quinta-feira, 13 de agosto de 2009

O Estado da Nação. 020422

(Participação para inquérito do «Público», 22 de Abril de 2002)

À primeira vista, hoje, as principais preocupações dos portugueses são as seguintes:

1. Falta de civismo, traduzida no desrespeito pelo outro e pela vida humana de que resultam os acidentes rodoviários, os acidentes de trabalho, os actos de violência, a pedofilia, etc.

2. Desrespeito por valores éticos e morais básicos, colocando o «deus» dinheiro à frente e acima de tudo, resultando em falta de seriedade no relacionamento, em corrupção, etc. O discurso do Dr. Almeida Santos, na transferência de poderes na AR, é disso exemplo, ao defender que a AR seria prestigiada se os deputados passassem a ganhar mais. E é grave o exemplo dado pelos homens públicos e pelos políticos que são um modelo para grande parte da população.

3. A falta de valores de seriedade e de profissionalismo, conduzem entre outras coisas, à falta de produtividade nas actividades públicas e privadas, e à baixa competitividade na concorrência internacional.

4. A toxicodependência destrói o melhor do país a sua geração de amanhã e provoca um indesejável sentimento de insegurança, devido à violência e aos roubos com ela relacionados.

5. Existência de múltiplos «institutos» públicos para a mesma finalidade de que resulta indefinição de funções e inoperância. Veja-se o resultado dos dinheiros gastos na «prevenção rodoviária» - o número de acidentes, mortos e feridos nas estradas continua a ser uma vergonha em relação aos parceiros da União Europeia, apesar dos milhões gastos anualmente.

6. É preocupante o apoio do Governo a intelectualismos pretensiosos e balofos. Veja-se, por exemplo, o verso das nossas moedas que nada diz ao Português médio e muito menos aos estrangeiros. Compare-se com as moedas de outros países que têm símbolos mais explícitos e elucidativos.

7. Ausência de controlo da entrada de imigrantes, dando origem à vinda de pessoas que não apresentam qualquer benefício para o país, antes aumentam o número de pedintes, prostitutas, toxicodependentes e outros marginais. Um verdadeiro controlo devia evitar a entrada de indesejáveis e, por outro lado, criar boas condições de vida àqueles que vêm, com o seu trabalho, contribuir para o desenvolvimento do país.

8. Tratar as ex-colónias como pessoas adultas e não como crianças que precisam de protecção permanente. As ajudas que são dadas sem critério, sem ter em conta as potencialidades económicas relativas, acabam por prejudicar o bom povo trabalhador que neste rectângulo lusitano não recebe uma compensação justa, em benefício de países com grandes potencialidades económicas que só pecam por serem governados por pessoas incompetentes e sem escrúpulos.

9. Dada a fraca produtividade das nossas empresas, salientada recentemente por um célebre economista estrangeiro, é imperioso que se active o ensino profissionalizante. Precisamos de operários especializados competentes e não é aos 20 anos que se começam a formar. O ensino puramente teórico sem relação com a realidade empresarial de pouco vale ao desenvolvimento do país.

10. As carências no sistema de saúde é gritante. Muitos países do terceiro mundo têm maiores facilidades neste âmbito. Também devia haver mais controlo sobre os apoios à velhice, quer no tocante aos lares quer às «universidades para a terceira idade», em que há muita gente ambiciosa sem escrúpulos a enriquecer à custa dos carentes – por exemplo a designada «Universidade Internacional para a Terceira Idade», em que o dono não gasta em benefício dos alunos pagantes praticamente nada, e tem professores voluntários gratuitos.

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