quinta-feira, 13 de agosto de 2009

A Democracia está em perigo? 040723

(Publicada no «Independente» de 23 de Julho de 2004, pág. 47)

Fiquei «atordoado» quando vi e ouvi na TV uma dirigente socialista dizer que a Democracia está em perigo e que ela está disponível para ir defendê-la na rua. Parece ser um caso de amadurecimento tardio, pois as reminiscências do PREC fazem-na reviver os anos de setenta. E o que é mais grave é que estas palavras surgiram no meio de acusações graves e irreverentes à figura do Sr. Presidente da República, apenas porque o Sr. Dr. Jorge Sampaio não se subordinou às pressões que o PS exerceu sobre ele. Ela disse que quando votou nele não esperava que ele decidisse com sentido e Estado, liberdade e isenção, mas sim de acordo com os interesses do partido. Isto é incrível e antidemocrático. Com esta e outras atitudes de vários políticos, concluímos que é um facto que a Democracia está em perigo.

Mas, felizmente, nem todos os socialistas libertaram os seus sentimentos autocratas e ditatoriais. Recordo as palavras proferidas pelo Presidente do Governo dos Açores, aconselhando calma aos seus confrades nacionais. Segundo ele, há que respeitar o PR e não macular a sua imagem pois é o socialista no cargo de maior preponderância nacional. O PR decidiu em conformidade com as alternativas conferidas pela Constituição e, sem dúvida, pensando que a modalidade escolhida seria a melhor para o país.

É lamentável, embora comece a ser vulgar, ver os políticos a sobreporem aos interesses nacionais, os do seu partido e os seus próprios. E se é verdade que Durão Barroso abandonou o seu cargo, também o é o abandono do secretário-geral do principal partido da oposição e, neste caso, sem razões válidas e prestigiosas, só porque o PR não se subordinou obedientemente às pressões do seu partido.

A continuarem assim com reacções histéricas, demasiado emotivas, com falta de civismo político e sem sentido de Estado, os políticos deixam de merecer a confiança dos eleitores bem pensantes e, depois, não se admirem de a abstenção aumentar desmesuradamente.

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