quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Contactar a natureza. 030717

(Publicado no «Diário de Notícias, 17 de Julho de 2003)

Na sexta-feira, dia 11, ouvi numa conceituada rádio de cobertura nacional, a notícia de que, na noite de lua cheia, iam efectuar-se na Serra da Malcata, entre os castelos de Sabugal e Penamacor passeios a pé e de bicicleta para mais íntimo contacto com o património natural da região. Dirijo aos promotores destas actividades as mais sinceras felicitações pela iniciativa.

Numa época do ano em que os fogos florestais são um terrível flagelo, são louváveis todos os esforços para os prevenir. É indiscutível que só se defende aquilo de que verdadeiramente se gosta e só se gosta daquilo que se conhece. É, pois, necessário conhecer a floresta e as riquezas que ela contém para que se esteja propenso a defendê-la das mais torpes agressões.

Seria óptimo que todos os concelhos organizassem actividades desportivas e culturais que levassem as populações mais jovens ao contacto com o património natural, fauna e flora. Há poucas décadas, a floresta era naturalmente vigiada pelas populações rurais que dela tiravam produtos úteis: lenha (para a cozinha e para o forno do pão), estacas para apoio das videiras dos feijões, das ervilhas, cama para o gado, etc. Hoje, fruto da evolução tecnológica, as populações tornaram-se mais urbanas, usam novas fontes de energia, electrodomésticos e fazem pouca agricultura, pelo que a floresta está abandonada, é desconhecida e fica à mercê de mãos criminosas ou de atitudes descuidadas.

A notícia atrás referida faz-me lembrar as iniciativas do motoclube de Alcains, e actuação coordenada pelas autoridades e pela população de Mortágua, vindas a público em Agosto de 2002 de que resulta não terem sofrido incêndios florestais. As iniciativas deste género são mais proveitosas para a prevenção de fogos florestais do que os milhares do erário público gastos pela CNEF (comissão nacional de combate aos fogos florestais) nas últimas décadas.

Os exemplos práticos são a forma mais eficaz de mentalizar as populações. Gostaria de ver multiplicarem-se iniciativas semelhantes a estas.

Sem comentários: