Comecei por me sentir mais orgulhoso de ser português, ao ver, no vosso jornal de hoje (13), a notícia «Igreja de Alverca vai ter o segundo maior carrilhão da Europa». Mas, logo a seguir, entristeci-me pelo facto de essa comparação, já banalizada acerca de outros eventos, ter um cheiro a terceiro mundismo. Recordo que na Costa do Marfim, na cidade natal do ex-presidente (1960-93), Boigny, foi construída uma réplica da catedral do Vaticano, apesar de o PNB per capita ser apenas de 660 dólares.
Sentir-me-ia mais orgulhoso do meu país se obtivéssemos semelhante lugar nessas comparações com a Europa quando se trata de acidentes rodoviários, acidentes no trabalho, sida, alcoolismo, conhecimentos de matemática, conhecimentos da língua nacional, etc. Infelizmente, nestes sectores, estamos na cauda dos Quinze.
Penso que, enquanto não forem resolvidos estes problemas graves, devemos evitar gastos de fachada, de faz de conta, que constituem uma provocação aos mais desfavorecidos que lutam com necessidades básicas da sua sobrevivência. Isto deve ser um problema de consciência de todos os portugueses, principalmente daqueles que, pelas suas funções ou pelo seu poder de influência, podem conduzir alguns actos públicos dos seus semelhantes.
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