(Publicada no Destak em 6 de Setembro de 2005)
Posso ser criticado por me interessar pelas análises conceptuais e não gostar de apontar o dedo a factos concretos que preocupam os leitores. Mas considero que não devemos ficar restringidos à árvore e ignorar a floresta, porque os factos reais são melhor compreendidos quando os inserimos em ambiente mais abrangente que permite comparações no âmbito de ideologias e estratégias. Vem isto a propósito de o ministro da Defesa defender que os candidatos à GNR devem ter prestado o serviço militar. É uma atitude que, por um lado merece aplausos, mas, por outro lado, causa profunda estranheza neste País gerido ao sabor de caprichos momentâneos e ocasionais de políticos «iluminados» que passam o tempo a fazer e a desfazer e a discutir aquilo que já está demasiado gasto por excessivas e intermináveis discussões que apenas servem para evidenciar falta de capacidade para decidir.
O serviço militar obrigatório (SMO) era defendido por contribuir para a formação cívica dos cidadãos masculinos desenvolvendo o espírito de equipa que compreendia a disciplina, a organização, o método de estudo e preparação da decisão, o planeamento e a responsabilização pelo cumprimento da missão. Se colocarmos o actual ministro no conjunto destes defensores do SMO, talvez o compreendamos. Mas os políticos (sabiamente iluminados!) acabaram com o SMO, menosprezando as suas vantagens para a sociedade em geral, à semelhança daquilo que tinham feito com o ensino técnico, sobre o qual se ouvem muitos lamentos. Ora, se acabaram com o SMO, para que o querem agora exigir aos futuros agentes da autoridade? Coisa sem senso nem racionalidade porque os agentes da GNR, de qualquer posto, frequentam cursos de formação que nada ficam a dever às escolas de recruta do Exército, sendo apenas questão de passarem a ser ensinados com mais pormenor os temas básicos que já saberiam se viessem do Exército.
Esta controvérsia entre a Defesa e a Administração Interna é mais um aspecto das contradições dos políticos que nos governam que mostra a sua falta de definição de ideologia e de estratégia, da sua anárquica navegação à vista, em ziguezague com sucessivas alterações de rumo de 180 graus. Isto recorda que em Mirandela, uma vereadora ousou retirar das paredes da sede do município duas obras de arte adquiridas por um seu sucessor com dinheiro do povo, só porque não gostou do estilo do pintor. As indefinições e contradições são vulgares a todos os níveis!
Desta forma, não poderão levar o País a bom porto.
Lápis L-Azuli
Há 36 minutos
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