«Stress» de Governante
(Publicada no Metro em 4 de Abril de 2006, p.8)
José Sócrates merece-nos respeito pelo cargo que desempenha e admiração pelo seu voluntarismo e pela determinação com que pretende reorganizar a estrutura administrativa do Estado. Se conseguir levar esta tarefa a bom porto e coordenar a sua concretização por forma a ficar estruturalmente bem instalada, reduzindo o peso da função pública e da burocracia ao mínimo indispensável e cortando as hipóteses de corrupção, ficará, sem dúvida, na história ao lado de poucos mas insignes portugueses.
É, no entanto preocupante o «stress» de governante que por vezes evidencia. Por exemplo, em 29 de Março, na AR, disse: «Na Maternidade de Elvas fazem-se 0,7 partos por dia. Muitos dias não há sequer partos...». Da primeira frase não surgem dúvidas. Mas o que é estranho é a necessidade que ele sentiu de dizer a segunda, pois mostra que, por momentos, se esqueceu de que 0,7 é um número estatístico que significa que em 100 dias houve 70 partos, e portanto... Ou será que ele pensa exageradamente mal da inteligência e dos conhecimentos de matemática dos deputados para quem falava e dos portugueses que o acompanhavam em directo pela TV? Esta segunda razão é grave e muitos portugueses jamais a esquecerão.
E o mais grave poderá ser que uma falta de concentração o tenha levado a falar como se pensasse que há dias em que não há partos e que em cada dia dos outros se realizam 0,7. Um amigo diz-me que o assunto não é para ironias e que o PM apenas quis tornar a sua ideia mais clara, ficando ao alcance dos muitos analfabetos funcionais e nem é uma manobra dilatória para encher tempo de antena, nem uma das «bolas de sabão» a que se referiu em jornal da mesma data V G Moura.
Oxalá o stress não o faça fracassar e possa consolidar a reforma administrativa de que Portugal tem necessidade para sair do pântano em que jaze há muitas décadas.
O regresso de Seguro
Há 30 minutos
Sem comentários:
Enviar um comentário