sábado, 15 de agosto de 2009

O último feche a porta. 051116

(Publicada no Diário de Notícias em 16 de Novembro de 2005)

Ninguém bem intencionado põe em questão a necessidade imperiosa de reduzir o défice que os governantes dos últimos tempos têm criado. O PR, nas suas intervenções didácticas, aconselha a participação de todos. Deverá dizer-se que o esforço deve ser de todos, mas essencialmente dos governantes que devem servir de exemplo mas, de quem, pelo contrário, saem notícias quase diárias de visível «descontenção». De entre muitos casos até se fala de avultada quantia para preparar o gabinete do próximo futuro ex-PR.

Seria de esperar que se tivesse já iniciado uma reestruturação racional de procedimentos administrativos, reduzindo a burocracia, as etapas a percorrer pelos processos, do que resultaria, entre outros benefícios, menor número de funcionários, menor corrupção e mais facilidade na vida dos agentes económicos, Mas, em vez dessa reestruturação, houve a decisão de apertar o cinto (ou o pescoço) dos servidores do Estado, com uma filosofia de igualar todos aos que estão na parte mais baixa da escala. Isto recorda a conversa de um reconhecido revolucionário do PREC que, em visita a Olof Palm, de gabou de Portugal estar a acabar com os ricos, ao que o PM sueco respondeu que, lá, estavam a tentar acabar com os pobres, apesar de terem dificuldade nisso.

Como resultado, as pessoas mais válidas, com capacidade para sobreviverem na actividade privada, estão a sair. Ouve-se falar de 3.000 polícias, 6.000 militares (estes estão a ser contrariados pelos seus chefes com base na «condição militar» agora interpretada como estatuto de escravatura, por apenas ser citada nas restrições e proibições), e cerca de 30.000 funcionários públicos. Também, dos jovens licenciados, os mais aptos estão a emigrar.

Perante este panorama em que as pessoas cumprem o seu dever de olhar pelo seu futuro, os que ficam não são, certamente, os mais capazes e sobressai o aviso muito citado no PREC quando houve os saneamentos de gente de valor (nem todos os saneados o tinham, é certo), «o último a sair que feche a porta».

Para bem de Portugal, espera-se que a função pública seja racionalmente reduzida ao mínimo, com tarefas necessárias, claramente definidas, começando pelos serviços de apoio aos governantes, e que os funcionários sejam objecto de motivação para participarem com competência e dedicação na construção de um país que não deve ficar relegado para a cauda da Europa.

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