?

Acredito. Está a acontecer. Ninguém sai do euro, mas o que tem nos vários países são as medidas equivalentes à saída do euro, à desvalorização das várias moedas. Porque quando tem de se diminuir os salários e as pensões e aumentar os impostos, o que se está é a criar euros diferentes: o euro de Portugal, o euro de Itália, o euro de Espanha, o euro de França, todos comparados com o euro da Alemanha, que é o marco. Se quiser uma visão ainda mais catastrofista: já estamos em guerra, há mortos e fome. E a Alemanha está a ganhar. Depois, vem com pezinhos de lã oferecer emprego aos nossos engenheiros.

Costuma olhar para estas questões com olhos de militar? Qual é a sua visão?

Sim. Quando os povos chegam a este impasse, quando já não sabem qual é a solução, é quando acontece a guerra.

E é melhor que aconteça?

Não, a guerra é sempre uma coisa terrível. Mas convém estar preparado. Agora, o que estou é desconsolado com esta sociedade e fico profundamente revoltado com certas atitudes.

Quais são os pontos da sua revolta?

Por exemplo, esta coisa da co-adopção, do casamento de pessoas do mesmo sexo, a história da educação sexual nas escolas e uma coisa ainda mais grave, que vem a caminho - com um certo atraso, mas vem -, que é esta coisa de que o sexo é uma opção pessoal. Portanto, eu não vou contrariar os meus netos, nem explicar coisa alguma porque quando eles tiverem idade vão discernir se são menino ou menina. Isto é uma aberração.

Fala-se agora na discriminação de género, a propósito do Colégio Militar, que tem instituições para rapazes e para raparigas...

A história do Colégio Militar tem 210 anos e agora estas mentes iluminadas, entre as quais está o ministro da Defesa, dizem que não pode haver discriminação de género no ensino militar público. E, imediatamente, surgem-me duas considerações: a ser assim, porque não se substitui o chefe do Estado Maior do Exército - já que o Exército é uma coisa demasiado séria para ser entregue aos militares, que são uns chibos, uns gajos horrorosos, que falam calão e não sabem nada da Constituição, coitados, só sabem da caserna -, por um magistrado judicial - que são uns tipos que vêm de Marte, imparciais e impolutos? E, já agora, que se substitua por uma magistrada, de preferência lésbica. E o homem do pessoal também deve ser um magistrado, mas homossexual, e o homem da logística deve ser transexual, para equilibrar. Ficam chocados, mas então não é isso que se pretende, o que é que estamos a fabricar? Eu não quero isto para os meus netos.

O que quer?

Acho absolutamente inconcebível, em nome da estabilidade ou de qualquer valor deste género, eu meter a minha fé no bengaleiro quando entro no hemiciclo da Assembleia da República. Tenho de poder ser católico e dizer que não quero isto. O que pensa do fim do Instituto de Odivelas? As meninas de Odivelas vão, durante o dia, frequentar as instalações do Colégio Militar. Qual foi a génese disto, um estudo do professor doutor engenheiro Marçal Grilo. Porque fez o estudo, não sei, mas neste país, depois do governo vem a Fundação Gulbenkian. Ele concluiu mas não tem nada com a execução, o ministro decidiu e agora o chefe do Estado Maior distribuirá os preservativos. Porque misturar rapazes e raparigas adolescentes é arranjar um molho de brócolos.

É um crítico da reestruturação das Forças Armadas. Não concorda que têm de ser reestruturadas?>

Claro que sim, mas é preciso explicar os objectivos. Devia haver serviço militar obrigatório muito simplesmente para explicar ao comum dos cidadãos o que é a pátria e que há valores além do défice. O serviço militar obrigatório acabou porque o senhor Seguro, o senhor Coelho e outros não queriam fazê-lo.

O que ofende os militares nesta altura?

A base da ofensa é que nunca, ao longo da História, se pediu a um funcionário público que morresse pela pátria, mas agora vêm dizer que os militares são funcionários públicos. Em 1982, quando foi feita a tabela de vencimentos pela Assembleia da República, fez-se equivaler o nível de vencimentos dos juízes do Supremo Tribunal de Justiça, dos embaixadores, dos professores catedráticos e dos generais. Passou a água por baixo das pontes, os juízes fizeram greve e os vencimentos aumentaram, os professores fizeram greve e os vencimentos aumentaram, os embaixadores e os generais não fazem greve e ficaram a arder. Não concordo com o sindicalismo nas Forças Armadas, porque o comandante defende os militares, mas deixou de ter esta função, é preciso alguém que os defenda. E se somos funcionários públicos iguais aos outros, então quero um sindicato. E quando me mandarem para o Líbano, eu digo que só vou se me pagarem X. Isto funciona na Holanda, em Itália e noutros países. Os militares portugueses sacrificam-se pela pátria, mas a pátria está-se nas tintas para eles.

O ministro da Defesa está a desempenhar bem a sua função?

Está a desempenhar um papel extremamente negativo. Recebi uma directiva dele via internet com mais de 20 pontos, coisas que vai pondo em despacho. No fim tinha assim: os ramos - Exército, Força Aérea e Marinha -, darão 3% do seu orçamento para o grupo que vai coordenar esta reestruturação. E eu, com a confiança que tenho no nosso governo, acredito que estes 39 vão direitinhos para o gabinete de advogados que fez a preparação da legislação disto que, necessariamente, há-de ser ali de Matosinhos ou da Cedofeita. Mas aqui tem uma fiscalização que é relativamente fácil, que é a dos gabinetes de advogados que estão dos dois lados.

O 10 de Junho faz sentido, para si?

É uma data do Estado Novo, podia ser noutro dia qualquer. Não me diz rigorosamente nada e ainda menos me dizem os acrescentos, que pioram a coisa. Começou por ser dia da raça, que é uma coisa incomodíssima, existe mas não se pode dizer. Depois, há dois 10 de Junho, o do Presidente, em Elvas, e o dos militares, no Forte do Bom Sucesso."

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PASSOS QUERERÁ MESMO CONTINUAR POR MAIS SEIS ANOS??



Da notícia FMI alerta para perda de apoio político e social ao programa de ajustamento  transcreve-se o seguinte parágrafo:

«O Fundo Monetário Internacional (FMI) reconhece que o consenso social e político que tem permitido implementar o programa de ajustamento em Portugal “enfraqueceu de forma significativa”. No relatório da sétima avaliação, o Fundo avisa que esta situação conjugada com a melhoria do ambiente nos mercados internacionais está a fragilizar a vontade de realizar reformas. O organismo reconhece que a retoma económica está a demorar mais do que o previsto, o que levou à flexibilização das metas orçamentais. No entanto, assinala que a falta de iniciativas com impacto no aumento da competitividade no curto prazo, aumenta o risco do ajustamento continuar a ser feito através de mais medidas recessivas.»

Este alerta e as preocupações nele referidas condizem com as seguintes notícias:

FMI avisa que dívida pública poderá chegar aos 140% do PIB
Défice em contabilidade pública vai poder atingir os 8,9 mil milhões de euros este ano
Pensões no Estado reduzidas para 80% do último salário a partir de 2014
Eduardo Catroga: 'Surpreenderam-me os erros políticos de Passos'

Mas tais notícias deixam confuso qualquer português de cultura média e grande empenho em observar os passos que estamos a dar para amanhã, e os sinais vindos dos timoneiros, ao comparar este cenário pouco animador com as seguintes notícias recentes

Passos Coelho: “Tenho muito orgulho no trabalho que estou a fazer”
Passos Coelho não tem medo de eleições nem dos portugueses
Passos quer mais seis anos. Pois...
Passos quer dar a cara em 2015
Querer (nem sempre) é Poder !!!

Depois de uma curta meditação sobre tanta confusão, surge a perplexidade: Qual seria a finalidade e os fundamentos da declaração do PM em 08-06-2013 de que pensa candidatar-se a novo mandato em 2015? A quem se dirigia tal mensagem? Queria ameaçar quem? Será que pensa que tais palavras levantam o moral e a confiança num futuro melhor da maioria dos portugueses? Depois de tantos projectos fantasiosos não materializados, o povo jã perdeu a confiança em promessas que mais se parecem com cortinas de fumo, de camuflagens destinadas a desviar as atenções de casos graves que mostram a inutilidade da austeridade que tem «esmagado» as populações distante dos gabinetes do Poder como se vê quando a dívida, em vez de diminuir, está a aumentar até aos 140% do PIB.

Quem poderá ajudar o espírito dos portugueses a obter alguma tranquilidade e confiança?

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segunda-feira, 10 de junho de 2013

É PRECISO UNIÃO SEM VACILAR


O Senhor Presidente da República, no início das comemorações do Dia de Portugal, exortou os portugueses a unir-se, como aconteceu nos momentos difíceis da nossa história para fazer face à "hora decisiva" que estamos a atravessar e em que não se pode "vacilar.

Senhor Presidente, para se conseguir UNIÃO, é preciso um íman, um polo congregador de vontades, um líder que apresente um objectivo, um projecto de acção, um fermento que faça levedar a massa, uma mola que inicie o movimento. Foi assim que ocorreram os Descobrimentos mercê da genialidade do Infante D. Henrique que levou Portugal a «dar novos mundos ao mundo». Foi assim que no tempo do Marquês de Pombal se desenvolveu a grande riqueza do Vinho do Porto. Também o vinho de mesa se desenvolveu com uma ideia «beber vinho dá de comer a um milhão de Portugueses». Assim se desenvolveu a agricultura com o slogan de «O Alentejo é o celeiro de Portugal»,.etc, etc.

O povo tem vontade positiva, mas que raramente é aproveitada, por haver governantes que lhe ignoram as expressões de dor, que desprezam as suas súplicas e sugestões porque se consideram senhores únicos da verdade e teimam obsessivamente em «projectos» desajustados com a arrogância antidemocrática do «custe o que custar». Neste momento, as sondagens e as manifestações de desagrado mostram que os portugueses estão unidos contra a austeridade excessiva e contraproducente, contra os abusos e a insensibilidade de governantes. Viu-se na grande manifestação de 15 de Setembro de 2012 e irá ver-se na de 27 de Junho. Nesta, até os trabalhadores sociais-democratas, apesar do medo e da «disciplina partidária» os poder impedir de uma adesão clara, afirmam que concordam com os seus pressupostos, com as motivações que a enformam.

Os números oficiais que têm vindo a público são claros na persistência do agravamento da recessão, na ausência de sinais que justifiquem esperança em melhores dias. Mas o PM na sua obsessão patológica afirma arrogantemente que tem muito orgulho no trabalho que está a fazer e que quer dar a cara em 2015 e teima em afirmar que não se deixa influenciar pela opinião dos seus eleitores, dos portugueses e confirma a sua insensibilidade pelo sofrimento das pessoas mais indefesas. Curiosamente, quanto ao seu desejo de se recandidatar, as críticas são abundantes, em todos os sectores, mesmo dentro do seu partido, e apenas foi dada a conhecer uma concordância, a do ministro recentemente empossado Miguel Poiares Maduro.

Infelizmente a única união e fraca é dos detentores do poder, que acaba por criar divisão na população com o fomento do ódio à «peste grisalha» (deputado Carlos Peixoto) ou aos magrebinos (deputado Carlos Abreu Amorim). E o que é muito grave é que a referência à «peste grisalha» parece traduzir uma intenção do Governo de reduzir a quantidade dos cidadãos economicamente não produtivos (reformados, doentes e deficientes), a pesarem na segurança social e nos serviços de saúde. A «eutanásia» compulsiva, embora sem ainda ser declarada explicitamente, parece estar em marcha quer nos acrescidos custos da saúde, quer nos cortes que estão a ser aplicados e sucessivamente agravados.

Se na área do Governo pode haver a boa vontade de falar de união, isso não passa de intenções inconsequentes.

Das palavras do Senhor Presidente deduz-se que são precisos líderes com ideias patrióticas, objectivos e projectos bem definidos, claros, realistas, compreensíveis por pessoas pouco dotadas, aliciantes que atraiam os portugueses para acções positivas que tragam qualidade de vida ao povo e criem crescimento, por forma a recuperar Portugal e a auto-estima do povo que mais tem sido esmagado, pela austeridade.

Qual é o projecto que o Senhor Presidente propõe? Com a sua vasta e valiosa equipa de colaboradores não será difícil esboçar um projecto de moralização e de crescimento, bem explicado aos portugueses e apoiado por frases firmes e de significado claro liberto de más interpretações, estimulante, incentivador. Como aqueles que ficam subentendidos quando o Senhor cita a vitória sobre os momentos difíceis da nossa história.

Não podemos vacilar, mas também não podemos esperar que isso aconteça por geração espontânea, por milagre da Nossa senhora de Fátima ou de S. Jorge. Precisamos de um aluno de D. Afonso Henriques, um D. Dinis, um Infante D. Henrique, um Nuno Álvares Pereira, um Marquês de Pombal ou de outros mais recentes.

Não se pode perder tempo, porque este é um recurso irrecuperável.

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domingo, 9 de junho de 2013

DESEMPREGADOS AUMENTAM


Os Desempregados por despedimento colectivo aumentam 41,5% até Abril em relação a igual período de 2012, segundo dados da Direcção-Geral do Emprego e das Relações do Trabalho (DGERT).

Até Abril deste ano 3.789 pessoas viram terminado o processo de despedimento colectivo, num universo de 35.158 trabalhadores, o que traduz. um aumento 41,5% face aos processos concluídos até Abril do ano passado, que eram em número de 2.677 trabalhadores despedidos.

Para além dos 3.789 despedimentos efectivados até Abril último, pelo menos 3.939 trabalhadores aguardam a decisão do processo de despedimento. Enfim, a espiral recessiva não pára de se agravar e ninguém consegue, honestamente, ter bases para previsões optimistas, para criar esperança nos portugueses.

Mas entretanto e apesar das realidades, incessantemente agravadas, conhecidas através de números oficiais de Institutos públicos, não apenas quanto ao desemprego mas também quanto a vários outros factores da vida das pessoas, a apertarem progressivamente o cinto à volta das vértebras descarnadas, o primeiro-ministro diz não ter “medo do julgamento” e salienta ter muito orgulho no trabalho que está a fazer com uma equipa que pôs o interesse do país à frente do seu”. E, no seu tom, talvez de brincadeira, como tem acontecido com outras promessas, «garantidas» e «asseguradas», mais uma vez, promete “Nós vamos recuperar a nossa autonomia».

E, não contente com mais essa promessa, Pedro Passos Coelho «diz-se disposto a dar a cara nas próximas legislativas e explica porquê: «O programa com que me candidatei pressupunha duas legislaturas e há coisas que quero fazer para além do programa de assistência», «o normal é recandidatar-me. Não há nenhuma razão para eu desistir». Pelos vistos, não esqueceu totalmente o programa eleitoral de há dois anos.

O que dirão desta promessa ou ameaça os eleitores e como agirão nas urnas? Os observadores já estão a expressar-se nos jornais de hoje...

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sexta-feira, 7 de junho de 2013

O AMIGO ANTÓNIO MANTÉM-SE ACTUALIZADO


Desde 3 de Abril de 2012 não tenho trazido aqui referências ao meu Amigo António, não por culpa dele mas por falta de disposição minha. Ele continua com um raciocínio bem claro e actual, fruto dos seus vários contactos e da sua desapaixonada reflexão.

Hoje assisti passivamente a uma sua conversa com um fanático fixado nas pessoas que detêm o poder e, segundo o qual, tanto o PR como o PM só possuem virtudes e pode aplicar-se a cada um a frase outrora dita pelo primeiro «nunca erro e raramente me engano».

Depois de citar vários pensadores que defendem mudança de Governo, o António considerou que uma cirurgia feita com oportunidade, antes de o mal se tornar incontrolável é muitas vezes a salvação do paciente e citou palavras de Bagão Félix, de Manuela Ferreira Leite, de José Pacheco Pereira, de Eduardo Catroga quando disse estar surpreendido com os erros políticos de Passos, de Mário Soares quando afirmou que Passos foi 'desilusão absoluta' e o balanço de dois anos é 'péssimo', e de outros notáveis.

Ao contrário de muitos pensadores, nomeadamente, os ligados a partidos da oposição, ele não se mostra defensor da dissolução da AR e de novas eleições, alegando que as pessoas que viriam substituir as actuais, dificilmente seriam mais eficazes, além do inconveniente de o país ficar parado até a nova equipa estar ciente da real situação e começar a agir para melhorar a qualidade de vida dos cidadãos e iniciar o crescimento da economia, isto a somar às despesas da campanha eleitoral.

Mas ele, no seu pragmatismo, sugeria uma solução, muito parecida com a substituição de Durão Barroso quando foi pata a UE. Isto é, seria assim: o PR, seguindo os conselhos já dados pelo pai de Passos ao filho, convenceria este a demitir-se alegando razões privadas, como tem sido frequente com outros políticos. Depois, mantendo a constituição da AR, e com a aquiescência dos líderes dos partidos, nomearia um novo PM do PSD, por exemplo RUI RIO, ou PAULO RANGEL, ou outro que o PSD escolhesse em congresso especial. Neste pormenor, ele mostrava inclinação para RUI RIO, com um passado muito mais significativo do que o de qualquer Jotinha, que fez um bom trabalho na Câmara Municipal do Porto, nomeadamente na forma como, em diversas ocasiões, evitou colocar-se sob a bota do dirigente do FCP.

A minha humildade de simples cidadão não me permite comentar esta hipótese de saída da crise, mas não quero que tal ideia morresse naquela conversa e, por isso, a trago aqui para que os interessados a possam analisar e dela retirarem ou não algo de útil para Portugal, para os portugueses que vêm vivendo estrangulados pela austeridade excessiva e pelos efeitos da espiral recessiva de cujo fim não se vislumbra sinal que possa alimentar esperança substancial.

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O MEDO É DA COR DA PRUDÊNCIA!!!???


O primeiro-ministro «garantiu», não ter medo nem das eleições autárquicas e europeias que se avizinham nem dos portugueses.

Recordei o que ficou escrito sobre o exemplo de famoso líder. «Um bom líder não sente necessidade de ser arrogante, vaidoso ou autoritário, porque sabe captar as simpatias da sua equipa, para seguir as melhores estratégias a caminho do objectivo selecionado».

Acerca desta declaração do PM, o meu amigo AMF disse, no seu tom cauteloso, «tenho para mim que quem afirma que «não tem medo» está muito mais do que amedrontado, pois já está paralisado, cobardemente, no pensamento e na acção!...Diz-se também que «quem tem medo compra um cão»…

Mas um governante não precisa de comprar cão, pois tem garantida segurança por profissionais bem preparados, como se viu no mesmo dia na Amadora.

«As autoridades cortaram uma rua da Amadora por causa da presença do primeiro-ministro na apresentação do candidato do PSD à câmara local. Minutos antes da chegada do PM, a avenida Santos Matos já tinha sido cortada ao trânsito do automóveis e peões, o que impediu todos de passar em frente ao auditório onde Pedro Passos Coelho esteve.

Mas, se Passos foi exageradamente arrogante quando falo de medo, os serviços de segurança estão atentos e avaliam que o grau de ameaça aos ministros do Governo de coligação, é o mais elevado dos últimos 20 anos e procuram reduzir os riscos o mínimo possível

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quinta-feira, 6 de junho de 2013

O BOM LÍDER NÃO É ARROGANTE NEM VAIDOSO


Transcrição de post do Blog Sempre Jovens, publicado por Celle:

 Coisas do Papa Francisco! "E tu, irias sentar-te na cadeira de trás?"

Uma das últimas cadeiras da igreja é ocupada pelo Papa.
É o que se vê na foto.

Ele está a celebrar uma Missa muito peculiar: os convidados são os jardineiros e o pessoal de limpeza do Vaticano. Num momento da celebração o Papa pede a todos que orem em silêncio, cada um pelo que o seu coração deseja. Nesse instante, ele levanta-se da sua cadeira presidencial que está na frente e vai sentar-se numa das últimas cadeiras para fazer a sua própria oração. Dá a impressão de que este chefe preferiu que todos se centrem em ver de frente a verdadeira razão da sua existência, esse Cristo crucificado que está ali presente e não em que o vejam a ele, o seu chefe, que não é mais que um homem que falhou e continuará a falhar, e a quem hoje todos chamamos o Papa Francisco.

A famosa diferença entre chefe e líder é absoluta nesta foto. O chefe sempre se emproa, pondo-se à frente para que todos o vejam e lhe obedeçam, enquanto que o líder sabe quando se deve sentar atrás, não incomoda, acompanha, facilita o caminho para que os outros consigam os seus propósitos; o líder é capaz de desaparecer no momento oportuno, para que os seus companheiros cresçam e se centrem no que é verdadeiramente importante. O líder não teme perder o seu lugar, porque sabe que, muito para além do “seu lugar”, trata-se de ajudar aqueles que se encontrem no seu caminho.

Na foto, o admirável Francisco está de costas. Ele sabe que muitos o queriam ver de frente, mas neste instante tão íntimo, ele prefere ficar de costas para os fotógrafos e dar a cara a esse Deus de todos, Amor para o jardineiro e Amor para o Papa, esse Deus que não diferencia o abraço nem dá mais por um ou por outro, ambos são pecadores e ambos precisam d’Ele.

Quantos chefes terão a capacidade de ir sentar-se naquela cadeira de trás? Quando é que mães e pais teremos que “celebrar” essa cerimónia chamada vida com os nossos filhos, e num momento oportuno sermos capazes de nos sentarmos atrás, para que eles fiquem de frente para a sua missão? Quantos poderemos voltar as costas aos aplausos, à barafunda dos “clicks”, aos elogios, para dar a cara, num momento íntimo, a essa oração profunda que torna o nosso coração despido de orgulho, a um Deus que deseja com fervor escutar-nos?

O Papa ficou-me gravado nesta foto, e eu espero que hoje esta injeção sirva para me situar no resto da minha vida...

NOTA: Sua Santidade, com este exemplo de humidade, ensinou que devemos ser para os outros tal como desejamos que eles sejam para nós. Há diferença entrem o SER e o TER. Francisco, nesta atitude mostrou que deve considerar-se irmão dos irmãos, aconselhar como se devem concentrar na reflexão sobre as suas faltas por pensamentos, acções e omissões. Deu o exemplo, ao concentrar-se na sua reflexão, de que o seu Ser deve sobrepor-se à ostentação do cargo que tem, e que acha que não deve ser utilizado como imagem de poder, mas de líder, de condutor de pessoas para o caminho do Bem.
Um bom líder não sente necessidade de ser arrogante, vaidoso ou autoritário, porque sabe captar as simpatias da sua equipa, para seguir as melhores estratégias a caminho do objectivo seleccionado.


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quarta-feira, 5 de junho de 2013

SER FELIZ OU TER RAZÃO?


Oito da noite, numa avenida movimentada. O casal já está atrasado para jantar na casa de uns amigos. O endereço é novo e ela consultou no mapa antes de sair. Ele conduz o carro. Ela orienta e pede para que vire à esquerda, na próxima. Ele tem a certeza de que é à direita. Discutem.

Percebendo que além de atrasados, poderiam ficar mal-humorados, ela deixa que ele decida. Ele vira à direita e percebe, então, que estava errado.

Embora com dificuldade, admite que insistiu no caminho errado, enquanto faz o retorno. Ela sorri e diz que não há nenhum problema se chegarem alguns minutos atrasados. Mas ele ainda quer saber: - Se tinhas tanta certeza de que eu estava indo pelo caminho errado, devias ter insistido um pouco mais... E ela diz: - Entre ter razão e ser feliz, prefiro ser feliz.

Estávamos à beira de uma discussão, se eu insistisse mais, teríamos estragado a noite!

MORAL DA HISTÓRIA

Esta pequena história foi contada por uma empresária, durante uma palestra sobre simplicidade no mundo do trabalho. Ela usou a cena para ilustrar quanta energia nós gastamos apenas para demonstrar que temos razão, independentemente, de tê-la ou não. Desde que ouvi esta história, tenho-me perguntado com mais frequência: Quero ser feliz ou ter razão?

Outro pensamento parecido, diz o seguinte: "Nunca se justifique; os amigos não precisam e os inimigos não acreditam".

Eu já decidi... EU QUERO SER FELIZ e você? NOTA. Texto pequeno mas de grande interesse que merece ser meditado e divulgado Imagem de arquivo

EXPULSE PENSAMENTOS NEFASTOS


Transcrição de post do Blog Sempre Jovens, publicado por Celle:

Li uma crônica em que o autor dizia que o mundo seria melhor se aprendêssemos a ser mais pacientes e menos críticos, mas mais educados e controlados!

Mais ou menos assim:

Um dia peguei um táxi para o aeroporto. Estávamos rodando na faixa certa quando um carro preto saiu de repente do estacionamento, directo na nossa frente.

O taxista pisou no freio bruscamente, deslizou e escapou, por um triz, de bater em outro carro...

O motorista desse outro carro sacudiu a cabeça e começou a gritar para nós nervosamente, mas o taxista apenas sorriu e acenou para o cara, fazendo um sinal de positivo. E ele o fez de maneira bastante amigável.

Indignado lhe perguntei: 'Porque você fez isto? Este cara quase arruínou o seu carro, a nós e quase nos mandou para o hospital?!?!'

Foi quando o motorista do taxi me ensinou o que eu agora chamo de "A Lei do Caminhão de Lixo."

Ele me explicou que muitas pessoas são como caminhões de lixo.

Andam por aí carregadas de lixo, cheias de frustrações, de raiva, traumas e desapontamento.

À medida que suas pilhas de lixo crescem, elas precisam de um lugar para descarregar e às vezes descarregam sobre a gente.

Nunca tome isso como pessoal.

Isto não é problema seu! É dele !!!

Apenas sorria, acene, deseje-lhes sempre o bem, e vá em frente.

Não pegue o lixo de tais pessoas e nem o espalhe sobre outras pessoas no trabalho, em casa, ou nas ruas.

Fique tranquilo... respire E DEIXE O LIXEIRO PASSAR.

O princípio disso é que pessoas felizes não deixam os caminhões de lixo estragar o seu dia.

A vida é muito curta, não leve lixo com você!

Limpe-se dos sentimentos ruins, aborrecimentos do trabalho, picuinhas pessoais, ódio e frustrações.

Ame as pessoas que te tratam bem. E trate bem as que não o fazem.

A vida é dez por cento do que você faz dela e noventa por cento da maneira como você a recebe!!!

Arnaldo Jabor

NOTA: Que bela lição. Devemos evitar ser «camião de lixo» e não devemos deixar que os outros nos esmaguem.
Compreender, ajudar, reagir pela positiva, mas não acumular desgostos e maus sentimentos que nos corroam a alma.
Os problemas não se resolvem com lamentações mas, sim, procurando as melhores soluções possíveis. Mesmo nas piores situações, se são incontornáveis ou tiveram bom resultado, devemos sorrir por termos escapado com vida à eminência de acidente.
Infelizmente há muitos camiões de lixo, como se verifica, por exemplo, pelo facto de a maior parte das utilizações do claxon dos carros ser destinada a insultar os outros utentes da estrada e não para alertar e evitar perigos.


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