sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Estado fraco faz forte fraca gente. 050413

(Enviada aos jornais em 13 de Abril de 2005)

Notícias recentes dizem que as forças policiais com responsabilidades no trânsito levaram a cabo operações de fiscalização em simultâneo em vários locais do País, de que resultaram vários condutores detidos e outros coimados por infracções das regras de segurança mais essenciais. Está de parabéns o Sr Ministro da Administração Interna por esta acção conjugada visando um objectivo comum às várias forças e de capital importância para a circulação rodoviária.

Muito mais importante do que as medidas mais gravosas da actual edição do código das estradas é a intensificação deste tipo de operações. Qualquer pessoa medianamente pensante conclui que, se houvesse do antecedente uma fiscalização mais sistemática, não seriam detectados agora 150.000 veículos a circular com fuga às inspecções obrigatórias, ‘n¬1’ condutores sem carta, ‘n2’ condutores sem seguro, ‘n3’ sem terem pago o imposto autárquico de circulação, ‘n4’ carros com faróis e farolins avariados, etc.

Surgem, assim, interrogações. Para que servem as leis e o seu agravamento periódico se o seu cumprimento não é fiscalizado com regularidade? Para que serve a obrigatoriedade de colar no pára-brisas o papel do seguro, o do selo e o da inspecção, se não há quem repare que ele falta? A pouca probabilidade de o infractor ser «apanhado» e penalizado, evidencia fraqueza do Estado na actuação policial e judicial e, quando o Estado é fraco, ganham força os marginais, a fraca gente. A segurança nas estradas melhoraria se o Estado desse uma compensação a quem indicasse matrículas de carros a que faltam esses requisitos. Perante tal denúncia, a autoridade intimaria o proprietário para apresentar a documentação respectiva, este repararia a infracção e sofreria a coima adequada. Custa a compreender que o controlo dos papeis a colar nos pára-brisas, não seja feita da forma prevista pelo espírito do legislador.

Perante este panorama, assim toscamente esboçado, felicito o Sr. Ministro pela operação realizada e faço votos para que a repita muitas mais vezes em locais e datas inesperadas. Quem anda nas estradas e as suas famílias e amigos agradecem que seja aumentada a segurança das suas vidas.

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