(Publicada no Diário de Notícias em 30 de Março de 2005)
O arquitecto Tomás Taveira, numa publicação dominical, sugere que «nós teríamos que criar condições para atrair os estrangeiros que são melhores do que nós a fim de nos ajudarem a rapidamente atingirmos patamares aceitáveis...» «A inovação não vai ser espontânea, pelo que é necessário uma enorme dose de paciência e capacidade de aceleração».
Taveira fala de um fenómeno que conhece, mas, antes de recorrer à ajuda de investigadores e cientistas estrangeiros, há que apoiar com incentivos os jovens portugueses que evidenciam capacidade igual à dos melhores estrangeiros e que, por falta de estímulos no país, vão trabalhar para instituições científicas estrangeiras. Vale a pena olhar para o exemplo de Taiwan que baseou os primeiros passos do seu processo de desenvolvimento no regresso (conseguido por persistente persuasão) de nacionais que estavam a obter êxito no estrangeiro. Por outro lado, no nosso Instituto Superior Técnico e noutras instituições congéneres, há um número apreciável de docentes e discentes que se evidenciam pela criação de protótipos, muito apreciados no estrangeiro, e que muito podem fazer a favor da inovação nas nossas empresas e da sua competitividade no campo das altas tecnologias. O fecho da abóbada desta metodologia será o incentivo aos que apresentarem projectos mais criativos aplicáveis à necessidade de desenvolvimento do país, incluindo facilidades para registo de patentes. Merece ser enfatizado como exemplo o actual concurso para empreendedores apoiado por uma grande instituição bancária.
Paralelamente a estes aspectos de resultados relativamente rápidos, há que desencadear, desde já, estratégias de longo prazo assentes na reestruturação do ensino com vista à «reforma das mentalidades», ao incentivo de comportamentos e vivências culturais orientadas para a inovação e a competitividade. As empresas precisam de técnicos jovens preparados para as três fases da sua laboração: fabrico do produto actual e respectivo marketing; preparação do produto da geração seguinte (a seguir um ano após); e formulação técnica do produto seguinte. Na era da alta tecnologia, as inovações estão a suceder-se com intervalos cada vez mais pequenos. Uma marca não pode adormecer sobre o êxito obtido por um modelo, descurando a criação de um melhor. Li, há pouco tempo, que uma conhecida marca divulga as inovações dos produtos logo que os coloca no mercado, para ter concorrência que a incentive no aperfeiçoamento das tecnologias e na criação de produtos mais sofisticados. Sem concorrência cairia na estagnação e, quando acordasse, poderia estar em atraso irremediável em relação ao mercado concorrente.
Certamente que autores e actores do «choque tecnológico» terão presentes as considerações dos aspectos práticos mais prioritários. Oxalá as suas intenções tenham eco no entusiasmo dos responsáveis pelo ensino e pelas empresas, para darem as mãos na conquista deste objectivo.
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