(Publicada no Público em 2 de Abril de 2005)
As notícias que nos vão chegando dão do País um diagnóstico preocupante, mesmo para os menos atentos. A trajectória que estamos a seguir numa rampa inclinada é notória em aspectos como os seguintes. Os agentes da autoridade além de não serem respeitados e acatados, são assassinados barbaramente. Na sequência do assassínio de um polícia foi detectado um arsenal de armas de calibre proibido e mais sofisticadas do que as usadas pela polícia. Por uma simples discussão de trânsito, um homem supostamente civilizado matou outro a tiro. Inspecções recentes detectaram 32 por cento de beneficiários do subsídio de inserção em situação ilegal. Apesar de brutais acidentes rodoviários com vários mortos e feridos e carros totalmente destruídos, há pessoas que dizem sentir-se bem a conduzir com velocidade excessiva. Embora a crise económica seja visível na maior parte dos sectores da vida nacional e tenha crescido a quantidade dos sem-abrigo e dos pobres carentes e ajuda, tem aumentado a importação de automóveis de luxo e de telemóveis da última geração, sem haver exportações que permitam o equilíbrio da balança comercial. No concurso da RTP «um contra todos», tivemos o privilégio de ver uma quase finalista de Direito (ramo da ciência em que se insere a maior parte dos políticos) e com pretensão a ser docente universitária ser excluída à segunda pergunta, acessível a qualquer pessoa atenta à actualidade da UE.
Perante situação tão grave, de que os exemplos apontados são apenas uma minoria obtida aleatoriamente, cabe a todos nós fazer algo para a cura da doença assim diagnosticada. Cada um deve tomar as medidas convenientes para ajudar a sair do pântano em que nos estamos a afogar. E aos governantes, cabe estabelecer prioridades, esclarecer os cidadãos sobre a conduta colectiva mais adequada e tomar decisões correctas para melhorar as condições de vida de forma sustentada, principalmente dos mais necessitados. Os sucessivos estudos, hesitações, adiamentos e alterações de decisões sobre o aeroporto de Lisboa, o TGV, as pontes sobre o Tejo, as SCUTS, indicam a necessidade de um consenso entre os principais partidos a fim de chegar à concretização dos projectos mais importantes para o País e de realização mais demorada, evitando custos repetidos e tornados inúteis. Não podemos continuar a correr o risco de, após enormes despesas numa solução, esta ser colocada de lado por ter havido mudança de governo. Assim, nunca mais teremos uma obra que desde a concepção até à inauguração dure mais de uma legislatura. Portugal orgulha-se dos Jerónimos cuja construção se prolongou de 1502 até ao reinado de D. Sebastião, e do Mosteiro da Batalha, iniciado em 1388 e que ao fim de um século ainda estava com as Capelas Imperfeitas. Se a actual rota do País não for alterada ficamos receosos do destino de Portugal.
Eurodeputados portugueses sobre Moçambique
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