quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Analfabetismo e esperança de vida. 030716

(Publicado no «Público», 16 de Julho de 2003)

Num mundo que avança a uma velocidade estonteante (analisemos os avanços da tecnologia ocorridos na última década), não se pode perder muito tempo a olhar para trás; só o necessário para melhor fixar a rota para a frente.

Há dias, num programa televisivo de opinião, a propósito das estatísticas da ONU então publicado, o convidado do programa salientou dois pontos fracos do nosso país que merecem reflexão: o baixo grau de literacia da população e a fraca evolução da esperança de vida, nomeadamente a enorme diferença entre a masculina e a feminina.

São dois pontos que estão intimamente relacionados. Por um lado, a iliteracia, com a consequente carência de educação cívica e de conhecimentos gerais, traz justificação para quase tudo, desde a baixa produtividade das actividades económicas aos comportamentos menos positivos, que acabam por, de certo modo, condicionar a esperança de vida.

Quanto à grande diferença entre a esperança de vida M e a F, cerca de sete anos, talvez a maior do mundo, ela evidencia um comportamento de risco da população masculina. Parece que somos uma sociedade de inconscientes que se consideram valentões e heróis, usando de notória imprudência na estrada, nas obras, nas praias, no abuso de bebidas alcoólicas, de droga, de alimentação pouco saudável, etc. Morremos como tordos desnecessariamente por falta de precaução, de prevenção, de bom senso. Isto é também consequência da falta de literacia e, fundamentalmente, de educação cívica.

Eliminando os comportamentos de risco, a população em geral passará a viver mais anos, com melhor saúde, com mais felicidade e sentimento de segurança.

Não é tarefa fácil nem rápida. Por isso exige a colaboração de todos, com persistência, com perseverança. Aqui fica o meu pequeno tijolo para esta tão grande obra.

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