quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Quais as causas

Constata-se, na generalidade dos meios da comunicação social, principalmente naqueles que têm uma orientação mais esquerdista, um acentuado pavor pelos avanços da extrema-direita nos vários países da União Europeia. Lêem-se afirmações pouco respeitadoras das normas da democracia, ofensivas dos eleitores que votaram nesses partidos extremistas ou mesmo radicais.

Nada se resolve pelo método das ofensas aos eleitores que usam o seu direito de votar em conformidade com os seus sentimentos, a informação de que dispõem e a esperança de verem resolvidas as suas necessidades e satisfeitos os interesses que consideram legítimos.

Qual então o caminho que os políticos do «centrão» devem seguir para evitar esses resultados eleitorais que não se enquadram na curva de Gauss, que se dispersam para as franjas do leque político? Em primeiro lugar, é indispensável estudar o fenómeno, as suas causas, os factores que o condicionam e, depois de feito um diagnóstico realista, isento e correcto, optar pelas medidas mais adequadas para remediar o que está mal, o que leva a essa distribuição anómala dos votos em todo o leque.

Fenómeno semelhante se passa na reacção aos actos de terrorismo. Depois do 11 de Setembro, com os brutais atentados contra significativos símbolos do poder americano, surgiram ódios, carimbos de maus e bons, projectos de vingança e retaliação. Mas não foram abundantes os sinais evidentes de bom senso no sentido de analisar as causas do terrorismo. Há uma série de perguntas a que convém dar resposta. O que leva um povo a sacrificar vidas por uma causa? Qual é a causa tão forte que leva pessoas a sacrificarem a própria vida num acto de terrorismo suicida? Porque é que metade da população mundial vive com rendimentos iguais aos de um pequeno número de famílias privilegiadas? Porque é que em países com abundantes recursos naturais e um PIB per capita elevado, a maior parte da população morre de fome? Porque é que a realidade da globalização está a despertar tanta oposição e controvérsia?

Estas e muitas outras perguntas, se bem analisadas e respondidas, talvez tragam explicações para o fenómeno terrorista e modalidades de solução para lhe pôr fim, sem necessidade de bombardeamentos. E, talvez, esse estudo, aplicado aos países onde a extrema direita está a florescer, permita também combater essa crise social, esse «terramoto» político.

Porém, os políticos vivem afastados das realidades concretas, respiram os ares virtuais do Olimpo da intelectualidade pretensiosa. Redigem leis que ninguém pensa cumprir e nada resolvem, e vão deitar-se e dormir tranquilamente convencidos que resolveram os problemas.

Veja-se os benefícios que o país retirou das despesa feitas para conservar as pegadas de dinossauros em Belas e na Pedreira do Galinha ou as figuras neolíticas de Foz Côa. Veja-se o efeito das medidas «virtuais» para reduzir a sinistralidade rodoviária, os acidentes de trabalho ou a violência urbana.

Procurem-se as causas. Empreguem-se uns minutos para descer do Olimpo virtual, analisem-se os problemas em toda a sua realidade e, se esse estudo for sério e honesto, as soluções mais adequadas virão à tona.

Sem comentários: