(Enviada aos jornais em 4 de Novembro de 2005)
Recordo-me da frase do primeiro-ministro que, perante uma «bomba» lançada no comício a que presidia, no Terreiro do Paço, procurou serenar o povo dizendo «é só fumaça». Agora, estamos nos primeiros passos da competição pela cadeira de Belém e receamos que se trate de mais fumaça ou «faz-de-conta» como as anteriores campanhas eleitorais, em que não foram abordados os principais problemas do país, não foram equacionadas soluções seguras e bem fundamentadas para o desenvolvimento económico e social, e tudo ficou pelos ataques partidários, as referências aos erros dos anteriores titulares, insultos pessoais, promessas idiotas que logo após o acto eleitoral foram esquecidas, etc.
Este receio não é infundado pois já se vê que dois dos principais candidatos estão a alimentar os órgãos da Comunicação Social com a interpretação dos conceitos de «profissionalismo» ou «intermitência». É político profissional? Ou é apenas político intermitente? Como se isso fosse fundamental para a saída da crise e para desapertarmos o cinto. Perante esta ameaça de termos mais debates marginais, que não avançam para o centro dos temas verdadeiramente importantes, chega-se a pensar que o melhor candidato seria um que recusasse a estabilidade e prometesse partir a «louça» toda para reconstruir algo de novo e moderno, mas receia-se que os cacos ficassem tão fragmentados que a reconstrução não fosse viável, nem com muitos gatos e cola. Mas isto promete que muita roupa suja venha para a rua, como já está a acontecer através da Internet.
Os portugueses não precisam de guerras de palavras, precisam de conhecer as capacidades dos candidatos para escolherem aquele que se afigurar melhor para, em colaboração com o Governo, conduzir Portugal num salto em frente em direcção ao nível dos países da Europa que conseguiram mostrar que o desenvolvimento é possível, no que é exemplo a Irlanda e outros países nórdicos.
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