(Publicada no Público em 13 de Dezembro de 2005)
O tratado de Quioto traduz a preocupação geral quanto ao efeito de estufa causado por gases produzidos pela combustão de produtos orgânicos, com hidratos de carbono e que provoca as alterações do clima que, embora manifestando-se lentamente, já são bem visíveis. Não é necessário entrar em pormenores técnicos e científicos para compreender a importância vital deste fenómeno para a vida da humanidade.
Segundo as notícias, Portugal é um dos países que mais desrespeita o tratado, emitindo quantidades absurdas de gases. Além da quantidade de carros que enchem as cidades e que, na sua maioria, deviam dar lugar aos transportes públicos, o grande poluidor é a produção de energia, quer a nível nacional quer a nível de empresas que utilizam combustíveis fósseis em vez das fontes inesgotáveis, renováveis (hídrica, eólica, solar, das marés e das ondas) e outras não poluentes como a nuclear para a qual Portugal dispõe de abundante matéria-prima. Além de poluidores, o carvão e os derivados do petróleo são importados, pesando fortemente na balança comercial.
A água da chuva corre para o mar sem ser devidamente aproveitada em sistemas bem estruturados de barragens. Os projectos existentes desde há muitas décadas têm sido boicotados por argumentos de defesa da natureza (flora e fauna) e de traços arqueológicos. Mas, por um lado, a vida natural tem capacidade de adaptação às mudanças e, por outro lado, Foz Côa não dispõe dos hotéis de cinco estrelas nem do aumento de emprego e de riqueza para a população da região que os média faziam esperar e que compensariam a paragem da barragem. Também a central nuclear que podia ter sido construída em Óbidos ou noutro local não mataria por radioactividade a população local, com demonstram os factos nas proximidades das centrais espanholas, francesas, belgas, etc.
Não há que criticar aqueles que argumentaram contra a exploração das energias limpas, por uma ou outra razão. Poderão tê-lo feito por limitação do raciocínio, por convicção. Mas temos que apontar o dedo àqueles que, com responsabilidade governativa, tomaram decisões que levaram ao uso excessivo de energias poluentes e com peso na balança comercial e aos atropelos ao tratado de Quioto. Chamem de políticas às suas decisões, mas agora somos nós, simples cidadãos, que temos de apertar mais uns furos no cinto para pagar o desrespeito pelas normas que limitam a emanação de gases produtores do efeito de estufa e é o mundo a sofrer as alterações do clima provocadas por políticos inconscientes e ignorantes dos efeitos das decisões que tomaram de ânimo leve sem estudos sérios profundos e alargados.
DELITO há dez anos
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