(Publicada no Metro em 24 de Abril de 2006, p. 6)
O Sr ministro das Finanças disse uma frase muito citada pela senhora sua mãe que tem 86 anos: «o que arde cura e o que aperta segura». Talvez pretendesse convencer os contribuintes de que iriam ter mais saúde e segurança em consequência do ardor dos impostos e do aperto do cinto, a que a situação financeira do País os obriga. Para começar, ele não estava muito seguro da seriedade da ideia propagandística que desejava transmitir, tanto assim que disse que a sua mãe tem 26 anos, antes de gaguejar e emendar para 86. Não tem sofrido o aperto e, por isso, não está seguro nem sequer quanto à idade da sua mãe. Estes lapsos são frequentes quando se fala sem sinceridade e verdade, procurando «vender» um produto sem qualidade, contrafeito.
Não se coloca em dúvida a sabedoria popular repetida pela mão do Sr ministro. Mas não foi dito quem iria ter mais saúde e segurança à custa do ardor e do aperto de cinto dos contribuintes mais desfavorecidos. Pelo que tem sido visto, o benefício tem sido canalizado para governantes que passam mais tempo nos aviões e no estrangeiro do que nos gabinetes, para os jovens assessores familiares de políticos influentes que conseguiram fáceis e faustosas entradas no lote dos privilegiados, para os deputados que ganham bem e nem cuidam de comparecer às votações dos plenários do Parlamento, ou então passeiam à custa do orçamento (no dia 12 havia 17 em representação da AR no estrangeiro), para os carros novos e gabinetes luxuosamente mobilados e decorados de novo, para os bafejados pelas reformas milionárias ganhas em curtos espaços de tempo e acumuladas, etc.
Realmente o que arde e aperta a uns cura e dá segurança a outros. Boa lição de democracia socialista dada pelo Sr. ministro, apesar de estar um pouco estressado.
Sócrates de novo
Há 1 hora
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