sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Legalidade ou imoralidade? 050721

(Enviada aos jornais em 21 de Julho de 2005)

Se a lei que proíbe a publicidade enganosa fosse aplicada aos políticos, estes estariam todos presos em consequência das mentiras, promessas e «embustes» com que pretendem sacar os nossos votos. Eles próprios, quando depois são confrontados com críticas e comparações das palavras eleitorais com a sua acção ou inacção, afirmam que aquelas valem o que valem, isto é, apenas serviram para ganhar votos. E, neste momento, somos recordados de que para fazerem a campanha enganosa e darem o primeiro passo para as regalias de nababo, as reformas milionárias e as acumulações com cargos nas empresas públicas ou autárquicas, têm um mês de férias pagas. É uma pré-regalia numa carreira de benefícios.

Dizem os jornais que esses 30 dias de férias vão ser reduzidos para 12, o que já representa um travão na imoralidade da legislação especial que favorece os políticos, que os coloca muito acima dos cidadãos e à custa do dinheiro destes. Compreender-se-ia tal benefício se estivéssemos perante pessoas patriotas e generosas que se disponibilizassem para, com o seu sacrifício, colaborarem na obtenção do bem-estar e da segurança da população, pois é esse o principal objectivo da Política. Mas a realidade tem mostrado que não é esse o objectivo dos candidatos. Os factos evidenciam que procuram prioritariamente os seus benefícios pessoais, embora camuflados, para os menos atentos, como sendo o bem público. Só assim se compreende a agressividade com que procuram vencer as eleições para ganhar o «tacho» ou não os perder, como se tem visto nos casos de Oeiras, Gondomar, Felgueiras, Marco de Canavezes e tantas outras autarquias, em que a Justiça está a acondicionar autarcas em processos de papel dourado.

Perante este panorama, que a Comunicação Social nos pinta, e apesar da redução das férias pré-eleitorais, interrogo-me se os eleitores têm alguma obrigação moral de ir votar, sabendo que os políticos de qualquer cor são iguais na prioridade dada aos benefícios pessoais que o voto lhes acarreta, perante a legalidade que eles próprios criam. Para quê dar-me ao incómodo de ir dar o meu voto? Só para alimentar vaidades e ambições de riqueza?

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