quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Políticos: direito ou engenharia. 030401

(Publicada no «Diário de Notícias», 1 de Abril de 2003)

A China, embora não sendo aquilo que no Ocidente chamamos uma democracia, tem vindo a evoluir para a economia de mercado, com uma taxa de desenvolvimento que faz inveja aos países mais prósperos do mundo. Socialmente, apesar de se tratar de um país muito diversificado, a evolução tem-se processado sem grandes sobressaltos. Porquê?

Na recente mudança das cabeças do regime, verifica-se que as pessoas mais destacadas da cúpula do poder, são engenheiros ou economistas ou técnicos de organização, planeamento, projecto, etc. Enfim, pessoas com preocupações no futuro, com intenções de tomar medidas práticas para melhorar as condições de vida, de comodidade, de bem-estar, de segurança para os cidadãos. Com pessoas assim, é possível evoluir sem necessidade de revoltas sangrentas, do tipo daquelas que ocorrem em regimes demasiado conservadores, cristalizados em fórmulas ultrapassadas.

Este facto é o oposto ao que se passa no nosso país em que os políticos de topo são pessoas com formação ligada ao direito ou a outros ramos ligados ao uso da palavra. É um facto que o Direito condiciona as pessoas às leis elaboradas anos, ou mesmo décadas, atrás. Leva as pessoas a raciocinar com base em dados ultrapassados pelo tempo, e a condenar qualquer espécie de inovação (que, por definição, não está prevista na lei). Os homens do direito são conservadores, teóricos, um tanto desligados das realidades e nada propensos a projectos e perspectivas de futuro. Isto, ao contrário dos engenheiros chineses. Será este o motivo do nosso atraso sócio-económico? Pelo menos, a meu ver, é um dos factores mais condicionantes.

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