(Publicada no Destak em 14 de Outubro de 2005)
Em democracia é suposto que os governantes, escolhidos pelas suas virtudes de competência, seriedade, bom senso e dedicação ao bem público, se disponibilizam para, mesmo com prejuízo pessoal, defender o interesse nacional em que se insere a melhoria do bem-estar e da segurança dos cidadãos, e sejam um exemplo vivo a seguir por estes, um modelo a imitar. Por isso, as pessoas têm os olhos fixos nas suas acções e nas suas palavras.
Infelizmente, nessa observação atenta, facilitada pela Comunicação Social de que os políticos gostam de se servir apenas para sua propaganda, os eleitores desiludem-se e angustiam-se perante uma realidade diferente do lógico e esperado.. A falta de confiança é agravada dia a dia. Com efeito, o Poder vicia, cria dependência, e os políticos, como simples mortais que realmente são, sucumbem às suas tentações. Governar para o povo em nome do povo passou a ser um mito, demasiado virtual. É chocante presenciar o que um ministro «democrata» disse. Fez 39 reuniões «para dialogar e negociar», mas «vai cumprir todas as medidas tomadas», para o sector que tutela. Conclui-se que na verdade não eram reuniões para negociação, mas sim, para a capitulação da outra parte. Só que os juizes não capitularam e o ministro foi derrotado, apesar das suas 39 tentativas. Foi uma atitude anedótica. Na verdade, negociar significa procurar chegar a uma solução minimamente consensual para as duas partes, satisfazendo parte das propostas de cada uma. Impor a própria solução, e não querer sair dela, é uma atitude mais ditatorial do que democrática. E, assim, pergunta-se qual a racionalidade de perder tempo em 39 reuniões – mais de uma semana perdida para cada interveniente – se não havia intenção de ceder minimamente? Será que o ministro não tem nada mais útil a fazer do que ocupar tanto tempo a «brincar» às reuniões?
E a propósito, lembro-me da frase de um antigo MAI «estes não são os meus polícias»; certamente, o actual MJ já deve ter pensado, se ainda o não disse, «estes não são os meus juizes». O pronome possessivo é muito explícito da forma de pensar dos políticos que deviam servir o País, governando para o povo em nome do povo.
DELITO há dez anos
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