(Publicada no Jornal de Notícias em 24 de Julho de 2006, p. 20)
No livro «Cuidar o Futuro, Um Programa Radical para Viver Melhor», da Comissão Independente População e Qualidade de Vida, editado pela Trinova, em 1998, lê-se a dada altura, a propósito da globalização: «pessoas e grupos sociais, com pouca educação e poucas qualificações estão a ser desvalorizadas por uma economia cada vez mais competitiva». Esta frase devia ser objecto de profunda meditação pelo ministério da Educação e pelos sindicatos. Com efeito, a preparação escolar e profissional dos recursos humanos é fundamental na economia do futuro, dos pontos de vista da produtividade, da inovação, da competitividade e da flexibilidade de emprego. Vai longe o tempo em que um jovem entrava para o emprego, aprendia uma tarefa simples que esperava repetir até ao fim da sua vida activa. Hoje já não existe garantia da permanência no mesmo emprego e até é enriquecedora a diversidade de experiências.
É sintomático e preocupante ver na TV, quando encerram empresas, pessoas com cerca de 30 anos que dizem não ter esperança de encontrar novo emprego por não saberem fazer mais nada. Isso significa falta de boa escolaridade, de capacidade de inovação e de flexibilidade de espírito, precocemente calcinado. Por seu lado, os sindicatos são peritos em organizar manifestações contra o Governo, os EUA ou Israel, mas pouco fazem para estimular a valorização profissional dos trabalhadores.
Para tornar possível a formação profissional satisfatória e a capacidade de mudar de emprego é indispensável uma boa preparação escolar que permita encarar situações imprevistas e procurar novas soluções. O ensino tem elevada responsabilidade na preparação de crianças e jovens, no civismo, na noção do dever, no sentido da responsabilidade e na capacidade de raciocínio lógico e matemático. E não se pode deixar de exigir aos pais um esforço acrescido nessa preparação e na colaboração com a escola no desenvolvimento cívico, intelectual e cultural dos seus filhos, sendo, pelo contrário, condenáveis as reacções violentas contra os professores que mais se preocupam com a preparação global dos seus alunos.
Estas palavras podem ser criticadas por serem banalidades mas, infelizmente, não se vê ninguém ir à TV esclarecer, de forma simples, coerente e compreensível, as fases por que passa a preparação de um futuro melhor para os cidadãos de amanhã. Não é boa solução ensinar-lhes apenas direitos, sem falar em deveres e responsabilidades, nem pintar-lhes cenários de «liberdades» e satisfação de todos os caprichos, sem nada fazer para os merecer. Não devemos esquecer a frase atrás citada, porque o mundo será implacável para quem não tiver preparação para a competitividade.
Mensagem de fim de semana
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