(Publicada no Público em 29 de Novembro d 2005, p. 5)
Apesar de o voto ser secreto, confesso com toda a sinceridade que não sei em que candidato votar. Impressionam-me as colagens dos «políticos profissionais» às decisões dos líderes dos seus partidos e que, tendo em data recente afirmado publicamente o seu preço por um camarada, obedecem agora servilmente ao líder e nem pestanejam ao evidenciarem a sua própria incoerência e volubilidade. É certo que o ser humano, dotado de inteligência, deve mudar, adaptando-se às circunstâncias por forma a melhor seguir os ditames dos seus valores e princípios. Mas, segundo as aparências, não são valores éticos ou doutrinários que estão em causa, mas apenas a defesa de interesses pessoais e egoístas de colagem ao poder e de salvaguarda de futuras recompensas em mordomias e cargos bem remunerados. Democracia, republica, laicismo, são apenas «chavões» bem sonantes para ofuscar os mais incautos. Para mais, o candidato diz pretender unir a família do seu partido, mas não diz preocupar-se em unir a família lusitana, sendo o Presidente de todos os portugueses.
Onde está a liberdade de opinião, de expressão e de voto? De que forma podemos avaliar a inteligência e o livre arbítrio desses profissionais seguidistas que não ousam ser eles próprios e discordar do autoritarismo do chefe? Felizmente, ainda há pessoas que agem por si e não receiam apoiar Manuel Alegre. Da mesma forma, também haverá quem vote em Francisco Louçã na esperança de ele contribuir para abanar esta sociedade adormecida, fazer cair a fruta podre, para depois se proceder a uma reconstrução com alicerces sólidos. E, como as sondagens mostram, não faltarão votos a Cavaco para obter o resultado que deseja.
Ainda a pré-campanha vai no adro e já existem muitos pontos a merecerem séria reflexão sobre a situação anómala da nossa sociedade e sobre as pessoas que nos entram em casa pelo pequeno ecrã. É pena que grande parte dos eleitores se dispensem de pensar e se limitem a seguir a voz do dono.
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