(Publicada na Sábado em 15 de Julho de 2005)
O continente africano é considerado por muitos analistas da geopolítica como não tendo um raio de esperança no combate à fome e às doenças endémicas. Por isso, é agradável ouvir as intenções do G8, empurrado por Tony Blair, de apoiar os africanos na luta contra as dificuldades que os afligem. Mas, mais do que entusiasmo fácil, é necessária uma vontade verdadeira e uma perseverança férrea. Os problemas daquelas populações não se resolvem com umas toneladas de víveres, duas a três vezes por ano. O velho ditado diz que para matar a fome, em vez de dar o peixe, deve dar-se uma cana e ensinar-se a pescar. Os africanos precisam que lhes dêem ferramentas para o desenvolvimento e os ensinem a produzir, a explorar os vastos recursos de que são detentores. Devem começar procurar a auto-suficiência alimentar, depois, produzir artigos para exportação que lhes permita obter fundos para importar aquilo que necessitam. Com bons governantes (hoje é material crítico e um obstáculo) e bom apoio técnico, a África pode produzir muitos bens alimentares e trabalhar os minerais para consumo interno e para o mercado mundial. Porém, se o G8 pode apoiar esses objectivos, receio que não seja eficiente e perseverante para vencer os interesses das grandes empresas multinacionais e os países que as apoiam que não encaram de bom grado os efeitos da concorrência e usam as tarifas aduaneiras para dificultar a entrada de mais produtores no mercado. E, no caso de a produção africana aumentar, serão essas empresas a explorarem todos os benefícios advenientes, como no caso das frutas da América Central, do café, do cacau, etc.
Parece, pois, que a solução para a África é tecnicamente possível, mas praticamente difícil principalmente por falta de enquadramento político e técnico devidamente vocacionado para os benefícios da população e para convencer a opinião da finança mundial. Veja-se os casos do Zimbabwe, do Sudão, da República Democrática do Congo, de Angola, etc.
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