(Enviada aos jornais em 26 de Agosto de 2006)
Segundo o editorial de um jornal diário de 25 do corrente, Portugal poderá ser o país europeu com maior quantidade de «legislação sobre ética e transparência da actividade política», mas poucos desses países «terão um sistema de transparência tão hipócrita, confuso e ineficaz» como o lusitano. Com efeito, teoria não nos falta, para o que contribui a predominância na política de pessoas de Direito e docentes universitários, o que segundo alguns «pensadores» constitui a pior maleita do País. Portugal precisa de cientistas e investigadores, mas tendo consciência de que se trata de pessoas que vivem a uma altitude tão elevada que não enxergam os pequenos problemas que afligem as pessoas vulgares, não são pessoas indicadas para a política. Andando atrás de respostas para as sua dúvidas científicas não podem prender-se com coisas corriqueiras, e os cidadãos precisam de políticos com capacidade de análise e de decisão ao nível prático por forma a ver garantido o seu direito à melhoria sustentada do bem-estar e da qualidade de vida. Quanto às pessoas do Direito sofrem da obsessão, da compulsão, de legislar, pensando, que com a satisfação desse prazer orgásmico resolvem os problemas do País, mas apenas acabam por resolver os problemas pessoais e da classe oligárquica.
Além de tal ética e transparência hipócrita a que o editorialista se refere, aparece em concreto, a legislação sobre o trânsito, cada vez mais restritiva, mas sem produzir melhoria sensível na segurança nas estradas, A transparência hipócrita ficou também evidenciada na tentativa de legislar no sentido de deixarem de ser publicadas as nomeações e contratações de «colaboradores» da função pública.
Por isso, a tal legislação superabundante que nos coloca à frente dos países europeus, mesmo no respeitante à sua ineficácia, fez lembrar a frase antiga «para inglês ver», devendo agora actualizar-se «para europeu ver» Dizem que os governantes são polígamos e que satisfazem o seu prazer sexual assinando legislação que vai ser «aplicada» a todos os portugueses!
É de esperar que os políticos assentem os pés no chão, se compenetrem de que agem para o povo e em nome do povo, com a missão de lhes tornar a vida mais fácil e agradável, para o que não devem tomar os eleitores como feras perigosas, selvagens e ignorantes.
O regresso de Seguro
Há 39 minutos
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