quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Desparasitar as Universidades. 03.11.11

(Enviada aos jornais em 2003.11.11)

Algo está errado no ensino superior do nosso país. Os estudantes não cessam a sua luta pela abolição das propinas. Porém, apesar da publicitação de reivindicações, fica-se na dúvida sobre qual o maior mal de que as universidades padecem. Será o curriculum dos cursos? ou a validade dos diplomas concedidos? ou a competência dos professores? Etc. etc. Certamente, muito haverá que rever e adaptar nos objectivos dos cursos com vista ao desenvolvimento da ciência e da tecnologia nacional.

Mas o grande problema em discussão é, neste momento, o das propinas. Um amigo meu, com apurado sentido pragmático e realista, mas discreto, diz que tudo ficaria resolvido, para bem do país, da ciência, da tecnologia e da aplicação dos conhecimentos adquiridos se fossem colocadas em prática duas condições: o acesso às universidades públicas seria gratuito, ou com propinas reduzidas, e apenas condicionado pela capacidade demonstrada nas classificações do ensino secundário e num exame de acesso; depois, após uma reprovação as propinas seriam de dois ou três mil euros anuais para a primeira repetição, valor que duplicaria para a repetição seguinte e assim sucessivamente. Haveria, assim, um prémio para a capacidade, a competência e a dedicação ao estudo e seriam eliminados aqueles que não se dedicam ao estudo ou que, dedicando-se, não possuem capacidade para aprender, aqueles que fazem da condição de estudante uma «profissão» e que procuram um pretexto para não passarem ao exercício activo de uma profissão produtiva.

Segundo esta opinião, seria levada a cabo a desparasitação das universidades com alívio do erário público. Certamente deixaria de se ver idosos «duces veteranoruns», e veteranos dirigentes de associações e organizadores de manifestações. Os nossos impostos deixariam de financiar ociosos utilizadores da «capa e batina».

Enfim, é a opinião deste meu amigo, que poderá não estar só, e que com alguns ajustamentos talvez mereça ser devidamente ponderada e discutida em negociações entre as partes agora em conflito.

Sem comentários: