sábado, 15 de agosto de 2009

Prática democrática? 051026

(Publicada no Metro em 26 de Outubro de 2005, p. 7)

Por mais que medite sobre as virtualidades da democracia, não se dissipam as dificuldades em compreender aquilo que se passa no nosso País. É suposto que o voto é secreto e, logicamente, livre, dependendo apenas da vontade do eleitor que previamente se esclareceu acerca das potencialidades dos candidatos sobre os quais vai recair a escolha. Para esse esclarecimento contribuem as campanhas levadas a cabo pelos candidatos e seus apoiantes o que, no caso das presidenciais, abrange a sua isenção partidária como garantia de zelar pelos interesses de todos os portugueses, sem privilegiar uma ou outra profissão ou cor política. Isto conjuga-se com o preceito constitucional de os candidatos se apresentarem por sua iniciativa pessoal, sem serem propostos pelos partidos, como verdadeiros e autênticos independentes.

Perante estes pressupostos, é compreensível a afirmação de Manuel Alegre quando classifica de «perversão inadmissível» o comportamento do camarada José Pinto de Sousa que garante a Mário Soares «o empenhamento de todos os militantes do PS». Não é garantia, é apenas mais um «embuste», porque ninguém pode dar qualquer garantia do voto que outro vai colocar na urna. Até pode dizer que vai votar em A, mas no momento de colocar a cruz pode enfatizar um dos factores da decisão e votar no candidato B. Tal «embuste» é uma táctica de guerra psicológica com intenção de pressionar os eleitores na direcção pretendida. E será difícil conceber que um candidato, tão colado a um partido, possa dar garantias de vir a ser presidente de todos os portugueses. Pelo contrario, uma campanha honesta, independente e isenta, deveria consistir na avaliação prospectiva das capacidades de cada candidato, incluindo saúde e idade, a fim de o eleitor poder escolher qual o candidato que mais satisfaz os objectivos nacionais nos próximos cinco anos.

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