O ensino é preparação para a vida. 060203

(Publicada no Correio da Manhã em 3 de Fevereiro de 2006, p.39)

Quando se analisa qualquer dos graves problemas que afectam a sociedade actual, desde a sinistralidade rodoviária, à fraca produtividade, passando pela criminalidade, a corrupção, etc., chega-se sempre à conclusão de que a causa básica reside em deficiências na preparação das crianças para a vida, nomeadamente quanto à educação e ao ensino. As deficiências mais citadas apontam para a fraca noção de civismo, de respeito pelos outros, de acatamento da autoridade (de pais, professores, etc.); deficiente noção de organização, método, hierarquia, responsabilidade; subavaliação da importância da busca da perfeição em qualquer tarefa. É de salientar o desprezo pela matemática e pelo raciocínio lógico que ela desenvolve, e a dificuldade em realizar cálculo mental, mesmo que apenas rudimentar. Também o fraco conhecimento da língua impossibilita a correcta interpretação de textos e a eficiente expressão do pensamento.

Tudo isto, ligado a uma inexistente formação profissional, impede a flexibilidade de emprego com mudança de ramo de actividade em caso de desemprego. A falta de lógica matemática e de compreensão das operações aritméticas origina o sobreendividamento, dificulta a opção pelas soluções mais vantajosas e realistas, do que resulta muita gente estar endividada de forma irremediável.

Como sair daqui? Como preparar para a vida as crianças em quem se está a infundir a ideia de que não devem ser contrariadas nem sobrecarregadas com estudo e trabalho de casa e que devem acima de tudo divertir-se e ver televisão? Ao contrário desta postura hedonista, aquela preparação, como toda a aprendizagem, exige trabalho e força de vontade.

Quem irá debruçar-se sobre este tema e orientar os pais, os educadores e os professores, com vista a um futuro positivamente risonho para as crianças, agentes do futuro do país? O que irá fazer o Governo e as autarquias, na reestruturação do ensino básico e secundário?