domingo, 16 de agosto de 2009

O subsídio de desemprego. 060912

O subsídio de desemprego
(Publicada no Metro em 12 de Setembro de 2006, p. 6)

O subsídio de desemprego merece outro tipo de reflexão, além do controlo para evitar abusos, que é relacionado com o seu quantitativo. Foi-me contado que um supermercado precisava de uma empregada que pediu ao Centro de Emprego. Uma candidata, no final da entrevista acerca das condições do trabalho, que estavam inteiramente ao seu alcance, perguntou quanto ia receber e, ao ser informada, respondeu: Por esse ordenado não conte comigo, porque o subsídio de desemprego é pouco menor do que isso e não tenho que me deslocar, cumprir horários e aturar um patrão, mas ponha aí no papel que não tenho perfil para o lugar. Segundo notícia de 9 de Setembro, quem estiver a receber subsídio de desemprego e for apanhado a trabalhar pode ficar dois anos sem subsídio. Esta forma de falar é típica da sociedade actual. Repare-se que não é dito que essa sanção é aplicada a quem trabalhar, mas a quem «for apanhado». Passa-se o mesmo nas infracções rodoviárias e muitas pessoas, como sabem que têm pouca probabilidade de ser apanhadas, não evidenciam a mínima preocupação com a lei. Qual é o problema? É a pouca eficácia da acção fiscalizadora e da repressão da infracção, o que, de uma forma geral, pode traduzir-se por deficiente acção combinada da força policial e da Justiça. Enquanto as condições facilitarem o desprezo pela lei, esta não tem o efeito esperado pelo legislador e este não passa de um idealista utópico desenraizado da sociedade real.

Isto é impressionante, pois estamos todos a contribuir para desempregados perpétuos, apesar de haver oferta de emprego que recusam, sem perder direito ao subsídio. Há muita gente que opina contra os imigrantes, mas o certo é que se eles encontram trabalho é porque os portugueses o não querem. E, sem esses imigrantes, muitas empresas não conseguiriam funcionar.

É altura de alguns dos muitos assessores do Governo, fazerem um trabalho sério de diagnóstico deste problema e indicarem duas ou três modalidades de terapia, que estas sejam colocadas à discussão pública e, depois, seja escolhida a julgada melhor, com o consenso dos partidos representados na AR. Trata-se de um problema nacional que tem prioridade sobre o aso Mateus, por exemplo.

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