Scolari, um modelo de líder
(Publicada n’O Independente em 14 de Julho de 2006)
Não sou fanático do futebol, nem sócio de qualquer clube, nem treinador de sofá, e pretendo que as minhas palavras não sejam interpretadas como presunçosas no aspecto técnico futebolístico. Quando penso que Scolari, o Filipão, o sargentão deve se seguido como modelo, refiro-me aos aspectos variados em que o seu exemplo de condutor de homens deve ser seguido como referência por líderes políticos e empresários ou outros quadros que chefiem pessoal que deve colaborar com eficiência e perseverança na consecução de um objectivo comum.
Definido o objectivo da selecção, soube seleccionar os seus «trabalhadores» priorizando a motivação que garantia um esforço intenso e continuado. Valorizou mais a capacidade de motivação do que a fama e o nome no mercado. Depois, paralelamente à preparação física e ao treino técnico, preparou-os psicologicamente para a missão, sem os pressionar, nem desrespeitar as suas personalidades e os seus problemas pessoais. Eles iam à televisão com à-vontade e segurança, evidenciando a sua solidariedade em função do objectivo. E como o poder anímico dos jogadores seria fortalecido pelo apoio popular e o entusiasmo geral, o genial Scolari conseguiu que todos cantassem o Hino Nacional e que a generalidade da população utilizasse a Bandeira, os cachecóis e outros adereços como símbolo do seu apoio à Selecção.
Isto é realmente um exemplo a seguir. Quantos líderes políticos conseguem mobilizar a vontade dos Portugueses em torno de um objectivo nacional por eles escolhido? Não sendo tão exigente, pergunto qual o líder partidário que alguma vez conseguiu aglutinar o entusiasmo dos seus militantes com vista a um projecto de interesse nacional? Qual a percentagem de portugueses capazes de ir à TV afirmar com naturalidade e segurança a sua comunhão com as tácticas governamentais ou autárquicas? Quem é que se pode comparar a Scolari na explicação dos seus intentos, da suas tácticas, dos pontos fortes e fracos dos jogos? E nunca foi pessimista, falando de dificuldades e carências. Enfim, é sem dúvida, um exemplo a seguir por aqueles que têm o dever de dirigir a actuação de grupos de pessoas e, principalmente, os destinos do País.
O regresso de Seguro
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