(Publicada no Público em 21 de Outubro de 2005, p. 5)
Num semanário de meados de Outubro, um ministro aparecia a defender a sua imagem, a sua honra, alegando a falsidade de uma frase que o celebrizou num governo anterior. É uma atitude positiva, porque os políticos têm que agir sem delongas no sentido de reabilitar o seu nome e imagem perante o público. Esta intervenção talvez signifique que está ultrapassada a época em que os políticos tudo faziam para aparecer nos media, mesmo que fosse por razões pouco lisonjeiras. «É preferível aparecer como alvo de calúnias e mentiras ou exagero de gafes, do que não ser visto nem falado».
Os políticos necessitam de defender a sua imagem, porém não apenas no sentido cénico ou cosmético, mas principalmente através de decisões positivas, com muito bom senso, de actos que evidenciem que estão conscientes de que a essência dos seus cargos é servir os cidadãos, defender os interesses e os objectivos nacionais, governar pelo povo e para o povo, reduzir a burocracia, tornando os procedimentos mais simples, rápidos e eficazes e com menores custos para o erário.
Houve um secretário de Estado no MAI que considerava serem os idosos os principais causadores da sinistralidade rodoviária, havendo que tornar mais rigorosa e difícil a sua renovação da carta de condução. No entanto, hoje, sabe-se que os principais causadores de acidentes situam-se entre os 20 e os 30 anos. Também, um indivíduo bem colocado na sociedade atropelou mortalmente um peão numa passadeira, não lhe foi retirada a carta, nem foi preso pelo homicídio, e poucos meses depois repetiu semelhante crime na mesma passadeira. Em Serpa, foi detectado num acidente um condutor com um grau recorde de alcoolemia e não foi impedido de continuar a conduzir e a provocar acidentes, apenas lhe sendo retirada a carta alguns meses depois.
Parece incontroverso que a boa imagem dos governantes passa pelo bom senso nas decisões e afirmações e pela forma como gerem os serviços por si tutelados. E um desses serviços, que é fundamental na sociedade, é o da Justiça, do funcionamento dos tribunais, hoje tão mal vistos pela população. Ficamos à espera de que os governantes defendam a sua imagem e a dos serviços públicos que devem funcionar no sentido de garantir o bem-estar e a segurança dos cidadãos.
DELITO há dez anos
Há 1 hora
Sem comentários:
Enviar um comentário