O Acordar do Mágico. 060117

(Publicada no Destak em 17 de Janeiro de 2006, p. 11)

Anda uma pessoa a esforçar-se por esquecer o passado, principalmente, os momentos menos agradáveis cuja memória não dá prazer, e eis que, inesperadamente, se levanta um fantasma que julgávamos adormecido na letargia do stress da «incubadora». Um anti-Ícaro criador de enigmas e de mistérios que não pode vir para ser adorado, pois os deuses do Olimpo, atentos ao que se passa no solo, certamente lhe cortarão as débeis asas e o queimarão na fornalha onde ardem as aves com gripe, mesmo que não sejam «prematuras».

A memória das pessoas não é tão curta como muitos julgam e não obscurece os lamentos paranóicos daquele que, em Vila Pouca de Aguiar, em vez de um discurso de Estado que elevasse a confiança e a esperança da população, fez um choradinho egoísta de prematuro, desprotegido, agredido e hostilizado por familiares e conhecidos. Não era a linguagem de um ganhador, mas os lamentos de mendigo que expunha as suas chagas para suscitar a caridade de quem passasse.

Agora, o fantasma surgiu como um mágico, misturando aspectos de virtual vencedor esperançado com confessado desejo de vingança, mas sem um projecto, uma pista, que lhe granjeie a simpatia daqueles para quem ficou irremediavelmente morto. Não oferece nada. Já mostrou o que nada vale e não se sabe o que pretende oferecer. Mas, sem dúvida, sobressai do seu acordar um propósito demolidor, destruidor de uma pessoa a quem não pode fazer sombra e com quem não pode competir em competência profissional, política e ética. Também hostiliza o partido que ele atirou para um buraco de dimensões ainda não bem avaliadas, e de que não está totalmente recuperado. De que magia espera um milagre? O que pretende do povo a quem nada apresenta de positivo, de agregador para um futuro melhor?